Bruno Freitas 16/08/2017
A nona configuração – William Peter Blatty
Não julgue o livro pela capa – e muito menos pelo nome do autor!
Nas últimas semanas, ao selecionar um dos livros da minha pilha de obras que ainda precisam ser lidas, optei – pela segunda vez – por acompanhar uma história escrita por um autor que é conhecido e consagrado mundialmente. Desta vez, William Peter Blatty.
Contudo, como aconteceu com Corrida pela herança, de Sidney Sheldon, a leitura de A nona configuração não foi uma das minhas melhores experiências literárias em 2017, para não dizer apenas que foi algo realmente catastrófico.
O romance conta a história de um médico psiquiatra, Coronel Kane, que é encarregado de cuidar de ex-combatentes internados em um manicômio, onde antigamente era uma macabra mansão gótica. Em meio à “loucura” que impera no lugar, Kane passa a questionar sua fé, a ponto de ele não saber mais o limite entre o real e o falso, a sanidade e o delírio. Esse trecho faz parte da sinopse do romance, que traz ainda em suas últimas frases a seguinte informação: “nesta narrativa tensa e violenta, o suspense e o terror psicológico imperam. Nada é o que parece ser e o final reserva grandes surpresas”.
Porém, o que mais me decepcionou foi que eu não vi nada disso no livro e talvez esse seja o maior problema de A nona configuração. A sinopse da obra prometia uma grande história e cheia de emoções, mas o leitor poderá não encontrar nenhum desses elementos no enredo e, assim como eu, terminar a leitura bastante decepcionado com a narrativa. Então talvez o maior problema de fato nem seja a história do livro em si, e sim a expectativa criada pelo leitor ao ler a sinopse.
Além disso, a construção dos personagens é cômica e o diálogo entre eles é um tanto quanto teatral. Mas o desastre não acaba por aí… os internos do tal manicômio sofrem de diversos tipos de loucura, que não são bem explicadas, deixando o leitor perturbado e confuso ao acompanhar a história.
Por muitas vezes, eu perdi o fio da meada sobre os argumentos apresentados pelo autor e nada me convencia. O livro, apesar de ser curto, é bem cansativo e não é uma leitura empolgante… e olha que é um gênero que eu tenho bastante afeição.
E é preciso deixar registrado que o autor não poupa a blasfêmia nas páginas do livro, contudo, nem o uso desse artifício apresenta uma justifica plausível para que fosse utilizado no decorrer da obra.
No meio do livro, a história da uma reviravolta que poderia ajudar a salvar o enredo, mas não é isso que acontece. Mais uma vez o autor apresenta argumentos bizarros e nada convincentes! O que me ocorreu, na verdade, foi que devido a essa mudança repentina dos fatos apresentados, tive que reler alguns capítulos para conseguir entender a lógica do autor.
Por fim, o desfecho de A nona configuração não é nada surpreendente, sendo que o livro acaba tão ruim quanto começou. O único ponto positivo da obra é que o livro é bem curto, tendo pouco mais de 150 páginas. Assim, se o leitor achar a história bizarra, o fato de que ela não durará muito pode ser encarada como um alívio.
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