@vaisetratarleitora 14/04/2024
Surpreendente
Dando continuidade ao meu projeto pessoal de leitura dos livros da Agatha Christie, chegamos ao seu 60º livro, publicado em 1954.
Achei esse livro uma pegada bem diferente da grande maioria dos livros da Agatha. A história e o desenvolvimento parecem saídos de um filme de aventura. Eu sei que normalmente os livros são a base de muitos filmes, mas nesse livro especificamente, a sensação era de ler um filme. O tempo todo eu tive a sensação de já ter visto aquela história em filmes antes, embora eu não consiga me lembrar de nenhum filme assim. E isso não é uma crítica de jeito nenhum, foi só uma sensação bem diferente de todas as que já tive ao ler os livros dela, o que me impulsionou a querer continuar lendo e ver o que ia acontecer.
Apesar do criminoso principal se revelar no meio da história (e eu já sabia que era ele), as reviravoltas da história e a revelação de personagens, fazem com que ela não perca o seu interesse.
Dito isso, já tem um ou dois livros da Agatha que tenho percebido ela abordar de uma forma mais critica o racismo na sociedade. É diferente da forma como ela lidava com personagens negros antes. Agora, eu consigo perceber que quando há uma fala racista, é com um tom crítico, embora a pessoa não seja confrontada diretamente, mas a forma como a situação é colocada, mostra a crítica a essa fala. Fiquei feliz de ver essa mudança e perceber que ela estava começando a repensar as atitudes normalizadas da sociedade em que ela vivia (ou que ela tenha conseguido expressar melhor a sua crítica com relação a isso, pois anteriormente, eu nunca entendi as falas racistas nas histórias serem colocadas como crítica, pra mim sempre passou a sensação de ser só uma fala normalizada dentro da história). Vale dizer que há uma situação de black face no desfecho da história, onde um personagem branco se "disfarça" de negro para poder se infiltrar em uma situação. Apesar de saber que isso é errado, sei que na época isso não era visto assim (e infelizmente tem pessoas até hoje que não acham que isso seja um problema) e que era um recurso comum em filmes, teatros e etc, então entendo ela ter utilizado, embora eu não tenha gostado.
Quanto ao final da história, não gostei totalmente, mas entendo.
Apesar disso, por esse livro passar uma vibe tão diferente de todos os outros da Agatha, eu gostei muito da história e sem duvida recomendo a leitura.