spoiler visualizarAugusto 21/01/2022
Uma aventura intensa e misteriosa em Washington D.C.
Esse não é uma resenha. É apenas um resumo para me lembrar depois.
Eu escolho “O Símbolo Perdido” porque já faz sete anos que não leio nada de Dan Brown. Nas experiências anteriores com os livros dele sempre me espantei com a facilidade como ele nos envolve e estimula. Brown parece ter um talento natural para criar histórias com enredos ricos e ritmo alucinante. Seus thrillers são sempre um misto gostoso de segredos e mistérios com ação e romance policial de tirar o fôlego. Lendo seus livros estamos continuamente curiosos e tensos.
Não é diferente com “O Símbolo Perdido”. Aqui temos novamente como protagonista o professor Robert Langdon, que leciona iconografia religiosa e simbologia na prestigiada Universidade de Harvard. Além de perito em símbolos, vemos que o professor tem um vastíssimo conhecimento em história, literatura histórica e algumas ciências, e exibe tudo isso mais uma vez durante o livro. O que vemos também novamente é o relógio infantil do Mickey Mouse, que nosso protagonista usa para se lembrar de ter calma e levar a vida menos a sério.
A ambientação é um dos pontos altos do livro. A história se passa em Washington D.C., no seio dos Estados Unidos da América. Obviamente que a capital americana não tem o mesmo glamour ou desperta o mesmo fascínio que Paris ou a cidade do Vaticano, onde se passam as obras anteriores da série de Robert Langdon. Mas não deixa de ser interessante. É encantador descobrir os fatos sobre a fundação da cidade, seus fundadores e conhecer uma das mais belas arquiteturas do mundo: o Capitólio, a Catedral Nacional de Washington e o Monumento a Washington, por exemplo. Além disso, é especial visitar, através das palavras de Dan Brown, a incrível Biblioteca do Congresso, a maior biblioteca do mundo tanto em espaço de armazenagem como em número de livros.
Por fim, devo dizer que se torna mais fácil para mim me habituar aos cenários, pois Washington D.C. me é um pouco familiar por conta das muitas visitas que fiz através de filmes como “Em Busca do Tesouro Perdido” e “Invasão à Casa Branca”, ou em séries como “Designated Survivor” e “House of Cards”. Ainda assim, ganha uma nova graça, um novo significado, depois das explicações detalhadas feitas nesse livro acerca de sua história e lugares e, com isso, começo a pensar que seria bacana visitar essa cidade pessoalmente algum dia.
A história começa com a cena em que o nosso vilão Mal’akh está ascendendo ao grau 33, o mais alto escalão da mais antiga irmandade ainda ativa no mundo: a Maçonaria. Essa ascensão acontece em um ritual obscuro, testemunhado por alguns dos homens mais influentes dos Estados Unidos. Mal’akh encontrava-se ajoelhado, na Sala do Templo, diante do Venerável Mestre Peter Solomon, segurando um crânio humano. Dentro daquele curioso objeto, que servia agora como recipiente, estava o vinho que ratificaria o ritual que se seguiria. O vilão juraria sua inteira lealdade à irmandade afirmando que desejaria que o líquido que beberia a posteriori se tornasse em um veneno mortal para ele caso suas intenções não fossem as mais puras e seu desejo fosse de em qualquer momento descumprir seu juramento de forma consciente ou voluntária.
A Maçonaria é descrita no livro não como uma sociedade secreta e sim como uma sociedade com segredos. Afinal de contas, como uma organização secreta publicaria os horários das suas reuniões no jornal? Por qual motivo os edifícios maçônicos possuem indicações claras de que são maçônicos? Também é descrito que um dos requisitos para participar da sociedade é acreditar em uma força superior, sem que haja nenhuma definição específica ou nomenclatura. Em vez de identidades teológicas definitivas como Deus, Alá, Buda ou Jesus, os maçons usam termos mais genéricos como Ser Supremo ou Grande Arquiteto do Universo. Isso possibilita a união de maçons de crenças diferentes. A Maçonaria está aberta a homens de todas as raças, cores e credos, e proporciona uma fraternidade espiritual que não faz qualquer tipo de discriminação. A exceção, de modo óbvio, fica por conta de a irmandade não incluir mulheres.
A irmandade também é apresentada por Dan Brown como uma das organizações mais injustamente demonizadas e mal compreendidas do mundo. Regularmente acusados de todo tipo de coisa, de culto ao demônio até conspiração para formar um governo único mundial, as opiniões sobre os maçons modernos iam de um bando de velhotes inofensivos que gostavam de se fantasiar até um conluio secreto de figurões que controlava o mundo. O livro também observa que, muito provavelmente, a verdade sobre a real influência da irmandade e de seus membros estaria em algum lugar entre essas duas concepções.
Ainda sobre a Maçonaria, Brown descreve que seria uma organização fraterna, cuja doutrina se baseia em um sistema de moralidade, e nos conceitos de honestidade e integridade. Os seus integrantes estariam, consequentemente, entre os homens mais dignos de confiança. Além disso, é importante observar que a irmandade tem por característica o fato de estar envolta em alegorias (representações de pensamentos, sentimentos e ideias sob forma figurada) e ilustrada por símbolos (a exemplo do ‘Olho Que Tudo Vê’ e da ‘Pirâmide Inacabada’).
Ademais, ele cita que os ritos e graus da fraternidade formavam uma hierarquia complexa. Havia círculos dentro de círculos, irmandades dentro de irmandades. Nos Estados Unidos haveria o Supremo Conselho do Grau 33, a instituição que governa o chamado ‘Rito Escocês’ (uma das ramificações do rito maçônico) em terras americanas, que, por sua vez, era comandada pelo Venerável Mestre Supremo. Por fim, Dan Brown salienta que sempre houve especulações conspiratórias segundo as quais uns poucos escolhidos dentro do mais alto escalão da Maçonaria seriam apresentados a algum grande segredo místico. É a busca da revelação desse segredo por parte de Mal’akh, nosso vilão, que inicia a série de episódios responsáveis por levar o professor Langdon para Washington D.C.
