Yas 24/02/2013
Vale MUITO à pena ser lido.
Sempre tive curiosidade em ler esse livro, uma vez que já assisti a adaptação do mesmo nos cinemas e gostei muito. Porém, confesso que logo acabei esquecendo dele.
Eis que, para a minha surpresa, acabei ganhando o livro e o DVD do filme de presente de Natal, e então dei início à leitura.
O livro é narrado pelo Chefe Bromden, índio do Colorado que está internado como indigente. O mais interessante é que Bromden, durante todos os anos que passara naquele hospício, viu muitos absurdos acontecerem e ouviu muitas coisas comprometedoras e ninguém ligava para isso. Isso porque Bromden fingia ser surdo-mudo.
"Eu tinha de continuar fingindo que era surdo, se quisesse continuar a ouvir".
Acabei me afeiçoando a Bromden mais do que qualquer outro, até mais do que McMurphy. Gostei muito da forma dele de encarar os acontecimentos no decorrer da trama (embora às vezes ficasse confusa em meio a suas palavras, sempre variando entre devaneios e realidade).
Agora, falando do personagem principal, Randle Patrick McMurphy participou da Guerra da Coréia e foi condenado pelo estupro de uma menor de idade. Achando sua pena um tanto quanto dura, sendo condenado a trabalhar pesado na Colônia Correcional de Pendleton, McMurphy resolve bancar o esperto e fingir-se de louco, visando escapar da prisão e levar uma vida boa no hospício enquanto aguarda pela liberdade.
Logo no início da trama percebe-se que McMurphy, apesar de ser extremamente sociável (uma vez que assim que chega ao hospício começa a entrosar-se com os pacientes e cativá-los com seu alto astral e brincadeiras), é um indivíduo que possui sérios problemas para seguir ordens e detesta rotina.
Essas características da personalidade de McMurphy acaba se tornando um problema para a enfermeira Mildred Ratched, que, antes do mesmo chegar, tinha a ala hospitalar de agudos e crônicos andando conforme sua música tocava. Serei sincera: nunca senti tanta raiva de um personagem em toda a minha vida. Mildred Ratched é o tipo de profissional frio, calculista e manipulador, com uma liderança negativa nata.
Um ser totalmente contra mudanças, por mais que as mesmas pudessem proporcionar algo de terapêutico aos pacientes (pra mim até quem é são uma hora acaba enlouquecendo vivendo apenas na rotina).
Ela via mudanças como uma espécie de incômodo para ela, pois ela também teria de mudar sua rotina de trabalho, teria de sair da zona de conforto. Ela não pensava no bem-estar dos pacientes, e sim, zelava pelo nome da Instituição. Lá ela fazia o que bem entendesse e jogava da forma mais suja para que as coisas corressem como ela queria, pois devido ao fato de ser manipuladora, tinha todos em suas mãos, inclusive aqueles que eram hierarquicamente superiores à ela no quadro do Hospital.
Já deu para perceber que os pacientes sob a supervisão da enfermeira-chefe Ratched (apelidada como "Chefona" por Bromden), viviam submissos e com medo de exporem seus pensamentos ou opinarem na rotina do local.
Com a chegada de McMurphy, tão imponente e audacioso, tanto agudos quanto crônicos acabam vendo o rapaz como uma espécie de tábua de salvação.
A partir daí, McMurphy deixa-se levar não só por suas vontades pessoais como também pela vaidade e confiança depositada pelos pacientes, que o viam como uma espécie de líder. Cansado do conformismo evidente no local, passa a desafiar constantemente a autoridade da enfermeira-chefe, fazendo com que os dois tornem-se inimigos em uma competição para ver quem desarma quem.
E vou parar por aqui para não entregar muitos detalhes. Posso dizer que Um Estranho no Ninho foi uma leitura muito prazerosa. Através do livro pode-se conhecer e compreender um pouco o que se passa no interior de pessoas que por alguma razão não conseguem encaixar-se na sociedade, embora anseiem por isso.
Outro ponto que vale ressaltar no livro, é que ele foi escrito com base no que o autor vivenciou quando voluntário em uma pesquisa de drogas alucinógenas. A partir daí, ele passou a observar o comportamento dos pacientes e questionar a insanidade atribuída a eles. Foi muito valioso conhecer a realidade dos hospícios da época em que o livro foi escrito de acordo com a perspectiva de um paciente.
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