Biia Rozante | @atitudeliteraria 05/08/2015APAIXONADA E QUERENDO MUITO MAIS.Escrever a resenha deste livro, não tem sido uma tarefa muito fácil. Eu já comecei e apaguei umas dez vezes. Parece que nunca consigo encontrar as palavras exatas, as expressões corretas para dizer o quanto está lindo, e o quanto eu amei.
Ímpeto é um livro intenso, doloroso, mas verdadeiro. Seus personagens não são fantasiosos ou perfeitos, muito pelo contrário, eles erram, são falhos assim como nós, são pessoas com defeitos, imperfeitos, cheios de medos, dúvidas, inseguranças, mas que buscam a mesma coisa, ser feliz.
Desde que comecei a ler a série Inspiração, Ana e Alberto me atormentavam, visitavam minha mente e plantavam a sementinha da curiosidade e regava com tanta precisão que cresceu um amor por este casal. Muitas eram as especulações pelo que havia acontecido, mas ainda assim, ler foi devastador.
Ana, mulher firme, de pulso, orgulhosa, teimosa, admirável. Uma mulher que não abaixou a cabeça, que mesmo se sentindo morta por dentro, não permitiu que isso afetasse sua família. Uma mulher que sofreu um divisor de águas em sua vida, deixando para trás uma jovem romântica, ingênua e sonhadora e, se transformando em uma mulher amarga, sarcástica, infeliz. Uma alma que precisava se libertar do passado, que buscava compreensão, consolo, carinho, amor.
“— Quanto te conheci pensei ter encontrado o príncipe encantado, era uma bobagem de criança, meu príncipe virou sapo e eu virei a bruxa má. Mas sabe Beto? Eu gosto de ser a bruxa má.”
Alberto, um homem encantador, mas que falhou, que errou, que pecou. Um homem que foi um jovem imaturo e inconsequente. Um homem que precisou cair, se ferir, levar uma rasteira da vida, um sacode do destino para abrir os olhos e criar coragem de ir atrás do que queria. Que precisou aprender a lidar com o orgulho, com a teimosia e as consequências dos seus atos. Mas ainda assim, um homem forte, cheio de vida, com vontade de viver, de trazer luz em meio à escuridão que a sua amada se encontra.
“Ah, como eu queria voltar no tempo e reparar meus erros. Não os cometer e consertar tudo de ruim que fiz. Não ter quebrado dois corações que eram inteiros e que separados se estilhaçaram.”
Perdoar é tão difícil, esquecer o ódio, a amargura, a dor é uma tarefa árdua. Ser capaz de lidar com a perda, com a despedida, com a ferida que jamais vai cicatrizar, com as consequências é ainda pior. Agir por impulso é a pior decisão que podemos tomar, quantas oportunidades perdemos? Quantos erros cometemos por tentar resolver as coisas de cabeça quente? O que ganhamos em ser orgulhosos? Qual o problema em demonstrar fraqueza? Por que insistimos em não pedir ajuda?
“(...) Perdoar as mágoas é um desafio.”
Cada pessoa lida com sua dor de uma maneira diferente. Cada pessoa tem uma maneira de sofrer, de ligar o botãozinho do foda-se o mundo, cada pessoa reage de um modo especial quando é confrontado, humilhado, julgado, ameaçado ou condenado a uma condição irreversível. Por isso eu compreendo ambos os personagens. Entendo o quanto tiveram que lutar, que abdicar, que ultrapassar para conseguirem mais uma vez, levantar a cabeça, dar a volta por cima e ser capaz de seguir em frente. Em minha humilde opinião são guerreiros, soldados da vida, pessoas que lutam dia e noite para não sucumbirem a um abismo de dor.
Ana me olhava com o rosto banhado em lágrimas e abaixei a cabeça, derrotado. Percebi que não havia retorno para nós, era muita dor. Como um relacionamento sobrevive a isso?
Esse livro me rasgou por dentro, ele me envolveu desde a primeira página e me proporcionou milhões de emoções e reflexões. Eu realmente nunca passei por nada parecido, mas o enredo está tão bem construído que me senti parte da história, ali junto com a Ana vivenciando sua dor, suas vitórias e derrotas.
Gisele Souza mais uma vez me surpreendeu. A autora com sua sensibilidade e talento criou uma trama envolvente, com elementos verdadeiros, retratando a verdadeira força do amor real. Aquele amor entre pais, irmãos, amigos verdadeiros e a pessoa que o coração escolheu amar. Outro ponto positivo da escrita da autora, é que ela não foca apenas no romance, mas explora cada fato, cada acontecimento e nos deixa sedentos por mais. E por essa razão dona Gisele, preciso do livro do Tatuado, já estou em estado de sofrimento, ele é meu amor desde o primeiro livro e sinto que esse livro irá marcar minha vida literária.
Se ainda não conhece a série Inspiração, corra. Gisele Souza é uma das melhores autoras nacionais a qual eu já tive o prazer de ler.
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