Relatar a si mesmo

Relatar a si mesmo Judith Butler




Resenhas - Relatar a si mesmo


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Fernanda.Kaschuk 04/10/2019

A construção da narrativa do si mesmo por Butler
Vindo da ruptura de uma filosofia tradicional e conservadora, Butler (destruiu e) e reconstruiu uma leitura do sujeito enquanto narrador de si, na compreensão e interpretação das próprias características psíquicas, fisiológicas, jurídicas, políticas, etc. Partindo dos escritos de Laplanche, Levinas e Foucault ela faz um apanhado dialético dessas filosofias de modo a extrair aquilo que lhe agrega enquanto mais coerente e contemporâneo, trazendo à tona as contradições da linguagem e do próprio humano, enquanto independente e ao mesmo dependente do meio em que vive, tendo que sempre partir do outro para chegar a si mesmo, ainda que as vias narcísicas se tornem cada vez expressivas no tempo em que vivemos.
Douglas 12/02/2021minha estante
Excelente resenha!




Osmar Weyh 19/02/2021

Refletir sobre si
Em diversos apontamentos, vemos a importância de se auto legitimar, ter um conhecimento sobre si que é político e ao mesmo tempo envolve uma gama social que se reflete as pessoas em nosso redor. Se auto conhecer é um exercício e ao mesmo tempo um movimento.
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Christiane 24/07/2021

Butler tem sido minha filósofa preferida de uns tempos para cá, principalmente porque retoma grandes filósofos, antropólogos e psicanalistas fazendo um crítica através do questionamento e não da destruição e partindo deles para criar algo além que acompanhe o mundo atual e suas questões, mas sem desconsiderar o que estes teóricos compreenderam dentro do seu contexto e momento que viviam. Pessoalmente gosto mais desta forma de pensar do que uma dialética onde se nega a tese para se criar a síntese, o novo.

Ela acaba refletindo minha forma de pensar, ao analisar o que muitos disseram e estudaram e que ainda é paradigmático hoje, chegando muitas vezes a ser inquestionável, mas em que minha opinião precisa ir além, uma vez que o mundo tem mudado a uma velocidade meteórica e surgem novas formas de relacionar-se, de viver a vida, além de questões como a dificuldade em aceitar as diferenças, o ódio ao outro, a forma como estamos alienados e imbuídos de um sistema que rege nosso pensamento.

Neste livro ela pensa sobre a ética e o outro.

A questão do livro é o fato do eu narrar a si mesmo e de como deve agir, porém ao nos darmos conta de que não conseguimos falar de si mesmo sem o outro, sem nos darmos conta que este eu surge dentro de condições sociais, ou seja, pelo outro, surge uma nova maneira de pensar a ética.

Não há como eu se conhecer de forma completa, este eu não existe sem o outro, sem o social, uma vez que somos constituídos pelas normas sociais, pela linguagem, que nos precede. Então para que eu possa me responsabilizar por mim estou simultaneamente me responsabilizando por este outro que está em mim.

E a crítica é que justamente vivemos num sistema que cobra o eu, temos que ser consistentes e com pleno autoconhecimento de si mesmo e passamos a nos autocensurar. Mas ao nos darmos conta que destas normas que nos constituem e ao criticá-las podemos também nos dar conta da fragilidade do outro que é constituído da mesma forma.

Butller traz para um plano filosófico o que aprendi pela psicanálise. Nosso eu é algo frágil, constituído pelo outro, respondemos ao desejo do outro, e ao nos darmos conta disto percebemos o quanto somos limitados e pouco donos de si mesmo, ou como dizia Freud, o eu não é dono em sua casa. Mas isto também nos leva a compreender que o outro é como nós. Mas ela vai além, uma vez que traz a questão para o mundo, no contexto atual e a coloca na ética.

Só podemos compreender o outro suspendendo nosso juízo, para poder compreender a humanidade do outro, ao invés de fazer juízos.
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Edi 17/08/2021

Muito bom!
Sou suspeito para falar sobre tudo o que aponta a Judith Butler porque sou um admirador do seu trabalho.
Esse é mais um livro sensacional de Butler que nos faz pensar na sociedade como um todo, fazendo com que questionemos não só toda a estrutura hegemônica como a nós mesmos.
Vale muito a pena a leitura.
Para quem ainda não leu nada da autora, sugiro que comece por problemas de gênero ou leia alguns artigos publicados. Essas leituras prévias faz com que esse livro, que é um pouco mais denso, seja melhor aproveitado quando lido.
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dehtavi 19/05/2022

Fenomenal!
Esse é definitivamente um daqueles livros do qual você termina com uma sensação de quase total incerteza sobre tudo o que usualmente voce tinha por certo. Não somos nunca interpelados, sem nos perdermos. Nesse livro não só tive ciência da minha opacidade, como também "me deixei" ser invadido pela teoria crítica de Butler. Li em 3 dias, como se lê um romance, em toda as suas epífases, seus tédios, suas angústias e suas conclusividades. Butler é aquela que narra a desvelação de nós mesmos de uma maneira doce, e por isso lê-la sempre se torna um ato de felicidade.
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