Dereck 18/10/2020
Certa vez, enquanto participava passivamente de uma boa conversa com velhos amigos, tocou-se no assunto da saga do Professor Robert Langdon. Após uma batalha acirrada de opiniões, chegou-se ao veredito de que O Símbolo Perdido era, talvez, o mais 'fraquinho' de todos. Coisas como, cansativo, muito longo e extremamente chato, foram ditas, acredite se quiser, falaram até que o livro não deveria existir.
Na época eu ainda não tinha lido, então não tinha voz para defender os escritos do Dan. Acompanhei sem mencionar uma palavra. Um ouvinte sem voz. E aquilo grudou na minha mente da mesma forma que piche quente gruda no asfalto. Tempo depois, tive a oportunidade de comprar o livro. Contudo, o livro esperou dias, meses, anos na minha estante. E da mesma forma que o Um Anel teve a oportunidade de trocar de portador, uma seca literária me fez recorrer a livros na minha estante que eu ainda não havia lido. O Símbolo Perdido foi onde grudei meus olhos.
Hoje, após terminada a leitura, gostaria de poder voltar ao passado, para aquele dia quente e abafado com meus velhos amigos. Eu seria a voz do Dan, a astúcia de Langdon e o punho de todos os leitores que gostaram do livro. Arrebentaria a cara de quem, sem pensar, prejudicou de forma indireta uma leitura incrível e uma aventura digna de memória.
Quando chegasse a minha vez para falar, entre tragos de refrigerante e risadas descontraídas, diria algo mais ou menos assim:
Não é porque o livro tem um ritmo bem mais cadenciado que os outros que ele é ruim. Talvez seja a escrita diferenciada e o peso emocional que o fazem tão bom quanto os outros. Por mais que Dan use sempre as mesmas fórmulas para seus livros, aqui e ali existem elementos chaves que são peças elementais na criação de uma narrativa única, como bem já sabemos.
Em O Símbolo Perdido, existe um quê a mais em tudo isso. Ele é, até o momento, o mais violento de todos. E talvez o que mais agregue valor emocional a personagens importantes.
Sem falar que ele trabalha todo o contexto da maçonaria de forma gradual-alternada, ou seja, ele explica e se importa em re-explicar tudo novamente, porque existe uma vontade no autor de deixar você, em máximo, com todas as características sociais e culturais da maçonaria.
Sem falar em toda abordagem metafísica que é trabalhada de forma excepcional, juntamente ao contexto científico avançadíssimo que pode ser confuso para alguns leitores. Sim, eu poderia até dizer que este livro é abismal em profundidade de conteúdos. E em nenhum momento eu me senti sufocado com isso.
Por fim, diria aos meus amigos que é impossível classificar o melhor ou a pior das aventuras do Langdon, personagem este que tenho tanto carinho. Todos os livros possuem a capacidade de relacionar fatos com religião e ciência e o melhor de tudo, eles agregam conhecimento e estimulam o pensamento, e isso, é no mínimo, revolucionário.