O Fio da Navalha

O Fio da Navalha W. Somerset Maugham




Resenhas - O Fio da Navalha


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Fabio Shiva 24/05/2012

Foi muita sincronicidade ter lido esse livro logo na sequência de “Sidarta” do Hermann Hesse.
Pois os dois livros tratam da questão da iluminação ou samadhi. Então ler Maugham complementou e ajudou na leitura de Hesse!

Primeiro, a questão do ponto de vista. Ambos os livros tratam de um tema oriental, e ambos foram escritos por autores ocidentais. No entanto em Hesse temos um amálgama genuíno entre o oriental e o ocidental, uma mistura originalíssima a ponto de ser universal. E aqui em Maugham (pronuncia-se algo como MAWM) a história nunca deixa de ser contada por um ocidental.

Não é vergonha para ninguém ser menor que Hesse, pelo contrário: só a comparação com Hesse, em si, é o maior dos elogios!

Pois no quesito estritamente da literatura, Somerset Maugham bate um bolão! É uma delícia de se ler esse livro! O autor é muito charmoso e sedutor ao contar a sua história, sempre com muita elegância. Esse é o segundo livro dele que leio (o primeiro foi Of Human Bondage, que pude de ler em inglês), e nos dois tive essa mesma sensação de encantamento: comecei a ler, e fui lendo e lendo até que de repente o livro chega ao fim, que pena! Bom demais!

Um recurso pra lá de original foi alegar que a história toda não era invenção, mas um relato fiel de fatos, onde o autor somente se preocupou em proteger a identidade das pessoas envolvidas. A originalidade não está nesse recurso apenas, uma vez que Conan Doyle já fazia isso nas aventuras de Sherlock Holmes (só para citar um inglês mais antigo). A grande sacação de Somerset Maugham foi a de incluir a si mesmo no livro, como personagem secundário que vai testemunhando o desenrolar dos acontecimentos.

Gostaria de falar muita coisa ainda a respeito desse livro, mas enfim! Vou me limitar a dois comentários finais. Primeiro, foi que durante a leitura veio crescendo uma forte desconfiança: acho que Somerset Maugham foi o modelo parodiado por Anthony Burgess para o seu escritor Toomey, impagável criação que ganha vida no livro “Poderes Terrenos”. Segundo, foi muito interessante ver temas tão caros por essa ótica do autor!

Um livro que faz pontes com tantos livros excelentes! Só por isso já seria altamente recomendável! Mas o melhor de tudo é que é realmente muito bem escrito!


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Comunidade Resenhas Literárias

Aproveito para convidar todos a conhecerem a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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Cris 26/03/2019minha estante
Terminei hoje mesmo o livro Sidarta, do Hesse e seu comentário me fez refletir se deveria ler esta obra prima do Maugham em sequência.


Fabio Shiva 30/03/2019minha estante
Oi Cris! Li esse livro há sete anos, sinto que preciso lê-lo novamente, gratidão por seu comentário que trouxe essa percepção!




Pavozzo 23/02/2024

"A lâmina afiada de uma navalha é difícil de atravessar, por isso os sábios dizem que o caminho da salvação é árduo"
Em 1946, o crítico americano Edmund Wilson escreveu na revista "The New Yorker" o seguinte: "Nunca consegui convencer-me de que ele (Maugham) fosse nada mais do que um escritor de segunda ordem". Embora sinto-me incapaz de oferecer uma argumentação contrária consistente, sou da opinião de que o crítico exagerara em suas palavras.

Neste livro, obra da maturidade do autor, Maugham consegue reunir três características que são-me muito apreciadas: uma escrita agradável, o desenvolvimento de personagens complexas, e uma história capaz de proporcionar reflexões sobre propósito e o sentido da vida.

Lawrence Darrell é um jovem aviador cheio de gosto pela vida, mas a experiência traumática da morte de um amigo durante a primeira guerra mundial vai transformá-lo completamente: de que adianta lutar tanto, viver perseguindo sonhos e buscando experimentar tudo de bom que a vida tem para oferecer se, no fim, vamos terminar prostrados em uma vala, esperando inertes que os vermes roam as frias carnes de nossos cadáveres? O questionamento levará Larry por uma viagem pelo mundo e pelo interior de si em busca de respostas.

Maugham não se limita ao drama pessoal de Larry - acompanhamos o caminho trilhado por outras personagens em razão de suas escolhas de acordo com os propósitos de vida que cada qual possui: seja este prestígio social, segurança financeira ou uma família. Entretanto, como uma navalha de dois gumes, o que talvez seja mérito na obra acaba também por ser o seu defeito: apesar de Larry ser a razão principal para que essa história nos fosse contada, o autor não consegue trabalhá-lo tão bem quanto Isabel, amiga de infância e noiva de Larry, e Elliott, tio de Isabel.

Repleto de observações espirituosas, Maugham narra aqui uma história de sucessos, na qual todos encontram, no fim, aquilo que buscavam em vida. A questão é: isso lhe fez feliz?
edu basílio 25/02/2024minha estante
que elegância tem o seu relato :-)




Silvana (@delivroemlivro) 19/03/2018

Uma navalha tem dois lados
O ponto mais interessante desse livro é que o autor se faz de personagem e com uma fina ironia e disfarçando o total domínio da narrativa vai apresentando suas criaturas como se fossem amigos, conhecidos seus.

Me parece que a intenção do autor aqui era confrontar culturas, estilos de vida e apresentar suas vantagens, desvantagens, suas incongruências e, especialmente, similaridades. Há uma gama de situações em que são demonstrados rituais com as frivolidades das classes altas, em outras acompanhamos o individualismo exacerbado (e travestido de desapego) de um ser de espírito elevado.

As máscaras que usamos, os rituais a que precisamos nos submeter na vida em sociedade para fazermos parte dela: nas festas, nas exposições de arte e também nos mosteiros, nos lugares sagrados. Sutilmente o autor vai demonstrando que na vida nada tem apenas uma faceta e que entre os valores da cultura ocidental e os da cultura oriental, por mais diferentes que sejam, há um ponto de contato de suma relevância e que unifica tudo: o ser humano.

"É difícil a gente compreender bem as criaturas e não creio que possamos conhecer ninguém a fundo (...)."
Disotelo 05/10/2019minha estante
Bela síntese.




Pseudokane3 07/09/2010

O que eu fiz com minha própria leitura?!
Acabo de descobrir que a versão deste livro que eu acabo de ler é uma edição reduzida do mesmo, em que a trama foi simplificada visando à disseminação do idioma pátrio do autor... Conclusão: preciso encontrar uma versão integral deste romance para constatar se minhas frustrações em relação à trama estão contidas no original, escritas pelo estilo melancólico do autor ou se fazem parte apenas da deformada edição que apareceu diante de mim...