O nosso protagonista está em Harvard, Cambridge, estado de Massachusetts, ao que recebe uma ligação quando o dia ainda mal nasceu. O suposto assistente do seu mentor e amigo Peter Solomon (o Mestre Supremo) informa a ele que naquela noite, como é costume de todos os anos, o conselho dos Museus Smithsonian, organizaria um evento de gala para agradecer aos seus mais generosos patrocinadores. Esse evento aconteceria no Salão Nacional das Estátuas do Capitólio, em Washington, e teria, antes do jantar comemorativo, um discurso de abertura. Acontece, porém, que o palestrante que faria a palestra adoeceu e, portanto, não poderia comparecer e, assim, o assistente informa que Peter Solomon precisaria de Robert Langdon para fazer aquele discurso.
O ponto é que é essa ligação é uma grande farsa. Descobrimos depois que Mal’akh que ligou para o professor. Quando Langdon chega ao local da palestra encontra o salão apenas com os cotidianos turistas e, mais tarde, se depara com a mão decepada de Peter Solomon. Além disso, não bastasse essa cena excêntrica, ainda percebe que as pontas dos dedos estão tatuadas com símbolos, como se fosse uma pista: elas indicavam a sala SBB13, que, por sua vez, seria uma espécie de depósito particular localizado nas entranhas do Capitólio.
A esta altura o Escritório de Segurança da CIA já estava envolvido no episódio. Inoue Sato, a diretora, chega ao local em que está Langdon, e declara que aquele caso representava uma ameaça a segurança nacional dos Estados Unidos. Aqui começamos a desconfiar das reais intenções de Sato, pois ela não explica nada sobre como tem tantas informações acerca dos acontecimentos daquela noite e, a todo o momento, sempre fala em cooperar com Mal’akh, alegando que tal cooperação ao vilão seria a única forma de evitar que algo muito grave acontecesse ao país. Em algum momento sequer se percebe qualquer preocupação de Sato com o bem-estar ou com a verdadeira localização de Peter Solomon, notadamente um homem poderoso em perigo de morte.
Abro alguns parênteses agora para descrever personagens importantes:
Além de ser Venerável Mestre do Supremo Conselho do Grau 33, Peter Solomon era também filantropo, historiador e cientista. Apesar de ser de influente dinastia familiar, de possuir imensa fortuna e poder, era um homem bondoso, humilde e caloroso, bem como cortês e de boas maneiras. Ele também é, e talvez isso seja óbvio por ser membro e pela posição que ocupa na maçonaria, apresentado no livro como um homem ligado a assuntos esotéricos e repleto de segredos.
Sua irmã caçula Katherine Solomon era também o único membro vivo da família. Ela é dona de uma elegância esguia, aristocrática, e sendo muito focada e determinada, jamais se casou ou teve filhos. Katherine é cientista e dedicou os mais recentes anos de sua vida integralmente a uma disciplina recente e inovadora chamada ‘ciência noética’. Essa matéria era praticamente desconhecida, mas nos últimos anos ganhou notoriedade e, graças a dois livros publicados sobre essa nova seção da ciência, Katherine se tornou sua maior expoente.
Inoue Sato, além do que já foi dito, ocupava há mais de uma década um dos cargos mais secretos e poderosos do serviço de inteligência norte-americano. É descrita como de um patriotismo incondicional, um inimigo aterrorizante para qualquer oponente e uma tempestade violenta em forma de mulher. Além disso, ainda é falado que seu QI era muito acima da média e seus instintos tinham uma precisão assustadora. Por fim, que Inoue Sato parecia indestrutível.
Warren Bellamy era o Arquiteto do Capitólio. Isso significa que ele era o diretor da agência responsável pela manutenção, organização e preservação de todo o Complexo do Capitólio dos Estados Unidos, e já fazia vinte e cinco anos que ocupava esse cargo. Ele é descrito como ágil e esbelto, com uma postura ereta e um olhar penetrante que exalavam segurança. Ele também era um graduado do Grau 33, bem como grande amigo e confidente de Peter Solomon.
Aqui eu devo dizer que, como os livros anteriores de Dan Brown sempre tem algum tipo de traição, ou de pessoa aparentemente de boas motivações, mas que na verdade era o grande vilão, fiquei tentado a acreditar que Inoue Sato ou Warren Bellamy teriam algum tipo de motivação obscura e que em algum momento trairiam Langdon. Aliás, por um breve momento até pensei que o próprio Peter Solomon poderia ser o chefe e que Mal’akh fosse apenas seu criado.
Nenhuma dessas suspeitas se confirmou.
Sobre a Ciência Noética é dito que sua ideologia básica é o potencial ainda não explorado da mente humana. A tese geral era simples: nós não chegamos nem perto de usar todo o potencial de nossas mentes e nossos espíritos. Experiências conduzidas em instalações como o Instituto de Ciências Noéticas (ICN) da Califórnia e o Laboratório de Pesquisas de Anomalias da Engenharia (LPAE) de Princeton haviam provado categoricamente que o pensamento humano, quando adequadamente direcionado, tem a capacidade de afetar e modificar a massa física. Essas experiências não eram truques de salão do tipo “entortar colheres”, mas sim investigações altamente controladas que produziam todas o mesmo resultado extraordinário: nossos pensamentos de fato interagem com o mundo físico, quer saibamos disso ou não, dando origem a mudanças que abrangem até o domínio subatômico. Ou seja? A mente domina a matéria.
No entanto, o aspecto mais surpreendente do trabalho de Katherine tinha sido a descoberta de que a capacidade da mente de afetar o mundo físico pode ser aumentada por meio da prática. Como na meditação, controlar o verdadeiro poder do “pensamento” exige treinamento. Mais importante ainda: algumas pessoas nasceriam com mais aptidão para fazer isso do que outras. E, ao longo da história, alguns poucos indivíduos se tornaram verdadeiros mestres.
Esse é o elo perdido entre a ciência moderna e o misticismo antigo.
