Paulo1844 16/05/2024
Sagarana é o primeiro livro de João Guimarães Rosa, publicado em 1946. Uma obra regionalista de caráter universal, que me transportou para um mundo árido, repleto de conflitos no sertão, religiosidade e racismo. Cada conto revela histórias que só o sertanejo sabe contar. Em Donana, no torto arado, senti a presença da minha avó, e no conto "Corpo Fechado", encontrei meu avô, um grande contador de histórias que adorava cerveja e cachaça. Li "Grande Sertão: Veredas" e foi uma experiência maravilhosa. Este é mais um livro de Guimarães que adoro. Tudo que envolve o sertão me encanta profundamente.
Cada página de "Sagarana" é um mergulho profundo na alma do sertão, onde a poeira se mistura às palavras e a aridez do solo reflete a dureza da vida. Guimarães Rosa tem a capacidade ímpar de captar a essência da cultura sertaneja, revelando personagens complexos e situações que transcendem o tempo e o espaço. As histórias em "Sagarana" são como veredas que se entrelaçam, levando-nos por caminhos ora sinuosos, ora claros. Em "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", senti a força do destino e a inevitável busca por redenção, uma saga de transformação que ecoa a luta interna de cada ser humano. Através de seus personagens, o autor nos mostra que o sertão não é apenas um lugar físico, mas um estado de espírito, um universo onde o sagrado e o profano coexistem em perfeita harmonia.