Do jeito que li, incomodei-me com os julgamentos complacentes que o narrador faz sobre os personagens que o rodeiam, achei que a trama ficou datada. Mas não posso me aventurar a julgar que nem ele o faz... Vou reler... Estou no aguardo.

Acima de todo e qualquer problema, atesto que W. Somerset Maugham está entre os autores que mais me apaixonarão daqui por diante...

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Simone 20/09/2012minha estante
Vim em busca de uma explicação. Notei que meu livro tem umas 100 páginas a menos. Que pena! Quero relê-lo. Senti que faltou algo. Só agora compreendo. Seja lá o que tenha sido retidrado da narrativa, fez falta.




Claudio 30/07/2015

O Fio da Existência
Maugham retrata neste romance a história, segundo ele verídica, de Larry e sua busca pelo sentido da vida. Nessa caminhada alguns personagens enriquecem o conto e ajudam a formar pequenas histórias paralelas que compõe o todo. Aliás, o autor faz questão de afirmar que os nomes dos personagens são fictícios, pois no período no qual o livro foi escrito, algumas das pessoas envolvidas ainda estavam vivas.

O livro, dividido em 7 capítulos, abrange o período final da primeira guerra mundial, passa pela crise da bolsa de Nova York em 1929 e termina na antevéspera do início da segunda guerra. Possui a Europa como contexto geográfico e social principal, mas também serve-se da América do Norte, mais precisamente os Estados Unidos como pano de fundo. Na última parte do livro, nos é apresentado um pouco da cultura oriental por conta da viagem de Larry a India.

O livro é dividido em 7 capítulos. O primeiro deles é introdutório. Maugham apresenta os personagens principais que comporão o restante da história, assim como todo o contexto que a permeia. Começa sua narrativa em solo norte americano e a desenvolve na Europa pós primeira guerra mundial. Neste capítulo nos é apresentado o que viria a ser o cerne do livro, isto é, as inquietações de Larry e a busca pelo sentido da vida.

O capítulo 3 começa 10 anos após os eventos narrados nos capítulos anteriores. A grande depressão ocasionada pela ruína da bolsa de valores de Nova York, as mudanças físicas e psicológicas que os personagens sofreram durante este período formam a tônica desta parte do livro. Larry se aventura peregrinando pela Europa, se entrega aos prazeres sensuais do corpo, já Isabel casara-se com Gray.

No capítulo 5 Maugham versa sobre seu compatriota Eliot, sua degeneração por conta de uma doença. Relata a situação de Sophie e seus vícios, os mais variados possíveis.

A peregrinação espiritual de Larry e sua busca pelo sentido da vida são a tônica do capítulo 6. O autor, através do personagem, nos leva a profundas inquietações filosóficas e existências.

Por fim, o capítulo 7 é o desfecho deste romance, os acontecimentos envolvendo Sophie e o último encontro entre Larry e Maugham antes que ambos retornem aos Estados Unidos.

OPINIÃO SOBRE O LIVRO:

Esta é a primeira obra que leio de Maugham, depois de muitos anos é também o primeiro romance a que me detive, razão pelo qual resenhá-lo se torna um desafio. Segundo os críticos “O Fio da Navalha” é considerada uma obra diferenciada e intermediária do autor, onde livros como “Servidão Humana” e “O Destino de um homem” tiveram uma receptividade melhor pelo público. A leitura começa difícil para quem não está habituado ao estilo literário, mas com o desenrolar da história, logo ela começa a se tornar agradável.

Maugham é bem detalhista na composição dos personagens assim como os lugares por eles freqüentados, principalmente a geografia e cultura européia. Os protagonistas do romance formam tipos psicológicos fortes e bem definidos e o cerne existencialista permeia todo o enredo, principalmente em relação a Larry, o personagem principal do livro.

Creio ser justamente o existencialismo a grande questão que o livro nos apresenta. Talvez pelo período que o abrange, desde o fim da primeira guerra, suas conseqüências e suas seqüelas psicológicas e emocionais que em parte é relatada no livro, seja pela grande depressão com a queda da bolsa de Nova York e como isso afetou a vida de toda uma geração e, principalmente, por ter sido escrito em meio a segunda guerra mundial, é esta a impressão que fica.

Além disso, a peregrinação de Larry, uma espécie de alter ego do autor e a busca por uma paz interior e por um propósito que faça sentido para a vida em um mundo caótico reforçam essa idéia e pavimentam, por que não, a revolução cultural que o mundo sofreria nos movimentos reacionários da década de 60.

O capítulo 6 considero o mais importante e emblemático do livro. As questões que Maugham levanta através das inquietações de Larry representam a busca de todo homem pela razão de sua existência. Como se fora um grande filósofo, Maugham não nos apresenta respostas, mas sim nos provoca a caminharmos com ele na sua empreitada.

Por fim o livro termina de uma maneira muito óbvia, e a sensação que passou foi a de que o autor precisava encerrar a sua obra diante de uma certa urgência. Não por isso ele seja desqualificado, pelo contrário, pois o leitor pode ter outra opinião, outra percepção da obra que não seja semelhante a minha.

Num todo, o “Fio da Navalha” é um romance interessante que nos desafia a repensar nossas prioridades e a olhar o outro com uma perspectiva mais humana e solidária, onde talvez, ao viver desta forma, estejamos mais perto de entender o sentido da vida e o significado de nossa própria existência.

Por Claudio Amarante

site: http://operegrino.tumblr.com/post/125391525479/resenha-o-fio-da-navalha
Thereza 03/10/2016minha estante
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EURAC 11/06/2015

Em Um Relacionamento Aberto Com: O FIO DA NAVALHA
O interessante foi que aos poucos entre mim e o Sr W. Somerset Maugham foi se estabelecendo uma relação de confidência. Sua vontade de falar somou-se a minha disposição em ouvir, o que raramente acontece em um encontro despretencioso destes. Geralmente esta relação unidirecional logo me enfada, mas com Maugham foi diferente. Parecia que ele ensaiava algo ao me dizer o que dizia.

site: www.eurac.com.br
Lair 05/07/2015minha estante
Para além da questão da busca da espiritualidade, esse livro me chama a atenção pelo tema "voltar da guerra". Quais outros livros teriam essa mesma temática?




Ju Lopes 30/10/2009

Uma viagem, inclusive interior
Livro de fácil leitura, a descrição dos personagens é profunda, com riqueza de detalhes, de modo que você acaba conhecendo todos eles de verdade.
Fiz uma viagem, juntamente com Larry, a muitos lugares e para dentro de mim mesma.
O autor aborda diversas religiões sem a intenção de convencer o leitor de algo, é tudo muito sútil e interessante.
É uma pena, como sempre acontece nos bons livros, terminar a leitura e ter que se desligar dos personagens.
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Luciano Bernardo 18/02/2010

Ótimo livro
Me surpreendeu muito esse livro. Parece uma história boba e despretensiosa, mas que fisga o leitor logo no inicio.

