Matheus P. 17/04/2014
Longe de ser um dos melhores trabalhos de Agatha Christie e eu jamais recomendaria este livro a alguém, mas, mesmo assim, não me arrependo de ter lido. Sem Poirot, Miss Marple e nenhum crime de aldeia em vista, Agatha Christie parece perdida e sem ar enquanto tenta desenvolver um romance sobre espionagem.
A história em si parte de um princípio legal: o sumiço de cientistas. Fica mais legal ainda quando Hilary Craven, uma mulher que estava perto de se matar, aceita se envolver na investigação. Conforme o livro avança, a história vai ficando inverossímil, forçada, salva apenas pelas boas descrições, desenvolvimento de alguns personagens e diálogos sobre ideologias que se mostram muito interessantes.
Pontos fortes: o desenvolvimento de Hilary Craven durante o livro e sua relação com Jessop. Muitos veem esta personagem como um reflexo de Christie em certa época de sua vida - uma mãe solteira amargurada após o fim de um casamento.
Também é muito interessante as descrições das viagens durante os anos 50. Christie sempre teve certo fascínio pelo norte da África e, neste livro, somos levados a conhecer o Marrocos.
Legal também conhecer a posição política de Agatha Christie (infelizmente, em meio a um roteiro muito fraco). Contudo, ela trata com maestria a respeito do lado ditatorial do comunismo (ou, se o leitor da resenha preferir, 'socialismo real'), fazendo comparações deste com o nazismo. "O senhor gosta de ser dirigido, de ser mandado e de não ter opinião própria?". Alguns amam apontar evidências de preconceito racial ou étnico nos trabalhos de Christie, mas eu tenho certeza que ela era bastante liberal.