Um copo de cólera

Um copo de cólera Raduan Nassar




Resenhas - Um Copo de Cólera


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Wynícius 01/11/2024

A história é simples, mas a escrita é o que pega. Ela acompanha um casal ? ele, um fazendeiro recluso e irado, e ela, uma jornalista com ideais fortes ? que passa uma noite juntos e, no dia seguinte, entram em um embate feroz que revela muito sobre as próprias frustrações e desejos reprimidos.

A linguagem é cheia de metáforas intensas, densa e quase sufocante. Raduan Nassar conduz a narrativa com uma tensão que te prende e desconcerta, enquanto escancara as complexidades do poder e da agressividade no amor. Não é uma leitura leve, mas se você curte um texto bem cru, cheio de entrelinhas e nuances, vale muito. 
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tatioueu 21/10/2024

Sei lá, narrador insuportável
A dinâmica da escrita é bem diferente e isso é o ponto positivo do livro ao meu ver. Porém acho que foi isso que me deixou ansiosa, não pra saber o que acontecia, mas pra acabar de uma vez essa falação do narrador.
Achei o enredo chato, me agregou em vários nada essa leitura, só não quis abandonar um livro tão curto e por isso segui.
Sei lá, tinha maiores expectativas.
Não recomendaria a um amigo. ?
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joaoggur 27/09/2024

Como beber dessa bebida amarga?
Raduan Nassar é um dos maiores escritores deste país, - e o dito cujo só tem três livros publicados. É isso mesmo. O vencedor do Prêmio Camões de 2016, logo após se tornar um fenômeno devido a seu romance de estreia (Lavoura Arcaica, de 1975), abandonou a literatura. A novela que aqui resenho, Um Copo de Cólera, por mais que tenha sido lançada em 1978, fora escrita muitos anos antes, - tal como Menina a Caminho, uma reunião de contos que, lançada em 1997, estava engavetada desde a década de 60.

O preâmbulo dá-se pelo meu desejo de estabelecer que quantidade não é sinônimo de qualidade; para falar a verdade, eu chego a me entristecer que temos tantas poucas amostras de sua habilidade literária. As palavras são reféns de Raduan; das construções léxicas, do vocabulário, tudo tem uma extrema profundidade semântica, simbólica, num intenso fluxo de consciência.

O casal em questão, protagonista da história, é só um pretexto para podermos adentrar no âmago das relações humanas, mergulhar nas complexidades de nossos sentimentos. Após a matinal comunhão do libidinal, sentam para comer o desjejum, e uma cerca caída, no quintal da casa, é o pontapé inicial para a fúria do protagonista; como se tivesse tomado tantas doses de fúria, tantos copos de cólera, que tivesse deixado de ser quem era; ou, do contrário, tornado-se mais ele.

E o que começa como uma simples briga, com um trivial motivo, um supérfluo motivo de fúria, se transmuta em uma discussão de caráter bíblico, onde cada um dos participantes, ao final, não mais se lembram do pontapé que os levou até o ponto presente; é interessante como parece que estão a despejar tudo que, no fundo, gostariam de dizer um para o outro, mas que a perenidade do dia-a-dia os impede; e, mudando da água para o vinho, todas as características de um começam a incomodar o outro; reclamações dos trejeitos se misturam as de cunho politico, que se misturam a tudo que a cólera traz a tona.

Por mais que curta, a novela é uma grande aula do que é o gênero humano, - como todos os escritos de Raduan Nassar. Creio ser uma boa porta de entrada para o autor.

Favoritado.
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carlosmanoelt 12/09/2024

Quando paixão e razão coexistem
A trama de ?Um copo de cólera é, à primeira vista, simples: são seis capítulos narrados pelo protagonista que recebe em sua chácara a amante, e o sétimo capítulo sendo narrado por ela. O elemento sexual se faz presente desde o início e não apenas no conteúdo. O ritmo dos acontecimentos igualmente emula o coito, na medida em que começa seduzindo lentamente o leitor enquanto os dois personagens também praticam o seu vagaroso jogo de sedução, até culminar no êxtase do esporro, no frenesi maior que tem lugar não no sexo, mas na discussão que ocorre entre os dois.

A simbiose amor-ódio e suas mais variadas ramificações são e estão nos próprios sujeitos que, polos opostos, aproximam-se magneticamente em prol da volúpia exasperada. Repleto de referências bíblicas e literárias (como Jorge de Lima, Faulkner, Fernando Pessoa e James Joyce), ?Um copo de cólera brinda à desarmoniosa congregação dos díspares que fundamentam as relações humanas. Raduan Nassar combina paixão e razão que resultam num desejo colérico expresso pela linguagem.
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RaquelSales17 12/07/2024

Casal mega tóxico
Em uma noite de amor tórrido se transforma em uma manhã de rusgas e uma briga feroz de um casal que tem um relacionamento tóxico, chegando inclusive as vias de fato ?
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Idayane.Ferreira 05/07/2024

Não que eu cultivasse um gosto raivoso pelo verbo carrancudo
A palavra cólera pode significar: descontrole, exacerbação, exaltação, exasperação, fúria, indignação, ira, irritação, malquerença, ódio, odiosidade, raiva, rancor, sanha, agitação, ímpeto, força, furor, impetuosidade, violência.