Vários personagens que encaram a vida de maneiras diferentes.

Cada personagem "conta" a sua maneira.

Larry é encarado com o personagem principal, mas os outros possuem o mesmo valor.


Vale a pena!
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Tina 25/01/2010

Li o livro e vi o filme. Um livro que trata das escolhas de vida. O autor é um dos personagens. Os diálogos são maravilhosos. Super bem escrito. Amei.
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JOJo 28/12/2010

No fio
Muito bom ..conheci o autor com o livro e adorei a historia é forte e prende a atenção todo o tempo ,enquanto você não termina não para de ler
. Larry vai em busca do alto conhecimento e abandona tudo aquilo que após a guerra deixou de fazer sentido pra sua vida. Bárbaro!!
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Carla.Parreira 10/10/2024


O Fio da Navalha (William Somerset). Eliot Templeton é descrito como um americano sofisticado e socialmente habilidoso em Paris, onde se tornou conhecido por suas conexões aristocráticas e por ser um amante das artes. Eliot se destaca por sua aparência elegante e charme, desde suas roupas até seus modos refinados. Ele manteve um estilo de vida que lhe permitiu frequentar a alta sociedade, onde utilizou seu conhecimento sobre arte para negociar negócios discretos. Embora a sociedade tenha suas desconfianças em relação a ele, a habilidade de Eliot de agradar e de se adaptar às exigências da elite francesa é notável. A narrativa explora a vida social de Eliot, sua busca por conexões e a capacidade de se envolver com figuras influentes, enquanto simultaneamente se faz amigo do narrador. A amizade se desenvolve gradual e naturalmente, refletindo sua ambivalência em relação ao sucesso do autor como escritor, ao mesmo tempo que demonstra a superficialidade das interações sociais na sociedade que Eliot tanto admira. Eliot experimenta uma transformação espiritual, incluindo sua conversão ao catolicismo, que complementa sua vida social e o aproxima ainda mais da elite europeia. A narrativa prossegue com o encontro de Eliot com o narrador em Chicago, onde se entrelaçam histórias sobre suas famílias, os amigos e a sociedade americana que parece confusa e inquieta para Eliot. Enquanto o narrador compartilha detalhes de sua vida, incluindo descontentamentos com a própria situação familiar, a discussão se desvia para as novas amizades dos filhos de Eliot, que se entrelaçam com os jovens americanos. O caráter e a ambição de Larry, um dos jovens mencionados, despertam a preocupação sobre seu futuro e suas ambições, mas ele se encontra em uma encruzilhada, refletindo as incertezas da vida contemporânea. A relação entre Isabel e Larry toma forma em meio às interações sociais, destacando a complexidade dos sentimentos envolvidos, com a pressão sobre Larry para encontrar um emprego e se estabelecer. O narrador observa as dinâmicas entre os jovens e as famílias, enquanto um novo emprego sugere esperança e mudança.
As conversas ao redor da mesa ao longo do jantar revelam a vontade de plotting na vida destes jovens, particularmente Larry, que luta com a expectativa de conseguir um emprego e a pressão para se afirmar. A história continua com as inter-relações entre os personagens, cujas vidas se entrelaçam com as complexidades do ambiente social e as expectativas pessoais que se chocam com a realidade de suas experiências. Larry havia se recuperado totalmente, mas a passagem do tempo e suas incertezas sobre o futuro o levaram a recusar várias ofertas de emprego. O noivado com Isabel era algo esperado, dado o quão próximos estavam, e sua mãe, apesar de gostar de Larry, alertava que ele precisava assumir responsabilidades. Durante uma conversa, o Dr. Nelson expressou sua preocupação sobre a falta de ambição de Larry, percebendo mudanças em sua personalidade desde que voltara da guerra. Ninguém sabia ao certo as razões para Larry estar tão reservado sobre suas experiências. Isabel também estava angustiada com a indecisão de Larry e com a pressão da família para que ele encontrasse um propósito. Enquanto isso, a discussão sobre o futuro deles se intensificava, especialmente sobre a possibilidade de um casamento imediato e de Larry aceitar um emprego. A proposta de um piquenique, planejada por Elliot, se tornou um momento tenso, pois ambos sabiam que a relação dependia de Larry assumir um novo rumo em sua vida. Após algumas interações, o clima entre eles se tornava mais complicado, especialmente quando Larry revelou seus planos de se deslocar para Paris, algo que deixou Isabel em um estado de incerteza e tristeza. Ela prometeu esperar, mas as circunstâncias de sua passividade frente à vida de Larry a preocupavam. Durante um encontro em Marvin, conversas profundas revelaram as inseguranças e dilemas existenciais que Larry carregava, fazendo com que Isabel se sentisse impotente em sua situação. Larry, por sua vez, começava a ver a vida de uma maneira mais ampla, refletindo sobre sua experiência na guerra e a fragilidade da vida. Ele expressou suas dúvidas e incertezas, e o que parecia ser um desejo de escapar da pressão da sociedade. Isabel, esperançosa, tentou confortá-lo, mas encontrou resistência em seu desejo por liberdade. No final, a ideia de Larry partir para Paris era recalcada em uma busca de autoconhecimento e compreensão, enquanto Isabel enfrentava o desafio de aceitar que poderia ter que esperar por um amor que parecia não estar pronto para assumir um compromisso. A tensão entre a ânsia de liberdade e a necessidade de conexão emocional permanecia latente, refletindo a complexidade de seus sentimentos e as expectativas que a sociedade impunha a ela. Larry era um aviador nato, adaptando-se rapidamente ao ambiente de combate, onde desenvolveu uma amizade cômica com um colega mais baixo que ele. Essa amizade se fortaleceu em Paris, onde, em meio às aventuras, enfrentaram uma intensa batalha aérea. Após um confronto, Larry observou seu amigo, gravemente ferido, perder a vida de maneira abrupta, deixando-o perplexo e reflexivo sobre a fragilidade da vida. Depois disso, a vida de Larry seguiu em Paris, onde parecia mais distante de suas responsabilidades. Enquanto isso, Isabel, preocupada com sua falta de planos, questionava suas decisões em continuar o noivado. A mãe de Isabel, ansiosa por ver a filha estabelecida e sabendo da condição de saúde que enfrentava, pressionava-a sobre como seria o futuro e o que faziam em Paris. Mesmo distantes, queimava-se um desejo por Larry, mas as expectativas de Isabel em relação ao futuro e à sociedade contrastavam com a busca de Larry por autoconhecimento e respostas existenciais. O relacionamento deles começou a ficar tenso, com Isabel antecipando um chamado à realidade que Larry parecia evitar. Durante um dos encontros, Larry expressou suas inquietações sobre o sentido da vida, questionando se existia um propósito ou apenas um ciclo de incertezas. Isabel, por outro lado, ansiava por uma vida mais convencional, repleta de eventos sociais e estabilidade, argumentando que a vida em Chicago era, de fato, mais palpável e concreta. O contraste se intensificou quando Isabel revelou seu desejo de uma vida social agitada, repleta de eventos e riquezas, enquanto Larry seguia seu caminho, imerso em busca de conhecimento. A conversa culminou em um momento de tensão emocional, onde Isabel entregou o anel de noivado, simbolizando uma ruptura entre suas visões de futuro. Embora ambos se comportassem com uma retórica civilizada, a dor da separação permeava o ar. Na sequência, Isabel ao receber Larry em casa, se viu cercada por uma atmosfera social exuberante. A presença de suas amigas americanas, com suas posturas artificiais e sua busca constante por uma aparência impecável, destacou ainda mais a energia fresca de Isabel. A admiração por seus trajes luxuosos despertou nela uma nova consciência de identidade e desejo, ao mesmo tempo em que refletiu sobre as exigências que a sociedade impôs, tornando evidente a busca por pertencimento em uma vida que não estava mais disposta a compartilhar com Larry. Essa dinâmica entre a busca por autenticidade e as pressões sociais se intensificou, refletindo, dessa forma, a luta interna de Isabel em equilibrar seus próprios desejos com as expectativas que a rodeavam. Isabel estava imersa em um mundo que lhe parecia civilizado e encantador, sentindo a emoção de compartilhar experiências com suas amigas em Paris, onde o ambiente era deslumbrante com móveis de valor inestimável e um ar de sofisticada elegância. Essa nova realidade a impressionava, especialmente quando comparava ao simples quarto de hotel que dividira com Larry, onde ele não via falhas. Após a saída das visitas, Isabel, sozinha com sua mãe, comentou sobre a adaptação de suas compatriotas em Paris, revelando sua admiração por elas e a condição de Luiza, que não mudara tanto. O diálogo com sua mãe revelou a decisão de Isabel de não continuar seu noivado com Larry, uma informação que sua mãe não levou a sério. Eles discutiram o desejo de Larry por seguir em frente, planejando uma viagem à Grécia ao invés de retornar aos Estados Unidos. Isabel, com o coração em conflito, não queria discutir o assunto com sua mãe, mas a dor da separação era evidente. Isabel reconheceu que a vida social em Londres poderia ser uma distração, especialmente diante de um jovem da embaixada que estava interessado nela. Larry, por sua vez, continuava sua vida despreocupada, mostrando-se firme em suas decisões e mantendo uma amizade cordial com Isabel, sem demonstrar tristeza ou arrependimento pelo rompimento. Ao mesmo tempo, havia a preocupação de sua mãe sobre como eles poderiam agir em público não sendo mais noivos. O