spoiler visualizarJu.Inácio 29/07/2020
Estrelas Tortas
Essa obra nacional do Walcyr Carrasco relata a história de uma família, inicialmente sendo narrada pelo filho mais novo, Gui que logo de cara relata que sua irmã mais velha, Marcella, sofreu um acidente de carro com a mãe e ficou paraplégica. Gui acha aquilo um absurdo assim como todos, como logo Marcella uma jovem tão atlética e ativa iria ficar presa a uma cadeira de rodas para sempre?
O livro aborda pontos de vista diferentes a cada capítulo, onde podemos ver a posição de uma amiga de Marcella que estava brigada com ela, mas com a notícia da tragédia acabou indo visitá-la e ali as duas se acertaram, Mariana mostrou-se uma ótima amiga e muito paciente. Bira, um rapaz que Marcella gostava, mostrou-se um grande insensível com a situação da garota, mas o ponto de vista de um adolescente desapegado mostra que a reação dele acaba sendo comum a muitas outras pessoas que se encontrassem na mesma situação. A mãe de Marcella, Aída, ressentia uma culpa enorme. Ela e o marido Bruno não eram ricos e, em comparação aos pais dos amigos da filha, eles tinham muito menos, mas que era conquistado com muito esforço e trabalho duro. Aída culpou-se por muito tempo pela situação de sua filha já que era ela quem dirigia o carro no entanto seu marido fora mais racional e fez com que utilizassem o que tinham para comprar uma van e combinaram de esforçar-se ao máximo para pagar a fisioterapia da filha e uma cadeira de rodas. A mãe de Aída foi uma peça importante na história também, veio assim que soube para poder ajudar com Marcella, além de ser uma ótima aliada mais para o final da história. Peça fundamental fora Gui. Walcyr soube como mostrar o ponto de vista de um jovem que vê a vida sendo mudada, que vê a mudança brusca na irmã, além de fisicamente, na personalidade também. Era Gui quem ajudava a avó a levar Marcella ao banheiro, a trocá-la, estava sempre levando e buscando coisas que a irmã pedia e, em muitas vezes, aborrecia-se com isso, mas nunca chegou a explodir ou deixar de ajuda-lá e isso é algo lindo porque mostra a humanidade dele em cansar-se, em acha-lá chata, mas não abandonar nunca sua irmã que sempre fora tão protetora com ele.
Marcella aos poucos vai adaptando-se a nova rotina, assim como seus pais, o irmão e a avó. Ela frequenta a fisioterapia e faz bons avanços, sua vontade de se erguer não a impedem de voltar a tentar quando cai, até mesmo supera Bira. Em certo momento, depois que a garota volta para a escola e vai seguindo a vida ocorre um bailinho de arrecadação em que a mãe era contra que a filha participasse, mas com intervenção do pai ela pode ir com Mariana e Gui. No baile algo aconteceu, um rapaz que não era da escola, Emílio, foi chamar Marcella para dançar sem saber que ela era cadeirante e a puxou fazendo com que ela caísse na frente de todos.
Depois disso, Emílio não parou de pensar em Marcella e foi atrás dela, os dois começaram a trocar cartas e a se gostar, os pais dela foram extremamente contra e passaram a proibir várias coisas: Marcella havia conseguido ir e voltar para da escola sozinha, tinha mais liberdade para se locomover. Mas os pais haviam feito uma decisão severa. Quem ajudou muito foi Gilda, a avó passou a permitir que Emílio e Mariana fossem visitar a casa deles e logo começaram a aparecer mais amigos que até se revesavam para levar Marcella até a fisioterapia, dando assim algumas horas de lazer e descanso para Gui, além de que o pai dela havia instalado algumas barras na garagem, onde eles ficavam (pintaram uma parede e até colaram alguns posters, alguns deles tocavam instrumentos e vez ou outra estavam fazendo um som ali) motivando-a ainda mais, já que ela treinava os passos enquanto os amigos tocavam incentivando-a.
Até que os pais descobriram e de imediato culparam a avó e proibiram aquela baderna, e é aqui que temos o penúltimo capítulo, narrado por Marcella, que discursa sobre como aqueles momentos com seus amigos, como a independência de poder ir e voltar da escola sozinha a faziam enxergar um futuro melhor para si e não um futuro onde ela teria que ficar presa a uma cama para sempre. E foi ali que partimos para o último capítulo em que Gui faz uma reflexão e conclusão final de tudo, observando as estrelas do céu pela janela da sala, e cita:
" Que a gente é como um pedaço da noite.
De longe, estrelas perfeitas.
De perto, estrelas tortas!"
Esse livro nos faz ter uma reflexão boa de como agiríamos em uma situação dessas, sobre como é fácil gritar para ter empatia, mas é difícil lembrar que na prática nem tudo são rosas, nos mostra as várias facetas de diversas pessoas e como lidam, cada uma do seu jeito, coma s adversidades. Nos faz ter consciência de que empatia é bom, mas que cada um só pode oferecer o que tem e o que é.