A chave para o nosso futuro científico estaria escondida em nosso passado. O conhecimento científico dos antigos era impressionante. Só agora é que a física moderna está começando a compreender tudo o que eles diziam. Os seres humanos estão no limiar de uma nova era em que vão começar a prestar novamente atenção na natureza e nos antigos costumes, nas ideias contidas em livros e textos antigos do mundo todo. Toda verdade poderosa tem sua própria força da gravidade e, mais cedo ou mais tarde, as pessoas acabam atraídas por ela. Vai chegar o momento em que a ciência moderna começará a estudar a sério o conhecimento dos antigos, e esse será o dia em que a humanidade encontrará respostas para as grandes questões que ainda não compreende.
A ciência atual não estava fazendo “descobertas”, mas sim “redescobertas”. Era como se a humanidade um dia tivesse compreendido a verdadeira natureza do Universo, mas a houvesse deixado escapar e cair no esquecimento.
E vamos a pontos importantes do livro:
Alguns anos antes dos acontecimentos que envolveram o corte da mão de Peter, sua mãe foi assassinada na residência da família por Mal’akh. O vilão invade a casa dos Solomon em busca de uma espécie de pirâmide que seria o mapa para revelar o grande segredo escondido dos maçons. Ele se apresenta como o assassino de Zachary Solomon, o filho de Peter, e diz a todos ali que Zachary havia lhe contado tudo o que sabia acerca da pirâmide e que também sabia que Peter seria o guardião dela. Ao que Peter alega desconhecer tudo aquilo.
Isabel Solomon, a mãe de Peter, que estava cozinhando, percebe a discussão entre Peter, Katherine e Mal’akh, e, equipada de uma espingarda de caça, chega ao local, atira no vilão, ao que é também atingida por ele e morta.
Ferido gravemente por Isabel, Mal’akh deixa sua pistola cair e, ao perceber o desenrolar da cena, começa uma corrida para escapar do local. Peter pega a pistola e começa uma perseguição ao vilão que leva até a ponta de um penhasco. Frente a frente com o assassino de sua mãe e de seu filho, Peter atira em Mal’akh e o vê cair do penhasco em direção a um rio parcialmente congelado. Peter dá Mal’akh como morto. Acontece, porém, que o vilão sobrevive.
Aqui também conhecemos a grande dor de Peter Solomon.
Zachary Solomon tinha se tornado um adolescente rebelde e zangado. Apesar de criado com muito amor em um ambiente de muitos privilégios, o rapaz parecia decidido a romper com o “sistema” da família Solomon. Foi expulso da escola de ensino médio, vivia na farra com os ricos e famosos e desdenhava as tentativas inexauríveis dos pais de orientá-lo de maneira firme, porém carinhosa.
Pouco antes do décimo oitavo aniversário de Zachary, Katherine havia se reunido com a mãe e o irmão e ouvira a conversa dos dois sobre se deveriam ou não segurar a herança de seu sobrinho até ele ficar mais maduro. Era uma tradição secular do clã Solomon transferir para todos os filhos que completassem 18 anos uma fatia extraordinariamente generosa do patrimônio da família. Os Solomon acreditavam que uma herança era mais útil no início da vida de alguém do que no final. Além disso, confiar grandes porções da fortuna familiar a jovens descendentes cheios de energia tinha sido fundamental para aumentar a riqueza da dinastia. Naquele caso, porém, a mãe de Katherine argumentou que era um perigo entregar ao filho de Peter uma soma de dinheiro tão grande.
Peter discordou. Estava errado, aliás. Assim que recebeu o dinheiro, Zachary cortou relações com a família e sumiu de casa sem levar qualquer pertence. Reapareceu meses depois nas manchetes de tabloides, que documentavam a vida luxuosa e desregrada de Zachary na Europa. Até que jornais informaram que o rapaz tinha sido pego com cocaína na fronteira da Turquia e, assim, preso.
Temendo pela segurança do filho, Peter foi até a Turquia para tentar resgatá-lo. Muito abalado, voltou sem ter conseguido sequer uma autorização para ver Zachary. A única notícia promissora era que os influentes contatos de Solomon no Departamento de Estado norte-americano estavam fazendo todo o possível para conseguir extraditar o rapaz o mais rápido possível. Foi insuficiente. Dois dias depois, as manchetes anunciavam que Zachary foi assassinado na prisão.
Algumas páginas depois descobrimos que o diretor da prisão tentou extorquir Peter para que liberasse seu filho. Ao que ele, baseado em seus princípios éticos e morais, recusou. O pai de Zachary manteve uma culpa por toda a vida por conta daqueles acontecimentos que resultaram na morte do seu único filho. A mulher de Peter jamais o perdoou por não ter conseguido libertar Zachary, e o casamento dos dois acabou seis meses depois. Desde então, ele vivia sozinho.
Também descobrimos que, pouco antes de transferir a parte da herança que cabia a Zachary, Peter ofereceu a ele a escolha entre riqueza e saber. Foi então que ele apresentou ao filho, na presença do amigo Warren Bellamy, a pirâmide de pedra com símbolos maçônicos gravados. Segundo ele conta ao filho, esta relíquia revela a localização de um dos maiores tesouros perdidos da humanidade. É uma espécie de mapa criado para que o tesouro um dia pudesse ser redescoberto. Esse tesouro seria, em essência, algo chamado de Antigos Mistérios.
Resumidamente, os Antigos Mistérios se referem a um conjunto de conhecimentos secretos reunidos muito tempo atrás. Um dos aspectos intrigantes desse conhecimento é que ele supostamente permite àquele que o detém entrar em contato com poderosas habilidades adormecidas dentro da mente humana. Os adeptos esclarecidos que possuíam esse conhecimento juraram mantê-lo escondido das massas, porque ele era considerado poderoso e perigoso demais para os não iniciados. Registro histórico dessas tradições - tesouros incalculáveis de documentos, artefatos e obras de arte - sugeriam claramente que os antigos possuíam um poderoso saber que só compartilhavam por meio de alegorias, mitos e símbolos, garantindo assim que apenas os devidamente iniciados pudessem ter acesso aos seus poderes. É dito no livro que, inclusive, cientistas famosos como Isaac Newton, Benjamin Franklin, Albert Einstein, Stephen Hawking etc., tiveram acesso, em algum momento na história, a tais conhecimentos.
