Thaisa 28/03/2023
Quem diria que o grande Poirot teria medo de ir ao dentista?
Hercule Poirot faz uma visita de rotina ao seu odontologista, o Dr. Morley que, para o desespero do detetive belga (cujo medo primordial é de dentistas), precisa tratar um de seus dentes. Antes da consulta, Poirot observa, ansiosamente, os outros pacientes; depois, sai do consultório aliviado, sabendo que não precisará voltar à essa tortura por 6 meses.
Nesse mesmo dia, seu conhecido, o inspetor Japp, da Scotland Yard, dá-lhe uma notícia estarrecedora: poucas horas depois de atender Poirot, o Dr. Morley tirou a própria vida.
Investigando cada paciente que o dentista tratou naquele dia, Poirot descobrirá que um grego de nome Amberiotis morreu na cadeira do doutor mais cedo, após uma overdose de anestésico, levando Japp a acreditar em uma lógica explicação de causa e consequência: após matar, sem intenção, seu paciente, Morley, movido pela culpa, atirou em si mesmo.
No entanto, para as células cinzentas de Poirot, nada é tão simples assim e o motivo tanto da morte acidental de Amberiotis quanto o suposto arrependimento de Morley não convencem o detetive. Enquanto ele continua seus inquéritos pessoais com familiares, conhecidos, funcionários e pacientes do doutor, muitas novas pistas vão surgindo e vários mistérios começam a se entrelaçar...
Se Poirot já era meu personagem favorito, isso só se solidificou aqui, porque ver um gênio que já esteve nos mais diversos apuros e teve a vida ameaçada várias vezes ter medo de dentista não só humanizou ainda mais o protagonista como fez com que eu me identificasse com ele! Além disso, aqui vemos um pouco mais sobre as inclinações políticas do detetive e como ela se alterna conforme a trama avança - sendo que o livro foi escrito durante a 2ª Guerra Mundial.
A história é instigante e fluida, o que é o esperado das obras de Christie: no início, quando descobrimos que algo aconteceu com Morley, já criamos mil teorias sobre o que está por trás, enquanto temos um final surpreendente e satisfatório; porém, entre um e outro, há um abismo em que algumas coisas interessantes ocorrem, mas a narrativa acaba se arrastando ao focar em outros personagens genéricos e suspeitos que não acrescentam em nada - outra coisa complicada é o título original da obra que, por si só, entrega muito do desenvolvimento do enredo quando nos deparamos com tal menção.
Assim, foi uma trama que me envolveu, mas também foi preenchida com diversas informações e situações que não fizeram diferença na conclusão da história.
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