desejo da mãe de Isabel era que ela se estabelecesse com alguém que tivesse posses e relacionamentos, e sugeriu que Isabel deveria esquecer Larry. Na próxima fase de suas vidas, Isabel e sua mãe se mudaram para Londres, esperando encontrar novas oportunidades e distrações. Isabel parecia estar bem, alegre e revitalizada, participando de eventos sociais e se misturando com os elegantes da alta sociedade, enquanto Larry, após o rompimento, decidiu trabalhar em uma mina de carvão para descobrir mais sobre si mesmo. O trabalho manual foi um contraste com sua vida anterior e serviu como uma forma de reavaliar suas prioridades e o que realmente desejava da vida. Coste, um antigo oficial de cavalaria polonês, passou a ser seu companheiro de trabalho, trazendo uma relação amistosa e complexa, com seus próprios segredos e histórias. A adaptação de Larry ao novo trabalho não foi fácil, mas ele conseguiu chegar a um entendimento sobre seu novo eu. O desejo de compreensão era algo que Larry levava consigo, explorando a vida e as suas nuances, com o peso do rompimento de seu relacionamento com Isabel sempre presente em seus pensamentos, enquanto Isabel navegava pelo glamouroso, mas superficial, mundo de Londres, tentando encontrar sentido entre festas e compromissos sociais. O colapso financeiro trouxe uma onda de pânico e incerteza, e logo chegou ao conhecimento de todos a gravidade da situação. Hélio, por estar envolvido nos investimentos de Harry Martin, imediatamente se preocupou com as repercussões que a crise traria para suas finanças e negócios. Os amigos e conhecidos de Hélio no meio social começaram a temer o pior, com rumores de falências e colapsos financeiros se espalhando rapidamente. Ele acompanhou a situação com apreensão, observando como aqueles que antes ostentavam riqueza e prestígio agora se mostravam inquietos e inseguros. Muitos dos aristocratas e industriais que costumavam frequentar seus jantares agora hesitavam em sair ou fazer novos compromissos financeiros. A atmosfera era de desânimo, e Hélio, que sempre se orgulhara de sua habilidade em navegar nos altos e baixos do mundo dos negócios, sentiu-se perdido diante da magnitude da catástrofe. Enquanto isso, Isabel, casada com Grey, preocupava-se com as implicações que a crise traria para a vida confortável que levava. Ela ainda mantinha alguma correspondência esporádica com Hélio, mas sua vida agora estava muito atrelada às expectativas sociais e às obrigações familiares. A aparente estabilidade de seu casamento estava sendo testada por essas novas realidades financeiras, e Isabel começava a se dar conta de que as cerimonias e festas que haviam tão alegremente passado poderiam não mais ser viáveis. Grey tentava manter a calma e a confiança, buscando alternativas para proteger seus interesses, mas a pressão estava aumentando. Os desafios financeiros começaram a criar tensão entre casais, e o equilíbrio que antes existia começou a desmoronar sob o peso das incertezas. Os meses que seguiram ao colapso foram difíceis para muitos. Hélio observou os frutos do seu trabalho e os investimentos feitos ao longo dos anos diminuindo drasticamente. Ele viu amigos e conhecidos perderem suas fortunas, e o glamour do círculo social que costumava frequentar se desvanecer enquanto a realidade se impunha com mais força. Em meio a tudo isso, Hélio refletia sobre suas escolhas e sua vida. As interações sociais antes prazerosas agora eram carregadas de uma tensão palpável. O que antes era leve e despreocupado agora se transformara em um teatro da ansiedade, onde todos se perguntavam quando ou se as coisas voltariam a ser como antes. Enquanto a sociedade lidava com as consequências da crise, Hélio sentiu também o peso de suas próprias perdas e a necessidade de se reinventar. A certeza de que o velho mundo havia mudado para sempre tornava-se cada vez mais clara, e a busca por um novo significado em meio ao caos tornava-se sua nova realidade. Hélio, preocupado, pensou que seria apenas uma fase, mas as falências se espalharam, e a queda dos negócios de Harry Martin acentuou a tragédia. A teimosia de Harry misturada à precipitação de Grey culminou em perdas irreparáveis. Quando finalmente o impacto da crise se fez sentir, Hélio ficou surpreso ao perceber que seu estado financeiro não era tão ruim quanto imaginara, mas logo foi informado sobre a morte de Harry e a ruína de Grey. Enquanto a depressão financeira se agravava, Grey, teimoso e previsivelmente otimista, tentou estabilizar os negócios, mas suas tentativas frustradas resultaram em colapso. Sua enorme fortuna evaporou, e sua saúde se deteriorou rapidamente, levando a um ataque cardíaco repentino. Com a morte de Grey, a responsabilidade caiu sobre Hélio. A luta de Grey para manter a dignidade acabou custando-lhe a vida, e seus filhos enfrentavam um futuro incerto, sem a herança que esperavam. Isabel, agora sem seus bens, viu-se à mercê da situação, com suas joias vendidas e apenas a plantação na Carolina do Sul a lhe restar. Apesar das dificuldades, ela se mostrava otimista, afirmando que Deus providenciaria. A realidade, no entanto, era dura e obrigou a família a se afastar do estilo de vida luxuoso ao qual estava habituada. Hélio percebeu a deterioração do ambiente em Riviera, com muitos imóveis à venda e hotéis vazios. O desemprego aumentava e o comércio lutava para sobreviver, enquanto os mais ricos tentavam manter suas aparências. Em meio a isso, Hélio encontrou Isabel, agora uma mulher mais madura e elegante, moldada pelos desafios. A conexão entre eles parecia restaurar-se, e compreendia-se que a vida deles nunca mais voltaria aos moldes de antes. A presença de novos amigos e o contato frequente entre Hélio e Isabel trouxeram um alívio ligeiro, mas o peso da realidade ainda pairava sobre eles. Isabel compartilhou as dificuldades que enfrentavam em Paris, mencionando que Grey ainda lutava contra as consequências do colapso, vivendo em estado de exaustão. Ao mesmo tempo, ela expressava otimismo, mesmo diante da perda de tudo que possuíam. O reencontro com o antigo amigo, Larry, trouxe à tona memórias do passado, mas também evidenciou como a vida estava mudada para todos. A confiança que Grey antes exibia agora se mostrava como uma fachada. Quando os dois se encontraram, o clima era ao mesmo tempo alegre e tenso, pois Larry carregava consigo histórias de suas próprias dificuldades, refletindo a incerteza dos tempos. Ao longo dos encontros, observou-se que a aparência das pessoas havia mudado consideravelmente com as provações. Isabel, embora ainda bonita, exibia as marcas da luta engrandecida pela dignidade. Hélio, cada vez mais envolvido nessa rede de relações, percebendo como o passado continuava a moldar o presente, ficou raro sentimento de esperança para o futuro, enquanto tentava encontrar o equilíbrio no novo mundo que emergia. Suzana aceitou o acordo, mesmo ciente das implicações emocionais e dos desafios que um relacionamento assim poderia representar. O homem, casado e com filhos, buscava algo casual, mas a conexão que começou a se formar entre eles era mais do que um simples arranjo. Ele se tornava um frequentador habitual de seu estúdio, apreciando sua arte e a companhia dela. Ao mesmo tempo, Suzana reconhecia que o vínculo tinha suas limitações. A relação oferecia conforto material, mas o aspecto emocional era complexamente marcado pela clandestinidade. Ela se esforçava para encontrar equilíbrio entre sua busca por liberdade e a necessidade de um apoio material. Durante esse período, Suzana também refletia sobre sua identidade como artista e mulher, lutando para definir o que desejava da vida. Tentava não deixar que os homens a definissem ou moldassem seus sonhos. O relacionamento com esse industrial a incentivava a se dedicar mais expressivamente à pintura. A influência dele era palpável, levando-a a explorar novas técnicas e abordagens, resultando em um crescimento artístico significativo. Os encontros entre eles continuavam a fluir, enquanto Suzana navegava entre seu desejo por verdadeira conexão e a dura realidade de sua posição. O homem, embora atraído por sua arte, era igualmente fascinado por sua personalidade forte e independente. A cada visita, uma nova camada de intimidade surgia entre eles, desafiando Suzana a decidir o quanto estava disposta a investir emocionalmente. Com o tempo, a relação evoluiu, e Suzana percebeu que sua felicidade não poderia depender unicamente de um arranjo material. O dilema entre segurança e amor, entre liberdade e compromisso, tornava-se cada vez mais intenso. Essa jornada de autodescoberta rendeu-lhe não só a possibilidade de um futuro diferente, mas também a valorização de sua própria voz como artista. Enquanto isso, comentava sobre suas experiências e desafios com outros artistas e amigos em Paris, criando uma rede de suporte. Esses laços, embora superficiais em alguns aspectos, trouxeram um senso de comunidade e pertencimento que se mostraram essenciais para sua adaptação e crescimento na cena artística da cidade. Através de suas relações, tanto pessoais quanto profissionais, Suzana abordava questões que ressoavam profundamente em sua vida. Essa busca incessante por entendimento e por um espaço onde pudesse expressar sua verdadeira essência marcava não apenas sua trajetória artística, mas também seu desenvolvimento como mulher diante das imposições sociais que cercavam as mulheres na época. Portanto, cada movimento em direção a uma nova obra, cada tentativa de se afirmar no mundo da arte, tornava-se um reflexo de sua própria luta pelo reconhecimento e pela liberdade. Suas experiências com os homens da sua vida a levaram a conclusões significativas sobre amor, desejo e a necessidade