Rafael 27/08/2022
Expectativas são o pior inimigo que o leitor pode ter...
Como as expectativas geradas pelos leitores pode impactar positivamente e negativamente uma narrativa?
Entre todos os problemas que um autor precisa resolver durante a escrita de um livro, um deles não cabe a ele resolver. Pelo menos não diretamente: As expectativas geradas pelos leitores ao longo do texto, sendo estas, capazes de melhorar a percepção geral da obra, quando essas geralmente são cumpridas ou superadas, ou, no pior dos casos, piorá-la quando não são contempladas do modo que imaginamos.
Em Símbolo Perdido, o quinto livro escrito pelo americano Dan Brown, seu personagem principal volta novamente para uma busca de códigos e símbolos secretos em busca da revelação de uma mensagem, ou de algum tesouro que pode impactar o mundo todo se cair nas mãos erradas.
Essa descrição pode ser aplicada a qualquer livro de Dan Brown. É sua fórmula (não apenas dele, vamos ser honestos). Não há nada de errado com fórmulas. Se algo funciona, não há motivo para não utilizá-la novamente, em uma versão reimaginada, ou com algumas diferenças na composição da trama.
As diferenças nas obras de Dan Brown encontram-se apenas nos mistérios, no pano de fundo dos acontecimentos que jogam a trama para frente, não na construção, sendo todas estruturadas de maneira extremamente parecida. Mas é no desenvolvimento que ele brilha, no avançar da trama.
A narrativa de início, mesmo extremamente previsível, é ágil e dinâmica, sendo impactada positivamente pela estratégia de não contar a revelação do mistério logo de cara, retendo o leitor ainda mais página a página.
Em Símbolo Perdido, no entanto, a velocidade da maioria das obras de Dan Brown leva uma parada súbita logo após o maior clímax, como se de pronto, fôssemos jogados contra uma parede em alta velocidade.
Essa pausa repentina causa a quebra das expectativas geradas de modo negativo, uma vez que a resolução final não causa o impacto necessário, tornando-se abstrata uma vez que o clímax nos foi dado de sopetão de modo equivocado, entregando páginas finais cansativas, repetitivas e sem peso.
Ao se terminar de ler, percebe-se que não há muito o que se falar, caracterizando-o como mediano. Entretém, mas escorrega no final com um clímax mal colocado, descarrilhando em alta velocidade na direção a uma parede que o autor esqueceu de nos avisar que é feita de vidro.