Vê 04/01/2017Se você, até agora, não parou para ler Miss Marple ou sequer sabe da existência dessa simpática, adorável e astuta velhinha detetive, pare agora mesmo o que está fazendo e vá descobrir o que ela anda aprontando pelas páginas de Um Passe de Mágica.
Os livros da Agatha Christie sempre têm uma narrativa que te instiga a curiosidade e mexe com seu instinto detetive. O que, muitas vezes, para mim, é sinônimo de me enganar o tempo todo sobre quem é o verdadeiro culpado. E com Um Passe de Mágica não poderia ter sido diferente.
Miss Marple é alertada por uma de suas amigas de infância, Ruth, de que a irmã desta, Carrie Louise possa estar correndo perigo em uma enorme mansão que há algum tempo, passou a funcionar também como uma espécie de centro de reabilitação para menores infratores. Só até aí já dá para sentir que o clima é bem sinistro, não?
Sendo assim, Miss Marple vai até a mansão para visitar Carrie Louise, que encontra-se com um novo marido, o entusiasta Lewis, que é bem animado com o internato que praticamente funciona em seu quintal.
Como é de praxe em qualquer livro que li da Agatha até agora, não se surpreenda com a imensidão de personagens que ela te apresenta, todos com nomes bem distintos um do outro e igualmente difíceis de serem lembrados e atribuídos a esta ou aquela pessoa. Por isso, uma dica interessante seria fazer um breve rascunho sobre quem é quem para consultar rapidamente durante a leitura e, assim, mesmo que você retome o livro depois de algum tempo, não precisará ficar adivinhando.
Neste caso, nossas atenções são rapidamente atraídas para o reformatório, onde Lewis acredita ser capaz de reabilitar jovens infratores e ensiná-los atividades que possam, de alguma forma, contribuir para a sociedade. Durante a visita de Miss Marple, Christian, enteado de Carrie Louise, chega à mansão para reunir-se com Lewis e, quando ele é misteriosamente encontrado morto enquanto escrevia uma carta que sumiu, está na hora da doce e perspicaz velhinha entrar em ação.
Quanto mais investiga as estranhas circunstâncias, desde a chegada de Christian até mesmo outras duas mortes que praticamente se seguem na mansão, Miss Marple fica convencida de que tudo, na verdade, possa tratar-se de ilusão, como aquelas que mágicos se utilizam para distrair seu público enquanto realizam outras coisas. E é nessa mágica de palco, nas distrações que pode residir a resolução para estes três assassinatos.
Ler qualquer aventura que seja da Miss Marple é sempre um grande exercício para a mente. Não só por conta da penca de personagens que são apresentados e você precisa associá-los rapidamente aos protagonistas, mas também pela sucessão de fatos que te levam de personagem em personagem, levantando suspeitas e depois as desfazendo, às vezes quase que imediatamente, outras, durando o livro todo.
E cada vez que eu me vejo numa nova aventura, permeada por mansões ou simplesmente no pequeno vilarejo de nossa detetive, não consigo deixar de torcer para que sua participação seja ativa e que ela nos brinde sempre com suas perspectivas do que somente ao final da história. Posso dizer que Um Passe de Mágica fornece toda a participação possível de Miss Marple desde o comecinho e inicia um dos melhores livros que li dela até então.
Sério, se você ainda não deu uma chance, corra e tire o atraso agora mesmo! Não precisa ler na ordem, como eu estou fazendo, afinal, as histórias são completamente independentes. E, talvez, se optar por uma história tão surpreendente quanto esta, pode até ser que dê chance às outras mais rápido do que imagina!
Lembre-se: ler Agatha Christie é um desenvolvimento constante da perspicácia e da capacidade de fugir das obviedades que muitas vezes esperamos, forçando-nos a buscar pelos impossíveis...mas não sem antes suspeitar de todo mundo (pelo menos, no meu caso!).
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