de manter seus próprios valores enquanto navegava por um mundo que frequentemente esperava que ela se conformasse a normas tradicionais. Suzana então decidiu alugar um apartamento, estabelecendo um novo lar que refletia sua nova situação financeira e seu desejo de independência. A relação com Van, o industrial, proporcionou a ela não só segurança financeira, mas também a possibilidade de cuidar melhor de sua filha, Odete. Nos primeiros meses, Suzana se adaptou à vida nova, embora o relacionamento fosse marcado por encontros quinzenais. No relato, o protagonista reflete sobre sua vida em Paris durante a primavera, onde desfruta da companhia de amigos e das memórias do passado. Ele descreve suas excursões com Isabel e Grey, como visitarem lugares icônicos e se divertirem juntos. Ele percebe a transformação de Grey, que, embora antes estivesse doente, agora parece mais feliz e saudável, em contraste com a expressão perplexa que tinha em seu primeiro encontro. A tensão emocional surge quando ele nota o olhar de Isabel fixado no pulso de Larry, revelando um desejo intenso e inesperado. Isso provoca um estado de desconforto no protagonista, que observa a situação com estranheza. Larry, por sua vez, passa a ser o centro das atenções, e sua presença traz uma aura de calma e alegria ao grupo. À medida que a narrativa avança, o protagonista resolve levar seus amigos a um setor menos respeitável de Paris, a convite de Isabel, que deseja explorar cabarés. O grupo acaba encontrando Sofie McDonald, uma antiga conhecida, que surge embriagada e escandalosamente vestida. Através das interações, revela-se um passado conturbado de Sofie, marcada pela tragédia da perda de seu marido e filho, que a levou a uma queda no alcoolismo e à promiscuidade. Isabel e Grey discutem o impacto negativo que a vida de Sofie teve sobre ela, questionando a possibilidade de redenção. Larry, por sua vez, parece disposto a ajudar Sofie, tendo a convicção de que ela pode mudar. O protagonista percebe a tensão crescente entre Isabel e Larry, que se preocupa profundamente com a questão de Sofie. Isabel, que tem sua própria visão crítica sobre Sofie, está relutante em aceitar o vínculo que Larry parece querer formar. O clima entre eles oscila entre lembranças do passado e as decisões do presente, com Isabel expressando sua preocupação sobre a escolha de Larry. A interação entre os personagens intensifica-se, levando a debates acalorados sobre amor, sacrifício e a natureza humana. Os diálogos revelam as complexidades emocionais e filosóficas de cada um, enquanto eles navegam pelas consequências das relações passadas e presentes. Essas tensões culminam na decisão de se reunir para um jantar, o que promete trazer à tona mais discussões sobre a vida e as escolhas de Sofie. O encontro é carregado de expectativas, especialmente pela transformação de Sofie e o impacto que sua presença terá sobre Larry e os outros. A narrativa assim se dirige, sem interrupção, para a próxima fase, onde as interações entre os personagens se intensificam, moldando um clima repleto de tensão e intriga que explorará ainda mais os limites do amor e da redenção. Sofie, sentada em um café, revela não ter se casado com Larry, afirmando que não conseguiu se ver no papel de sacrifício que isso exigiria. Ela menciona a dificuldade que sentia quando Larry estava presente, mas que se tornava insuportável na sua ausência. A conversa entre os dois é marcada pela superficialidade, mas por trás das palavras de Sofie, transparece uma dor profunda e uma luta interna contra seus vícios. Ao mesmo tempo, ela expressa uma curiosidade leve, aludindo ao seu passado de um jeito que mistura arrependimento e risada. O encontro entre eles reflete as mudanças na vida de Sofie e, ao mesmo tempo, uma nostalgia pelas experiências que tiveram juntos. A menção a um livro recém-publicado do protagonista traz à tona a conexão anterior entre os dois, mas ao mesmo tempo evidencia a distância que agora os separa. Ao falar de Larry, ela revela o sofrimento contínuo que experimentou, como se estivesse presa em um ciclo vicioso de dependência. A narrativa do protagonista traz à tona sua incapacidade de compreender completamente a situação de Sofie, mesmo que ela tenha sido uma parte vital de suas experiências passadas. O ambiente opressivo de Paris, com seu ritmo acelerado e a festa constante, contrasta com a solidão que ambos enfrentam. Sofie parece estar em busca de uma vida nova, tentando lidar com suas próprias fraquezas, e essa busca a leva a um caminho que a faz perder a esperança. O desdobramento da vida de Elliot continua, retratando um homem que, mesmo doente, se esforça para manter sua elegância e charme, mesmo quando se sente esquecido e desconsiderado pela sociedade que um dia o celebrou. Ele se entristece pela falta de convites e pela perda de place na elite social, e essa tristeza é acentuada ao perceber o desprezo dos que uma vez eram seus amigos próximos. A consulta ao médico revela a gravidade de sua condição, e, apesar do seu humor, ele luta contra o avanço da doença. A festa que se aproxima se torna um símbolo da exclusão de Elliot, reforçando seu sentimento de desespero e de falta de conexão. O protagonista tenta intervir, articulando um plano para garantir a participação de Elliot na celebração, mas mesmo isso é frustrado pelas intrigas sociais que o cercam. O questionamento moral e emocional que permeia a vida de Elliot reflete uma solidão profunda, onde ele se pergunta sobre sua relevância e legado. A conversa com a secretária de Edna revela mais sobre as relações de poder e as artimanhas que existem dentro dos círculos sociais, mostrando que mesmo entre amigos pode haver rivalidade e deslealdade. A cena culmina quando o protagonista se propõe a garantir a presença de Elliot na festa, muito mais como um gesto de compaixão do que por sua importância social. Elliot, em sua fragilidade, mostra-se disposto a confrontar seu destino com dignidade, enquanto aqueles ao seu redor flutuam em um mar de superficialidades. A tensão emocional aumenta à medida que se aproxima a festa e a saúde de Elliot se deteriora. A conexão entre os personagens se torna um fio condutor que perpassa as questões de amor, amizade, o peso do passado e as escolhas que definem suas existências. A narrativa reflete assim a complexidade das relações humanas e a busca incessante por significado em meio à banalidade da vida. Elliot estava gravemente enfermo, e em um momento de profunda intensidade, o bispo apareceu para administrar os sacramentos. O protagonista, observando a cena, sentiu uma mistura de respeito e confusão ao presenciar a cerimônia religiosa e a permeabilidade entre o sagrado e o profano. A cena era marcada pela tristeza e pela aceitação do destino, enquanto Elliot, agora em um estado de euforia e lucidez, falava sobre sua entrada no reino dos céus com um humor peculiar, refletindo sua complexidade em se relacionar com a vida e a morte. Após a morte de Elliot, o protagonista se via envolto em uma série de preparativos para o funeral, seguindo as últimas vontades do amigo com um misto de respeito e desconcerto. A relação de Elliot com seus entes queridos e suas complexas instruções sobre como gostaria de ser sepultado eram um testemunho de sua personalidade extravagante, demonstrando um desejo de manter vivas suas lembranças mesmo após sua partida. O protagonista se lembrava da generosidade de Elliot, que deixara heranças peculiares, incluindo uma biblioteca inusitada e um legado em dinheiro para a igreja. A presença de Grey e Isabel, que chegaram da Itália, trouxe um novo dinamismo à narrativa. Isabel, agora herdeira de uma quantia substancial, encontrava-se confortável na nova realidade que a morte de Elliot proporcionara, mesmo que marcada por uma melancolia tácita. A transição de Isabel e Grey para um novo capítulo em suas vidas significava um retorno à América, mas também um anseio por compreensão e estabilidade emocional. O protagonista refletia sobre os laços que se formaram e se desfizeram, e como o passado ainda ecoava nas interações, além da importância do amor e das conexões humanas em meio ao caos da vida. O reencontro com Larry gerou uma nova oportunidade de explorar filosofias e questionamentos sobre a vida, trazendo à tona o enigma da existência, do propósito e das experiências que moldam o ser humano. As conversas com Larry revelavam uma busca por significado e um desejo de entender o papel de cada um no grande teatro da vida, enquanto as experiências passadas se entrelaçavam com a busca presente, formando um mosaico de reflexões e descobertas. Larry, com suas visões ocasionais sobre a Índia e a vida, trazia à tona a ideia de cura e autodescoberta que o acompanhava; isso refletia a complexidade de seus pensamentos, que não se prendiam a convenções. A experiência de viver na Índia se tornava uma metáfora da transformação pessoal e da luta interna contra os medos que moldam a natureza humana. Assim, a narrativa continua a tecer os fios das vidas cruzadas, explorando a fragilidade da existência, os anseios e a eterna busca por significado, entrelaçando o cotidiano à reflexão profunda sobre a condição humana. As memórias de Elliot, Larry, Isabel e Grey se amalgamam em um padrão intricado, onde cada personagem reflete suas próprias verdades e desafios em um mundo que, mesmo repleto de superficialidades, revela sua essência nas interações mais sutis e significativas. Larry, após encontrar-se com o swami, começou a absorver as complexidades do bramanismo e da meditação. A contemplação das divindades, como Brahma, Vishnu e Shiva, o levou a refletir sobre a realidade e a transcender os limites da compreensão convencional. Em