Bela Lima 01/09/2018Vou ser crítica quanto a essa obra tão famosa até os dias de hoje e dizer que eu esperava mais.Estou de volta a Sherlock Holmes. Me pergunto quantos adeus ele irá dar antes de ser realmente o último. Tenho que confessar que estou cansada.
No quarto livro da série, sete contos desse ilustre detetive consultor, atualmente (naquela época) aposentado e cultivando abelhas, são narrados pelo Dr. John Watson, com exceção do último, que traz um narrador onisciente e desconhecido. Seria Watson? Seria Holmes? Quem seria? Essa pergunta assombra os sherlockianos até hoje.
Existem dois casos que eu gostei muito: O detetive moribundo, que Sherlock finge sem escrúpulos que está morrendo para Watson, somente para pegar um criminoso, e O último adeus de Sherlock Holmes, que foi tão rápido que pisquei e acabou. Posso entender porque sherlockianos adoram esse conto em especial; há algo em não saber todos os detalhes, nesse clima de mistério, e é justamente isso que o conto trás.
"Minha mente é como um motor acelerado, que se desintegra quando não está conectado com o trabalho para o qual foi construído."
Vou ser crítica quanto a essa obra tão famosa até os dias de hoje e dizer que eu esperava mais. Eu não sei, mas... não há uma evolução, tudo se mantém o mesmo. Não estou dizendo que não há reviravoltas na história, mas me senti neutra durante uma boa parte da leitura, porque volta e meia estamos de novo no mesmo lugar. A história avança, os casos se desenrolam brilhantemente e de forma inimaginável, contudo, talvez por serem contos, terem sido publicados para serem lidos um de cada vez de tempos em tempos, eu não vi uma mudança nos personagem. Eles foram estáticos.
Se eu comparar com os primeiros casos de Sherlock, eu posso ver o quanto ele está mais esperto, mais experiente, o quanto aprendeu ao decorrer dos anos, contudo, fora isso, ele e todos os outros personagens se mantêm os mesmos e eu me senti presa numa história atemporal, onde todos são fadados a ser o mesmo e nunca mudar, nunca aprender com seus erros, nunca serem melhor. Eternos Peter Pan.
Talvez eu tenha achado isso ruim porque não sou acostumada a ler contos, eu sou uma que aprecia os romances, onde há conflitos e amadurecimento nos personagens e você sofre junto com eles. Claro, minha amiga, uma sherlockiana, deu a resposta de que não há uma evolução porque Sherlock Holmes já é muito evoluído. Eu discordo. Ele tem muito aprender. O velho e importante "ser humano", por exemplo.
"-Parece extremamente improvável!
-Devemos recorrer ao velho axioma segundo qual, quando todas as outras contingências falham, o que resta, por mais improvável que seja, deve ser a verdade."
Enfim, depois de 4 livros e quem sabe quantos contos, eu estou dando uma pausa sem tempo de retorno. Não quero mais Sherlock Holmes na minha vida, só se for com Benedict Cumberbatch e sua atuação maravilhosa. Já deu. Fiquei escaldada. Vou devolver o quinto livro à minha amiga sem ler, fugir de histórias com contos assim, e esperar um bom tempo para sonhar em ler os romances de Sherlock Holmes, porque... eu quero lê-los. Eu estou curiosa para saber como Sherlock e Watson se conheceram. Talvez os romances sejam diferentes? Vou esperar muito tempo para descobrir.
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