Ao ter acesso a esse conhecimento adormecido, a humanidade passaria por uma grande iluminação. A iminente transformação de suas mentes e a descoberta de seu verdadeiro potencial. A futura transformação divina do homem. Essa transformação do homem em deus se chama apoteose. Os Antigos Mistérios, em sua concepção, eram uma espécie de manual sobre como controlar o poder latente da mente humana. Ou seja, a receita de uma apoteose pessoal.
Aqui eu vejo a conexão entre os Antigos Mistérios e a Ciência Noética. Enquanto o primeiro se trata de alcançar o pleno funcionamento da mente humana através de um grande segredo escondido através de alegorias e símbolos, a segunda trataria de conseguir chegar a esse potencial através da ciência e da redescoberta da física, da filosofia e da alquimia dos antigos. Aliás, no próprio livro Peter Solomon trata desse elo entre a ciência moderna e o misticismo antigo.
No decorrer da história, Zachary escolhe o dinheiro em detrimento do saber.
Mal’akh, por sua vez, está atrás de obter essa apoteose desde a primeira página desse livro. Essa busca o leva a sequestrar e decepar a mão de Peter Solomon, bem como torturá-lo até obter informações preciosas acerca da pirâmide. É também sob tortura que Peter confessa que o professor Langdon seria o único capaz de decifrar os códigos que revelariam o caminho até a descoberta do grande segredo. Ainda é revelado para o vilão que, após o seu ataque a casa dos Solomon, a pirâmide de pedra foi separada por segurança em duas partes (o cume e a base) e que a posse do cume fora delegada por Peter a Langdon.
O vilão consegue escapar se utilizando de um disfarce do complexo do Capitólio após deixar a mão decepada de Peter para ser encontrada pelo professor e coloca de vez Langdon na história quando ameaça de morte o seu mentor e amigo. Depois que o professor desvenda os símbolos que levam para a sala SBB13, ele e a equipe da CIA vão até o segundo subsolo do Capitólio para encontrá-la. Ali é descoberta uma Câmara de Reflexões (uma espécie de lugar frio e austero onde um maçom pode refletir) e, nela a base da pirâmide.
Nutrindo desconfianças mútuas, Langdon e Sato entram em rota de colisão. Enquanto a inspetora sabe que o professor está em posse do cume da pirâmide e que não falou nada para ela, o professor está intrigado sobre todo o conhecimento que a inspetora tem do caso e como ela sequer se importa com o perigo de morte que tem corrido seu amigo. No auge dessa tensão, Sato ordena a prisão de Robert Langdon, que é salvo pela chegada súbita de Warren Bellamy.
A partir dali o Arquiteto do Capitólio e o Professor de Harvard iniciam uma fuga frenética. Após conseguirem despistar os agentes da CIA, e utilizando de uma passagem secreta, eles chegam até o prédio da Biblioteca do Congresso. Lá eles acabam tendo minutos pacatos e se encontrando com Katherine Solomon.
A esta altura, enquanto se desenrolava a descoberta da Câmara de Reflexões do subsolo do Capitólio, descobrimos que Mal’akh tem a intenção de destruir toda a pesquisa que Katherine construiu em seu laboratório nos últimos anos e de matá-la. O vilão não tinha a intensão de que fosse divulgado para o mundo científico os resultados dos estudos dela. A pesquisa de Katherine estava prestes a abrir uma nova porta de compreensão e, quando isso acontecesse, mesmo que fosse somente uma frestinha, outras viriam. Seria apenas uma questão de tempo para que tudo mudasse. E ele não queria isso. Ele queria que o mundo ficasse exatamente como estava. Ou seja, totalmente à deriva em meio à escuridão da ignorância. Ele queria ter acesso sozinho ao conhecimento perdido.
O vilão tinha mais cedo naquele dia se disfarçado e enganado Katherine, indicando que seria o psiquiatra de Peter. Ele a havia telefonado e dito que Peter teria uma consulta com ele pela manhã. Mas, que não teria aparecido e que, portanto, ele estaria preocupado. Como era fato que ele já havia sequestrado Peter e que ele não havia comparecido a um encontro com Katherine, ela fica preocupada e acaba aceitando encontrar com o nosso vilão. Nessa conversa, ela o acaba revelando que toda a sua pesquisa se encontrava em um só lugar, trancada na segurança de seu laboratório: dentro do galpão cinco do CAMS.
O Centro de Apoio dos Museus Smithsonian (CAMS) era, além de um depósito de tesouros, um dos centros de pesquisa científica mais avançados do mundo. O laboratório de Katherine é uma sala de concreto, mais ou menos no formato de um cubo, com isolamento térmico e um ambiente isolado e neutro do ponto de vista energético. O cubo ficava situado no fundo do galpão e exigia uma caminhada completamente no breu de 400 metros para que se chegasse a ele.
Mal’akh, munido do Iphone de Peter, e disfarçado mais uma vez como Dr. Abaddon, envia mensagens de texto se passando por Peter e marcando um encontro entre ele e Katherine no laboratório dela. Chegando ao CAMS, ele é recebido por Trish Dunne, assistente de Katherine, e logo a assassina, afogada em um tanque etanol líquido usado para conservar a carcaça de uma lula gigante. Antes disso, obviamente, ele consegue o código de acesso ao laboratório.
A partir daí começa uma caçada frenética dentro do galpão cinco. Ao perceber a demora da assistente, bem como que aquilo se tratava de uma grande armadilha, Katherine deixa o cubo e tenta escapar antes que Mal’akh consiga entrar no galpão. O problema é que ele já está dentro. E então começa uma perseguição em meio a toda aquela escuridão, uma perseguição emocionante e que acaba com Katherine conseguindo escapar pela porta de carga do galpão e com todo o laboratório dela explodido minutos depois por Mal’akh.