sua busca pela verdade, há uma mudança de perspectiva que germina dentro dele, levando-o a dedicar-se a um profundo estudo do hinduísmo em Varanasi, onde experiências de devoção e rituais o marcaram de forma indelével. Durante suas conversas com os locais, Larry interrogava a natureza da reencarnação e os ensinamentos espirituais que lhe eram apresentados, processando suas crenças em relação ao bem e ao mal. Dizem os hindus que o sofrimento é uma consequência das ações passadas, levando a reflexões sobre o propósito da vida e a transmigração das almas. As ideias de causa e efeito na vida das pessoas, que se entrelaçam em suas experiências, proporcionavam a Larry uma nova compreensão de seu próprio ser. O tempo em Varanasi o permitiu conhecer profundamente as tradições locais, e a prática da meditação revelou-se uma forma de se conectar com a essência espiritual proposta pelo bramanismo. As emoções que acompanhavam as cerimônias e os rituais despertavam nele um senso de pertencimento além do físico, questionando se sua individualidade era não mais que uma gota no vasto oceano do absoluto. Após meses de vivências introspectivas e significativas, Larry decidiu se dirigir ao sul da Índia, em Travancore, para encontrar um guru, Shri Ganesa, que muitos diziam ser um homem de sabedoria profunda. Quando finalmente o conheceu, teve a impressão de que a busca que empreendera poderia culminar em um verdadeiro entendimento de sua própria vida e de suas inquietações. O silêncios ponderado do guru, que irradiava serenidade e desprendimento, deixou Larry profundamente tocado. Diálogos entre os dois revelavam uma filosofia de vida que superava as barreiras da materialidade, evocando compreensão de que a felicidade reside na libertação da individualidade e na entrega ao absoluto. O ensinamento de Shri Ganesa era simples: a libertação do sofrimento humano poderia ser alcançada pela conquista da tranquilidade, e não pela fuga do mundo. Larry refletiu sobre suas experiências, discutindo a complexidade da realidade e a beleza com que cada ser humano se relaciona com sua própria existência. Enquanto o guru o guiava em suas meditações e práticas, Larry extraiu dele a certeza de que a busca pela verdade era, essencialmente, uma jornada pessoal e íntima. O retorno de Larry à vida ocidental encontrou-o em um dilema existencial. Ele estava ciente de suas raízes em meio ao conforto material e à agitação da sociedade, mas a gratificação espiritual que experimentara na Índia o impulsionou a buscar uma nova forma de vida ao retornar à América. A ideia de viver de forma despretensiosa, servindo aos outros e encontrando o equilíbrio entre o corpo e o espírito, tornou-se sua nova visão de vida. O diálogo com o narrador reafirmou as tensões entre o idealismo de Larry e as realidades mundanas. Em suas conversas, ele desafiou a noção de que o dinheiro traz liberdade, sustentando que a verdadeira liberdade é encontrada na entrega ao conhecimento espiritual e na abnegação da egoísta busca por posses materiais. Essa nova compreensão trouxe a ele não só satisfação, mas o desejo de compartilhar essa visão com a sociedade que o rodeava, esperando que sua experiência pudesse servir de inspiração a outros. Em meio a conversas sobre dinheiro, liberdade e idealismo, Larry reafirmou a intenção de voltar à América, não como um vagabundo, mas como um homem consciente de suas escolhas e do impacto que poderia ter no mundo ao seu redor, disposto a adaptar-se e encontrar seu caminho em um ambiente que contradiz tanto suas crenças profundas. Larry decidiu passar o inverno em Samari, onde tinha a intenção de trabalhar em seu livro, que estava escrevendo mais como uma forma de se livrar de suas anotações do que buscando reconhecimento. Ele não se importava em publicar apenas para amigos e conhecedores do seu trabalho. Enquanto isso, o narrador refletia sobre seu encontro com Larry e o peso de sua jornada introspectiva, especialmente após o trágico destino de Sofie, que, agora revelada como uma mulher com problemas sérios, incluindo vícios, tornava a história ainda mais densa e complexa. Meses depois, o narrador se viu em uma situação angustiante ao ser chamado pela polícia para identificar o corpo de Sofie McDonald, uma mulher que conhecera superficialmente em Paris. A revelação de sua morte violenta poderia acabar envolvendo muitas outras pessoas, e Larry, que havia se tornado amigo do narrador, seria diretamente afetado. Este, por sua vez, se sentiu na obrigação de desvendar a verdade sobre o que acontecera. O encontro com a polícia era marcado por uma atmosfera de tensão, onde o inspetor apresentava as informações de forma brusca e direta. Sofie era identificada como uma mulher problemática, com passagens por bares e vínculos com indivíduos de índole questionável. A polícia podia sugerir que Larry poderia ter alguma ligação com a morte dela, especialmente após encontrar sua fotografia no quarto da vítima. O narrador se viu em um dilema, consciente de que deveria proteger seu amigo, mas também temendo que isso pudesse rejeitar as garras da verdade. Após uma identificação desgastante do corpo de Sofie, o narrador e Larry tiveram que lidar com a responsabilidade do enterro, um ato penoso que se tornava ainda mais difícil dada a relação conturbada de Larry com a mulher falecida. Durante esses dias, o silêncio pesado entre os dois homens tornava-se uma forma de partilhar a dor de um passado que os conectava de maneira íntima a uma tragédia recente e à luta interna de Larry em busca de um propósito. Larry, agora determinado a se afastar da Europa, venderia suas poucas posses e viajava para um novo destino na América. Ele falava de sua liberdade de maneira quase exaltada, mas o narrador percebia uma tristeza subjacente em sua ânsia por escapar, como se Larry estivesse se movendo para longe não só de um lugar, mas de experiências e pessoas que o marcaram de formas diversas. O narrador decidiu então visitar Isabel em Paris, uma antiga conhecida de Larry, agora casada e vivendo uma nova vida. Ao encontrá-la, Isabel falava sobre seus próprios anseios e planos, enquanto o narrador se preocupava com a condição de Larry e a forma como o passado ainda pesava sobre todos eles. Isabel, ao ouvir sobre os últimos eventos, envolvia-se em uma narrativa de culpa e responsabilidade, refletindo sobre o que poderia ter sido feito para salvar Sofie, e suas palavras ecoavam a essência dos conflitos internos que Larry enfrentava. Após compartilhar detalhes sobre a vida de Larry, o narrador notou a mudança na expressão de Isabel enquanto ela lutava contra seus próprios sentimentos com relação a Larry e à morte de Sofie. As conversas que se seguiram eram cheias de introspecção e remorso, como se todos estivessem entrelaçados por fios invisíveis de escolhas e arrependimentos. A atmosfera no apartamento de Isabel era carregada de emoção, e o narrador se perguntava se todos estavam condenados a viver seus dias emaranhados por tragédias que poderiam ter sido evitadas, refletindo a complexidade de cada um deles e a inevitabilidade do destino. Susan estava entusiasmada com sua nova carreira como artista, ressaltando um vernissage iminente em Paris, onde a alta sociedade teria a oportunidade de elogiá-la. Ela mencionou que um ministro da educação inauguraria sua exposição, realçando suas qualidades como mulher e artista, enquanto um de seus quadros seria adquirido pelo estado francês para a coleção nacional. O clima no estúdio de Susan era de expectativa e orgulho, à medida que ela mostrava suas obras, que embora imaturas, apresentavam um uso interessante de cores e uma certa elegância. Apesar de sua insegurança, Susan acreditava que suas pinturas refletiam um talento genuíno, e o narrador, admirando uma de suas obras, decidiu comprá-la, o que a deixou extremamente feliz. Eles compartilharam momentos agradáveis, onde a leveza de seus assuntos ajudou a afastar as lembranças pesadas da dor pelas quais passaram. Com o passar do tempo, o narrador se viu imerso na vida de Susan, que estava decidida a se estabelecer na Riviera e viver como uma artista respeitada. No entanto, enquanto conversavam, a sombra de Larry persistia na memória do narrador. Ele imaginava Larry começando uma nova vida na América, onde possivelmente se tornaria motorista de caminhão ou até mesmo de táxi, vivendo de forma simples e distante da fama. Em meio a isso, o narrador refletiu sobre o impacto que Larry teve em sua vida e na de outros, questionando se ele encontraria a felicidade em sua busca por uma vida mais espiritual e menos materialista. Era possível que Larry, mesmo em uma existência comum, pudesse transmitir uma mensagem importante sobre a verdadeira felicidade. O narrador concluiu que, apesar das estranhezas e conflitos da vida contemporânea, as pessoas ao redor de Larry estavam, de algum modo, seguindo caminhos que se entrelaçavam e que, de várias formas, buscavam seus próprios sucessos. Todos, incluindo Elliot, Isabel, Grey, e até mesmo Larry, pareciam ter atingido seus objetivos pessoais, embora de maneiras variáveis e repletas de complexidade. Pensando sobre a trajetória de cada um, o narrador reconheceu que, mesmo com finais diversos, todos conseguiram encontrar um espaço de contentamento em suas vidas, cada um à sua maneira. A vida poderia ser uma narrativa de sucessos, embora o cenário em que se desenrolasse fosse multifacetado e muitas vezes paradoxal. Essas reflexões deixaram o narrador com uma sensação ambígua sobre a satisfação da narrativa que se desenrolara, mas com um entendimento mais profundo sobre as nuances da felicidade e dos relacionamentos.
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Tiago 07/07/2011

