Ray-chann 27/05/2022
"Um por todos e todos por um!", essa frase não tem no livro
Os Três Mosqueteiros, romance escrito por Alexandre Dumas no séc.XIX, conta a história de quatro amigos mosqueteiros durante o reinado de Luís XIII, o Justo, no séc.XVII. Athos, Porthos e Aramis são os mosqueteiros que nomeiam o livro e que já são grandes amigos quando se deparam com d'Artagnan, um jovem recém chegado a Paris, corajoso, de pávio-curto, a quem falta muito bom senso (na minha opinião kk) e que sonha em se tornar um mosqueteiro também. A simpatia é quase imediata e o grupo se torna inseparável, (mesmo d'Artagnan não sendo mosqueteiro, servindo como guarda em outro regimento) vivendo diversas aventuras juntos e - como bem diz a sinpose da minha edição - lutando contra os inimigos da Coroa e da vida: Milady, linda, atraente e mortal; o Cardeal e seus guardas; e o excesso de vinho.
A única adaptação que já vi dessa história é o filme de 1993, que tem o Chris O'Donnell (D'Artagnan), Kiefer Sutherland (Athos), Oliver Platt (Porthos) e o Charlie Sheen (Aramis), atuando no papel dos protagonistas e eu adoro esse filme, acho que os atores combinaram muito bem com seus papeis e foi difícil não imaginar eles durante a leitura. Mas fora isso, as histórias são completamente diferentes, embora mantenha o espírito da coisa.
Esse livro parece conter duas histórias, mas elas são uma só. Deixa eu explicar, no primeiro arco da história (vamos chamar de arco pra não confundir), d'Artagnan conhece seus amigos e inimigos e se envolve numa trama política do Cardeal contra a Rainha, tendo que ir secretamente até a Inglaterra para recuperar as agulhetas de diamante que foram presente do Rei. Temos duelos, sequestros, mocinhas apaixonadas, tramoias dos poderosos, enfim, todos os elementos de uma boa aventura. Aí esse conflito é resolvido, os mosqueteiros ganham suas recompensas, o Cardeal tem seus planos frustrados, e... a história continua. Apesar de não fechar todos os pontos, esse momento dá muito a sensação de fim, de encerramento, até porque depois disso se inicia outra aventura, inaugurada pela busca de equipamentos para os mosqueteiros. Nesse segundo arco, a história segue com as consequências dos acontecimentos do primeiro, vinganças são planejadas e inimigos que continuam livres cruzam e descruzam o caminho dos mosqueteiros, tudo isso enquanto acontece a guerra entre França e Inglaterra. Então o enredo está coeso, apesar daquele sentimento. Todavia, embora o Cardeal ainda seja o mandante inimigo, esse arco não envolve diretamente a corte francesa e por isso parece menos imponente em suas aventuras. A perseguição e embate entre os mosqueteiros e a perigosa Milady se torna o foco e a história toma rumos dramáticos, terminando enfim, numa nota mais triste do que o primeiro arco, já que houve baixas tanto do lado dos mocinhos, quanto dos vilões. Por isso, mesmo sendo uma só história, sinto como se pudesse dividi-la em dois livros diferentes.
Cheia de ação, romance e bom humor, a narrativa de Os Três Mosqueteiros cativa desde a primeira página e as notas de rodapé e as lindíssimas ilustrações dessa edição da Abril Coleções ajudaram a entender o contexto da obra e a aproveitá-la melhor. Adorei cada segundo que passei nesse mundo em que as pessoas se desafiam a duelar até a morte depois de terem esbarrado uma na outra, mesmo não concordando com muitas das atitudes dos protagonistas e achando que o final passou pano pro verdadeiro responsável.
Enfim, foi verdadeiramente uma aventura. E não, realmente não tem o famoso lema dos três mosqueteiros nesse livro, talvez nas sequências, Vinte Anos Depois ou Visconde de Bragelonne, que compoem a trilogia dos mosqueteiros.