Luan 11/02/2023
Diálogos cheios de sarcasmo, amargor, um amor amargo? Desiludidos, perdidos em uma cama de casal. Palavras e palavras e um silêncio ensurdecedor por suas páginas. Um livro que termina com um soco.
A prosa pulsante de Nassar, cheia de imagens poéticas que se lê sem parar enquanto saboreia uma iguaria suave, ora azeda, ora doce, ora amarga.
Fala sobre solidão, destino, amor e morte, sobre como as pequenas coisas moldam nossas vidas, essas pequenas coisas para as quais não damos importância.
É sobre se recusar até a morte à mediocridade da vida cotidiana.
Todo encontro é uma oportunidade única de se tornar uma pessoa infinitamente melhor. Perdemos tanto neste momento de nossas vidas, talvez o mais importante, e esse é o momento de dizer adeus pelo medo de enfrentar o que sabemos desde o nascimento que nos espera. Ana Claudia me ajudou a viver minha vida no futuro.
“... eu então me levantei e fui sem pressa pra cozinha (ela veio atrás), tirei um tomate da geladeira, fui até a pia e passei uma água nele, depois fui pegar o saleiro do armário me sentando em seguida ali na mesa (ela do outro lado acompanhava cada movimento que eu fazia, embora eu displicente fingisse que não percebia), e foi sempre na mira dos olhos dela que comecei a comer o tomate, salgando pouco a pouco o que ia me restando na mão, fazendo um empenho simulado na mordida pra mostrar meus dentes fortes como os dentes de um cavalo, sabendo que seus olhos não desgrudavam da minha boca, e sabendo que por baixo do seu silêncio ela se contorcia de impaciência, e sabendo acima de tudo que mais eu lhe apetecia quanto mais indiferente eu lhe parecesse ..."