Tudo começa com Maugham contando que conheceu a pessoa mais estranha de toda sua vida. Até ai tudo bem, e conforme as páginas vão sendo folheadas começamos a perceber os motivos que levam Maugham a dizer isso desse homem chamado Larry, que presenciou uma guerra, é tido como um vagabundo e não consegue se adaptar a vida social que o cerca.
Além de Larry, também se encontram outros diversos personagens, mas entre eles se destacam Isabel, mulher vaidosa e gananciosa que se ve pobre do dia para noite e precisa se adaptar a isso. Gray, seu marido, que sempre está doente mas que ama trabalhar e busca fazer isso sempre que possível. Elliot, tio de Isabel, rico, elegante, mas que da muito importância ao modo de vida que leva, as festas que vai e as pessoas que conhecem e o que as mesmas pensam a seu respeito. Por fim, temos Sophie, mulher com uma Beautiful Mind - li em inglês e essas palavras realmente me marcaram - que leva uma vida cheia de vícios que ao mesmo tempo acabam e melhoram sua vida.
Durante uma vida toda, esses personagens se encontram e desencontram, algumas vezes estão felizes e outrora encontram-se tristes e desolados, com excessão de Larry, que ajuda a todos que estão no árduo caminho da busca pela felicidade.
O livro trata desse assunto tão discutido mundo afora, de uma maneira suave e simplificada. Será que uma pessoa encontra a felicidade permanente ou momentaneamente? Ou melhor, será possível encontrar a verdadeira felicidade? Se sim, qual o próximo passo depois de atingir esse objetivo? Morrer em paz? Talvez sim, talvez não.
Encerro aqui com uma frase muito usada na Indía e um tanto quanto propícia para o momento:
"The path of true happiness is difficult to follow. It is as difficult as walking on the edge of a razor."
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Daycir 30/12/2011