É então que ela consegue contato e se encontra com Robert Langdon e com Warren Bellamy e acaba se tornando mais uma das foragidas da CIA. Depois de serem perseguidos pela inspetora Sato e equipe, Bellamy acaba servindo de isca e acaba se entregando enquanto Langdon e Katherine conseguem escapar. Aqui já temos o professor juntando as peças da pirâmide e revelando a próxima pista para revelar do que se trata o segredo que aquela relíquia guardava.
Depois de descobrir que a pirâmide possui um código em símbolos que diz “o segredo se esconde dentro da Ordem”, Katherine descobre outra inscrição na pirâmide que leva a misteriosa gravura Melancolia I, de Albrecht Dürer. A gravura acaba se revelando a chave para desvendar outro código, que diz “Único Deus Verdadeiro”. Acontece que tudo isso não leva a qualquer localização que revelaria o paradeiro do tesouro guardado pelos maçons. E a condição que o vilão Mal’akh impõe para libertar Peter é que Langdon dê a ele a localização.
Antes de ser preso Warren Bellamy fez uma ligação para alguém que disse ser um amigo. Depois de despistar a polícia e a CIA no metrô de Washington, eles vão para a Catedral Nacional de Washington encontrar o reverendo Colin Galloway, decano da catedral, influente maçom e amigo de Warren Bellamy. Lá eles teriam um espaço seguro e tempo para pensar nas pistas que tinham. Mas, não é bem isso que acontece. Logo a CIA volta a estar no encalço deles e é então que duas coisas são reveladas na presença e com ajuda do reverendo.
1) o reverendo tateia a pirâmide e encontra uma pequena parte que serviria como fechadura. O anel maçom de Peter Solomon se revela uma chave. Ao girar esse anel até formar um ângulo de 33 graus, o cubo se transforma em cruz;
2) depois de fugirem da invasão da polícia e irem para o prédio auxiliar da Catedral, Langdon desvenda outro segredo: que 33 graus de temperatura na escala de Sir Isaac Newton equivaliam a 100 graus na escala Celsius. Assim, pôs a pirâmide dentro de água fervente, revelando uma nova cadeia de códigos.
“O segredo se esconde dentro da Ordem. Eight Franklin Square”.
É o que está escrito agora.
Porém, logo após fazerem a descoberta, eles são presos pela CIA.
Nesse meio tempo em que esteve preso por Sato, Warren Bellamy teve acesso a alguma informação que o fez colaborar e cooperar com a inspetora e até admitir que de fato Sato estava correta durante todo esse tempo. Quando a irmã de Peter e o professor Langdon são presos, Sato pede que Bellamy entre em contato e envie a foto das novas descobertas na pirâmide para Mal’akh. Afinal, agora aparentemente “Eight Franklin Square” significava um endereço.
A ideia é que o vilão comparecesse ao local indicado e que finalmente a CIA pudesse prendê-lo. Se o vilão comparecesse até o número oito da Praça Franklin toda aquela agonia teoricamente estaria acabada. Mas, com a suspeita de que poderiam investigar a casa do vilão e descobrir alguma coisa sobre o paradeiro de Peter Solomon antes de prenderem Mal’akh, Katherine convence Sato a deixar que ela e Langdon, com auxílio de um policial, se separem da equipe da CIA e possam ir até a luxuosa casa residencial de Kalorama Heights.
E então eles caem numa armadilha. A verdade é que Mal’akh não mordeu a isca e estava esperando por eles na casa. Ele mata o policial e nocauteia e amarra Langdon e Katherine. Após isso, ele coloca Langdon deitado, nu, dentro de uma imensa caixa preta de fibra de vidro, conectada a canos nas paredes. A sala onde estava essa caixa tinha barulho de água correndo e luzes frias. Katherine também estava lá, amarrada e inconsciente diante de tal caixa preta.
Após recobrarem a consciência, começa uma cena de tirar o fôlego. Literalmente. Acontece que quando foram pegos pelo vilão, os dois protagonistas estavam de posse da pirâmide e, numa reação química tardia, ela havia revelado em sua base uma série de outros símbolos. Então Mal’akh começa a torturar Langdon para que ele decifre mais aqueles símbolos. A caixa começa a se encher de líquido e aos poucos o professor começa a ficar submerso e sem ar.
Mal’akh coloca a base da pirâmide na única pequena janela de vidro que aquela espécie de caixão estranho possuía e avisa a ele que a única maneira de que saísse vivo dali seria lhe dizer o que significava mais aquela pista. Alguns momentos antes de ficar completamente submerso, Langdon desvenda mais uma vez o código. Porém, contrariando tudo aquilo que foi falado pelo vilão, o professor é deixado ali para morrer, com Katherine ob-servando o seu último suspiro.
Aos berros e amarrada ela nada pôde fazer.
Aqui eu devo dizer que, como já sei que há publicações posteriores de livros de Dan Brown em que Robert Langdon é protagonista, não fiquei preocupado com a possibilidade de sua morte. Mas, a cena me deixou ofegante e curioso sobre como ele poderia escapar daquela situação. Afinal, as páginas no livro nos fazem acreditar que ele morreu. Seria Langdon ressuscitado de alguma forma? Teria o conhecimento antigo perdido, prestes a ser relevado, esse poder?
Depois de deixar o professor Langdon para morrer e obtendo dele o que precisava, Mal’akh concluiu a decodificação da última parte do código a aparecer na pirâmide maçônica. A pirâmide tinha apontado para a Casa do Templo. Então o vilão vai novamente até o subsolo da casa, retira Peter Solomon do lugar onde era feito prisioneiro e o ameaça mostrando que Katherine foi machucada e que sangraria até a morte caso ele não cooperasse e voltassem a tempo de salvar a sua irmã. Ele utilizou de seringas para fazer com que Katherine tivesse um sangramento constante e que fosse uma espécie de ampulheta humana.
