Luci Eclipsada 11/11/2022
Aventura à lá Indiana Jones
Um mapa antigo que mostra o caminho para um lugar tão secreto que sua veracidade transformou-sem em lenda e um trio de aventureiros ingleses dispostos a encontrar o local enquanto estão procurando pelo irmão de um deles, eis o mote dessa aventura precursora de outros romances do gênero e que também influenciou a cultura pop.
Soma-se ao grupo um misteriosos zulu chamado Umbopa que parece saber muito mais do que o aparente e assim esses homens partem para o coração da África ainda inexplorada pelo homem branco enquanto que no caminho muitas aventuras e perigos os aguardam.
De autoria do inglês Henry Rider Haggard, "As minas do rei Salomão" é um clássico das histórias de aventura da era vitoriana e teria tudo para ser um livro primoroso se não refletisse, e muito, o tom racista que o europeu daquela época tinha em relação ao povos nativos do continente africano, por exemplo. São muitas passagens em que o discurso racista é inserido na fala dos personagens e mesmo em suas descrições e, contrário ao que lemos em "O mundo perdido", de Arthur Conan Doyle, onde falas do gênero e pensamos são empregados de forma irônica, no livro de Haggard tais conjuntos de ideias parecem refletir não só o pensamento da sociedade da época como até mesmo a do próprio autor, o que pode incomodar algumas pessoas.
Anteriormente o livro foi traduzido por Eça de Queirós, que suprimiu algumas partes e acrescentou outras ao enredo da história, porém, na nova tradução que se segue temos não apenas o texto integral, como notas explicativas e um excelente prefácio, ambos escritos pelo tradutor do livro, o Samir Machado de Machado.
Sobre o enredo, apesar da originalidade da história que até então abriu margem para muitas outras do gênero, ele não é perfeito e para além das inserções racistas há uma série de soluções fácies para os entreveros envolvendo os personagens, o famoso deus ex machina em ação, algo que também pode incomodar, mas não ao ponto de nos fazer desistir da leitura.
Em todo caso, é sempre bom que cada um leia e tire as próprias conclusões sobre a obra, até mesmo porque o livro está consolidado como um clássico da aventura e lê-lo não é somente uma experiência interessante por causa de seu valor literário, como também é o conhecimento que podemos obter, em partes, sobre como funcionava o pensamento da sociedade de toda uma época.