Tudo isso aparece de alguma forma nesse livro de menos de 90 páginas, publicado pelo Raduan Nassar em 1978. A princípio o estilo de escrita me fez lembrar ?Ensaio sobre a cegueira?, do Saramago: basicamente cada capítulo é um parágrafo longo sem ponto contínuo e divisões, sendo o capítulo ?O esporro?, o maior de todos. Lembro que quando li o livro do Saramago fiquei impactada por ele usar apenas vírgulas e ponto final e ainda assim ser possível distinguir diálogos.
Em ?Um copo de cólera?, acontece algo parecido, mas o fluxo de linguagem pede uma leitura feita num fôlego só.

A escrita do Nassar possui poética, sensualidade e explosão que vai fazendo do enredo simples um escalonamento para uma agressividade sem razão e sem limites do personagem narrador. É interessante que nem o narrador e nem a mulher (que narra o último capítulo) possuem nomes, apenas os caseiros da chácara: Mariana e Antônio.

O que começa como tensão sexual, sedução e desejo termina em bate boca e violência física? a fúria do personagem narrador é desproporcional, contra tudo e contra todos e aparentemente é ativada quando ele percebe um rombo numa cerca viva feita pelas formigas.

Outro fato interessante é que em um ou dois trechos, no meio da discussão, o narrador faz menção ao governo ditatorial (ao qual também é objeto do seu ódio). O fato da mulher ser jovem e uma jornalista atuante dentro desse contexto (contra o regime militar) é mais uma gota nesse copo cheio até a borda de pura cólera.
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Víctor 30/05/2024

Prenúncio de uma obra Maior
Um Copo de Cólera traz a potência verbal que prenuncia a melhor obra do autor, Lavoura Arcaica, que eu considero superior tanto em forma quanto em conteúdo. Apesar de ter sido publicada depois, essa novela me parece ter sido escrita antes do romance mais famoso do autor, se minha rápida busca na internet for confiável (nunca se sabe).

Aqui, Raduan Nassar mostra seu domínio da língua portuguesa e do comando da respiração e frequência cardíaca do leitor, não deixando espaço para respiros uma vez que a obra engata. Estilisticamente, acho impecável.

O ponto talvez menos glorioso do romance são seus personagens, particularmente o protagonista, um homem amargo e presunçoso com uma noção aguda do próprio ridículo, que ele reprime com um ar de autoimportância (que não parece ter lastro na realidade - o que a protagonista feminina percebe e deixa bem claro).

Incomoda a violência de gênero, que apesar de não ser irreal nem exagerada, em um ponto da narrativa acaba parecendo quase gratuita, e algo romantizada. Apesar disso, é um retrato fiel de uma dinâmica muito presente na nossa cultura - um homem vaidoso e truculento, emocionalmente dependente do cuidado feminino; e uma mulher mais jovem em que ostensivamente se projeta uma imagem ao mesmo tempo erotizada e maternal. É difícil não sentir algum desprezo pelo personagem principal, mas não acho que isso passe despercebido pelo autor, ou que seja acidental.

No fim, uma obra muito bem escrita, angustiante e curta, com os dois pés no realismo, e uma sensação de espetáculo, que narra um trecho curto de duas vidas. Não chega à envergadura de Lavoura Arcaica, que considero uma das melhores obras em língua portuguesa, pelo menos desse lado do Atlântico, mas certamente vale uma leitura que cabe, como muito tem se dito por aqui, num fôlego só.
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Manuela222 25/05/2024

A escrita do autor é melhor do que a história
Não achei um livro excepcional. Não consegui me conectar tanto com os personagens, especialmente com o protagonista. Parece ser um homem presunçoso.
Apesar disso, a escrita e o estilo do autor são um deleite. As construções fardais, adjetivos e sequências lógicas são bonitas de se ver.
A obra, para mim, foi melhor em sua estética do que em conteúdo
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Bruna 14/05/2024

É maluco mas é maneiro
É um livro talvez por ser antigo um pouco complexo pra ler (com algumas palavras difíceis), mas que não torna o livro difícil, na verdade é bem engraçado de ler, as palavras escolhidas trazem a singularidade com o escritor. Gostei da forma que o livro se passa, ainda que seja totalmente singular a forma que é escrita. Apesar de ser um livro curto, é um livro muito complexo, por assim dizer, então pode pra algumas pessoas ser um ponto ruim.
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lyz 09/05/2024

Quê?
Quando li a sinopse pensei: ?meu deus preciso ler isso!? mas foi passando a história e eu fui me perguntando: ?pra que fui ler isso??

uma história que não fez muito sentido até agora não sei se entendi ou não (posso ta sendo muito burra kkkk). parece que o autor so quis tacar um monte de palavra inteligente sabe?!

pelo menos encontrei algumas palavras novas pro meu vocabulário
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Marialba 05/04/2024

Visceral
Me deu a impressão que é um livro de um único fôlego! Li em duas "sentadas". Rápido e sagaz. Totalmente visceral e real!
Um retrato cotidiano e nada modesto.
Talvez não seja para todo o público, pois é estruturado de forma bem distinta. Mas, vale muito a pena!
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MBressan 09/03/2024

Um fragmento bonito da violência
Gatilho. Quem sabe que precisa ir, mas volta. O desejo e a violência assimilados. O clichê repetido de amor e abuso confundidos. Visceral.
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Krol.Veras 07/03/2024

Breve e intenso
Um copo de Cólera é o terceiro texto de Raduan Nassar que leio, e segue um padrão de qualidade altíssimo, sua forma de escrever é envolvente, tensa, explosiva e singular.
Acho incrível como o autor consegue fazer de um desentendimento amoroso uma narrativa muito mais profunda e elaborada, tornando o corriqueiro em algo maior.
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