Vale destacar que o estado de Peter é um completo horror. Seu corpo havia sido inteiramente raspado, seus grossos cabelos prateados tinham desaparecido, assim como as sobrancelhas, e sua pele lisa reluzia como se tivesse sido untada com óleo. Ele vestia uma túnica de seda preta. Onde deveria estar sua mão direita via-se apenas um coto enrolado em uma atadura limpa e nova. Os olhos carregados de dor, cheios de arrependimento e tristeza. Além disso, ele estava completamente imóvel, preso à uma cadeira de rodas e estava amordaçado.
Então Mal’akh e Peter rumam para a Casa do Templo, a sede dos maçons.
E Katherine é deixada para morrer tal como Langdon.
É então que os agentes da CIA finalmente dão conta de que Mal’akh não apareceria na praça Franklin e vão investigar o porquê do agente enviado junto com Langdon e Katherine não dera notícias. Chegando ao local eles percebem a terrível confusão que se deu ali e... eles encontram Robert Langdon com vida! A explicação dada por Dan Brown era que aquela caixa estranha na verdade era um tanque de privação sensorial e que o líquido que havia envolto e submergido o corpo de Langdon era na verdade um líquido respirável. Tal solução líquida seria chamada Ventilação Líquida Total e os avanços modernos em sua tecnologia tinham permitido que tivesse quase a mesma consistência da água.
Eu achei genial esse ponto. Fiquei surpreso com a inteligência da explicação.
Depois de tirar Langdon do tanque, de esperar que ele recobrasse a consciência e de salvar Katherine, os agentes da CIA e nós leitores ficamos sabendo que o nosso vilão está a um passo de ter acesso a tudo o que ele quer. Descobrimos que ele está indo a Casa do Tempo para enfim obter o tesouro dos maçons.
E o que ele quer é a palavra perdida.
Segundo a lenda, os sábios que codificaram os Antigos Mistérios muito tempo atrás deixaram uma espécie de chave... uma senha que poderia ser usada para destrancar os segredos cifrados. Essa senha mágica, conhecida como verbum significatium, supostamente detém o poder de dissipar a escuridão e revelar os Antigos Mistérios, possibilitando que sejam compreendidos por toda a humanidade. Segundo a lenda, o verbum significatium está enterrado bem fundo em algum lugar, onde espera pacientemente um momento-chave da história. E, quando essa hora chegar, a humanidade não poderá mais sobreviver sem a verdade, o conhecimento e o saber de todos os tempos. Nessa obscura encruzilhada, o homem finalmente irá desenterrar a Palavra e anunciar o começo de uma nova e maravilhosa era de iluminação. Em resumo, a palavra perdida teria o poder de desvendar um antigo saber... e provocar uma iluminação mundial.
A Palavra, assim como os Mistérios, prometia desvendar seu poder oculto apenas àqueles iluminados o bastante para decodificá-la. Pra aquele que se apossasse dela e a compreendesse... então os Antigos Mistérios lhe serão revelados.
Então chegamos à parte final do livro.
E vamos aos destaques:
1) aqui descobrimos o porquê de a Inspetora Sato alegar a todo momento que aquela era uma questão de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Descobrimos que, pouco antes dos episódios daquele dia, Mal’akh havia enviado um vídeo para a CIA, e esse vídeo tinha um conteúdo absurdamente letal para toda a democracia americana. No vídeo, que Mal’akh ameaçava divulgar para todo o povo americano, vemos que ele gravou algumas partes de reuniões maçônicas de que participou com o auxílio de uma micro câmera escondida na peruca que usava como parte do seu disfarce. As cenas, editadas minunciosamente para serem tiradas do contexto e incompreensíveis para quem não fazia parte do círculo maçônico, pareciam quase que demoníacas. Cenas em que um homem nu aparecia bebendo vinho em uma caveira pareceriam ao povo cenas em que um homem nu bebia sangue em uma caveira em um ritual macabro. E coisas assim aconteciam em outras partes do vídeo. Mas o que mais preocupava e mais tinha poder destrutivo em todo aquele filme era quem participava daquilo: dois juízes da Suprema Corte; o secretário de Defesa; o presidente da Câmara; três importantes senadores; o secretário de Segurança Nacional e o diretor da CIA. Caso aquele vídeo viesse a público, ninguém entenderia. O governo enfrentaria uma grave turbulência. O noticiário seria tomado por grupos antimaçônicos, fundamentalistas e adeptos da teoria da conspiração alardeando ódio e medo, dando início a uma nova caça às bruxas puritana. A verdade seria distorcida.
2) o grande plot do livro: Mal’akh era na verdade Zachary Solomon. É dito que Zachary soube que o diretor da prisão pediu dinheiro ao seu pai em troca de sua liberdade, ao que Peter tinha negado. Então Zachary ofereceu uma soma generosa. Para o diretor, não importava quem estivesse pagando, desde que ele recebesse. Após o acordo o diretor escolheu um prisioneiro doente mais ou menos do tamanho do filho de Peter, vestiu ele com as suas roupas e o espancou até deixá-lo irreconhecível e morto. Após isso Zachary acabou assassinando o diretor da prisão, mudou-se para a Grécia e iniciou a vida como Andros Dareios. O físico de adolescente e o rosto infantil mudaram radicalmente quando Zachary inundou seu corpo jovem com hormônios de crescimento experimentais e anabolizantes. Até mesmo suas cordas vocais foram deformadas, transformando a voz de menino em um sussurro permanente. Depois de aproveitar muito em uma vida desregrada de dinheiro, drogas e prostitutas, de ter sempre o que queria, o vilão percebe que sua vida é vazia e se volta a pensar na conversa que teve com seu pai há muito tempo e no segredo guardado por sua família. É então que ele volta, em busca da pirâmide, do acesso ao saber que lhe foi prometido e por ele recusado, e acontece o assassinato de sua avó e os acontecimentos de sua queda do penhasco. Mal’akh se tornou uma imensa figura musculosa, com o corpo coberto por tatuagens e utilizou-se do seu dinheiro para entrar na maçonaria e ir subindo em sua hierarquia até atingir o grau 33, sequestrar seu pai e o resto já foi dito aqui anteriormente. Mal’akh queria também vingança.