PERFEITO....
Lí esse livro aos 18 anos....leitura firme, dura e ao mesmo tempo que mexe com tantas emoções....recentemente comprei-o (pois nas minhas andanças o havia perdido) e o reli.
Que saudades!
Narra-se a história de um jovem que passa por uma tragédia na guerra e volta totalmente diferente e indiferente às coisas mais básicas da vida.
O livro retrata uma época delicada, é cheio de aventuras, e quem começar não vai querer parar de se perguntar: será que nosso jovem personagem está errado??? Será que a vida não é mesmo muito mais do que status, dinheiro, um emprego fixo e bem remunerado?????????
Será que não seria perfeito passar meses e até anos bebericando café num bar em Paris e lendo seus melhores livros em busca da verdade da vida....?
Leia.
Mesmo que não aprove o que Larry fez, leia.
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Vitória Sommer 22/01/2012

Extremamente cativante.
Em ''O Fio da Navalha'' Maugham narra de forma leve e fluida, não vi as páginas passarem, e já sinto falta dos personagens que me ''cativaram'' tanto. O livro é focado em Larry, jovem que, depois de voltar da guerra, procura um sentido para sua vida e a felicidade. Pessoalmente, o que mais me marcou foi a profundidade que o autor desenvolveu a personalidade de cada um dos seus personagens, o que me levou querer ''dissecá-los''.
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