Mal’akh se transformou ao longo da vida em uma figura fanática, demonstrando um entusiasmo exagerado por toda aquela história da Palavra Perdida, confiando cegamente que teria acesso ao conhecimento supremo, que se tornaria uma espécie de ser superior, assumindo a forma de um Deus. Mal’akh acreditou até o seu último suspiro que passaria por uma apoteose. Era uma figura extremamente maluca, irracional, letal e sem qualquer tipo de sentimento bom. É o tipo de vilão que (quase?) sempre está nos livros de Dan Brown. E que sempre funcionou até então. É bem construído. É crível. E dessa vez o plot é sensacional. Eu sequer pensei nessa possibilidade. Nunca imaginei qualquer coisa assim.
Quando Peter e Mal’akh já estão na Sala do Templo, dentro da Casa do Templo, é que o vilão revela que na verdade é o filho do Venerável Mestre. Ali Mal’akh revela a parte final do seu plano: ele, munido da ameaça de morte de Katherine e da ameaça da divulgação do vídeo dos encontros maçônicos, deseja que Peter lhe revele o que sabe sobre a Palavra Perdida e, sob a claraboia da Sala, o mate utilizando da faca da Akedah (a mesma faca que Abraão usaria para matar Isaac, de acordo com o livro do Gênesis). Assim (de acordo com o que ele acreditava) com a Palavra Perdida tatuada em sua testa (o único lugar que ele ainda não havia tatuado), sua morte e libertação do seu corpo, ele atingiria com tal ritual medonho a sua transformação em um deus. Apoteose.
Mal’akh, munido de um notebook, inicia o upload do vídeo. Segundo ele, esse envio para todo o mundo demoraria alguns minutos por conta do tamanho do arquivo. Esse seria o tempo suficiente para que seu pai lhe contasse o que sabia e para que finalizasse o ritual. Então, o vilão tatua a palavra que Peter lhe diz ser a Palavra Perdida, se deita no altar abaixo da claraboia para que se complete o ritual de sacrifício. Seu pai deveria sacrificá-lo naquele local com aquela faca sagrada. Acontece que no final daquilo Peter não o mata. Ele quebra a faca dando um golpe no mármore do chão ao lado de onde Mal’akh está deitado.
Imediatamente depois, Langdon chega ao local a tempo de ver o helicóptero da CIA sobrevoando a claraboia, disparando sobre ela um pulso de radiação eletromagnética, desabilitando completamente o laptop segundos antes dele concluir a transferência do arquivo de vídeo e, no processo, estourando acidentalmente o vidro da claraboia que, ao cair, fere gravemente Mal’akh o levando minutos depois a morte. Ele morre, mas não antes de ouvir do pai que aquela palavra dita a ele como a Palavra Perdida era uma mentira, que Mal’akh foi iludido, que ainda estava incompleto. Mas que este soubesse que foi amado.
Mal’akh está morto. A CIA conseguiu evitar que o vídeo fosse vazado.
Langdon, Peter e Katherine estão bem.
Há ainda dois pontos neste livro que quero chamar atenção. O primeiro ponto é negativo e me causa algum incômodo. O segundo é bem positivo e intrigante.
1) Qual o objetivo de Mal’akh enviar o vídeo pra CIA? Ou, aliás, o vídeo foi enviado por ele pra CIA, certo? Isso não fica muito claro pra mim e eu não me recordo de ter sido explicado. Mas, não seria mais fácil pra ele agir nas sombras? Tudo bem que o vídeo tem um potencial destrutivo, que poderia ser usado pra deixar todos receosos para não atentarem contra ele de qualquer forma. Mas não seria melhor deixar isso como um ás na manga do que propriamente se adiantar e chamar atenção da agência de espionagem mais famosa do mundo logo a princípio?
2) Katherine cita que realizou um experimento capaz de pesar a alma humana e, assim, comprovar a sua existência. Esse experimento foi feito com uma pessoa desenganada que foi colocada em uma balança de ultra precisão em um ambiente completamente selado. Ou seja, sem que pudessem escapar líquidos, gases ou quaisquer outras coisas. Segundos depois da morte se observa a queda inexplicável no peso do paciente. O que seria, então, sua alma deixando o corpo. Gostei da forma como isso foi abordado no livro e me interessou bastante. Imediatamente após acabar a leitura dessas páginas fui pesquisar e notei que esse experimento já foi feito de fato. Mas sem a tecnologia necessária e sem resultados que fossem completamente inquestionáveis como é feito no livro.
Eu gosto bastante desse novo livro de Dan Brown. É feito quase sempre em um ritmo alucinante, repleto de mistérios, que faz da leitura quase que impossível de largar em muitos pontos. Acho também um livro bem inteligente e repleto de informações interessantíssimas, que endossam todo o mistério e todo o enredo apaixonante acerca dos maçons, de conhecimentos antigos e da complexidade do entendimento da história. Essa nova aventura de Robert Langdon é mais uma lembrança do quão pouco sabemos sobre o passado da nossa espécie e a quantidade de coisas que ainda precisam ser estudadas e esclarecidas.
Eu estava convencido de que esse livro seria, tal como ‘Anjos e Demônios’ e ‘O Código da Vinci’, um livro de cinco estrelas. O plot final é complemente impressionante; a parte do quanto aquele vídeo é perigoso e o estrago que ele poderia causar com sua divulgação; bem como o quanto o thriller se desenvolve bem e forte para o seu clímax; e a quantidade de informações e locais interessantes, fariam dele certamente um livro de nota máxima, embora não favorito.
No entanto, o final me deixou um pouco frustrado. Durante todo o livro se fala em um grande tesouro protegido de forma milenar pelos maçons; uma espécie de segredo guardado para ser revelado apenas na hora certa e... descobrimos que esse segredo não seria bem um segredo... Acho que a gente precisa se esforçar um pouco para aceitar a explicação de que a Palavra Perdida enterrada embaixo do Monumento a Washington seria na verdade... a Bíblia!
A premissa é que a Bíblia e a maioria dos textos sagrados têm, essencialmente, a mesma mensagem: nós, humanos, somos deuses. Senão na prática, ao menos em potencial. Até mesmo a Bíblia Sagrada, em Salmos 82:6, proclamava: “Vós sois deuses!”. É o colossal potencial da mente humana que seria o verdadeiro tesouro guardado através de parábolas, enigmas e de mensagens cifradas.
A Palavra não deveria ser lida de forma literal, já que a verdadeira mensagem das Escrituras estava escondida. Os Antigos Mistérios e a Bíblia são a mesma coisa! A Bíblia é um dos livros que serviram para transmitir os mistérios ao longo da história. Suas páginas tentam desesperadamente nos revelar o segredo. As “coisas ocultas” da Bíblia são os sussurros dos antigos, que compartilham ao pé do nosso ouvido todo o seu saber secreto. Sir Isaac Newton, por exemplo, historiou alegando que havia extraído informações científicas incríveis ocultas na Bíblia!
Dan Brown se utiliza de alguma situações para ilustrar essa questão. Seguem:
a) de Katherine para Langdon:
“Você quer uma resposta de verdade? Aqui está. Se eu lhe der um violino e disser que você tem a capacidade de usá-lo para tocar músicas lindas, não estarei mentindo. Você tem essa capacidade, mas vai precisar treinar muito para que ela se manifeste. Aprender a usar a mente é a mesma coisa, Robert. O pensamento bem direcionado é uma habilidade que se adquire. Manifestar uma intenção requer um foco digno de um raio laser, uma visualização sensorial completa e uma crença profunda. Nós demonstramos isso no laboratório. E, como no caso do violino, existem pessoas que demonstram uma aptidão natural maior que outras. Olhe para a história. Veja os relatos de mentes iluminadas que realizaram feitos milagrosos.”
“Eu já vi pessoas transformarem células cancerosas em células saudáveis apenas pensando nelas. Vi mentes humanas afetando o mundo físico de inúmeras formas. E quando você testemunha isso, Robert, quando essas coisas se tornam parte da sua realidade, a única diferença entre elas e alguns dos milagres sobre os quais já lemos passa a ser a intensidade.”
b) de Katherine para Langdon:
“- Talvez você tenha ouvido falar – disse Katherine, baixando o tom de voz – nos exames de ressonância magnética feitos em iogues meditando. Quando em estado avançado de concentração, o cérebro humano produz, por meio da glândula pineal, uma substância parecida com cera. Essa secreção cerebral não se parece com nenhuma outra substância do corpo. Ela tem um efeito incrivelmente curativo, é capaz de regenerar células e talvez seja um dos motivos por trás da longevidade dos iogues. Isso é ciência, Robert. Essa substância tem propriedades inconcebíveis e só pode ser criada por uma mente em estado de profunda concentração.
– Eu me lembro de ter lido sobre isso alguns anos atrás.
– E, falando nisso, você conhece o relato da Bíblia sobre o “maná dos céus”?
Langdon não via ligação alguma entre os dois assuntos.
– Está se referindo à substância mágica que caiu do céu para alimentar os famintos?
– Exatamente. Dizia-se que essa substância curava os doentes, dava a vida eterna e, estranhamente, não produzia dejetos depois de consumida. – Katherine fez uma pausa, como se estivesse esperando que ele entendesse. – Robert – insistiu ela –, um alimento que caiu do céu? – Ela cutucou a própria têmpora. – Que cura o corpo por magia? Que não gera dejetos? Ainda não entendeu? São palavras em código, Robert! Templo é um código para “corpo”. Céu é um código para “mente”. A Escada de Jacó é a sua coluna vertebral. E o maná é essa rara secreção produzida pelo cérebro. Quando você vir essas palavras cifradas nas Escrituras, preste atenção. Elas muitas vezes são sinais de um significado mais profundo escondido sob a superfície.”
Todos os melhores segredos estão escondidos à vista de todos – é a explicação.
Mesmo assim, devo dizer que não é um final ruim. Não é um final que estraga o livro. É apenas um final insosso. Uma explicação que a gente fica um pouco relutante de gostar. E talvez isso aconteça porque há toda uma expectativa criada ao longo do enredo para que algo realmente grande se revele para nos deixar completamente abobados. Isso não acontece. Portanto, não é ruim. A explicação é fundamentada, claro. Não é incoerente, é somente frustrante.
Faço dois adendos.
Primeiro que esse misto de resumo e resenha foi bem complicado de fazer. O mais difícil até então. É um livro com muitas informações e muitos conceitos que precisei primeiro entender, internalizar e então só depois tentar explicar de uma forma que me parecesse fácil de lembrar depois. É um livro de muitos detalhes e que precisei rever em alguns pontos e, assim, me demorei nesse texto alguns dias e gastei nele muito mais páginas do que aquilo que sequer achei possível.
Segundo que há um ponto no livro em que a pesquisa em um software pela assistente de Katherine Solomon encontra no banco de dados da CIA um documento que eventualmente teria citações bem precisas para a Palavra Perdida enterrada em Washington. No final se revela que esse texto seria apenas um condensado de palavras discutidas em um fórum mantido pelo diretor da CIA e de seus funcionários acerca do monumento chamado Kryptos. Então, no fundo esse texto é apenas utilizado por Dan Brown para movimentar ainda mais a história e nos trazer curiosidade. No final, esse ponto não é tão importante.
Frases que me marcaram:
"O conhecimento aumenta de forma exponencial. Quanto mais sabemos, maior a nossa capacidade de aprender e mais depressa expandimos nossa base de conhecimento."
“Um homem sábio me disse certa vez: a única diferença entre você e Deus é que você se esqueceu de que é divino.”
“O que fizemos apenas por nós mesmos morre conosco. O que fizemos pelos outros e pelo mundo permanece e é imortal.” (Albert Pike)