JoAo366 18/08/2024
O mais sábio dos homens
"Porque eu, Atenienses, ganhei esta fama apenas por ser suposto possuir uma certa sabedoria. Que género de sabedoria é essa? É, talvez, uma sabedoria própria do homem; com toda a probabilidade, é nisso que sou realmente sábio."
É inegável que muitos de nós conhecemos esta figura importantíssima para a filosofia: Sócrates. Seja a partir da sua famosa expressão "só sei que nada sei" ou mais precisamente a partir dos escritos do seu discípulo mais fiel e próximo, Platão.
Esta Apologia (assim como muitas outras que Platão redigiu) tem o seu foco principal no julgamento de Sócrates que teve lugar em plena praça pública (Ágora) de Atenas, provavelmente no ano de 399 a.C. Velho e pouco ou quase nada preocupado com o desfecho que o seu julgamento poderia tomar, Sócrates procede à sua defesa da forma mais natural possível, dirigindo-se vezes sem conta à audiência (aos atenienses), aos juízes e até mesmo aos seus acusadores (Meleto, Ânito e Lícon).
As suas palavras são o pendor desta obra. Não sabemos ao certo se foi realmente isso que Sócrates disse ou proclamou, mas podemos acreditar.
Em vão, Sócrates acaba por infelizmente ser condenado à morte. No entanto, a sua postura e atitude nunca quebra, digna de homem que nada mais fez do que ajudar e prestar culto aos deuses da sua cidade. Sócrates não morreu somente para o povo ateniense, mas morreu para o mundo.
Esta Apologia contém reflexões extraordinárias acerca da justiça, do saber e não saber, da ignorância, da morte e do método utilizado por Sócrates para comprovar a afirmação do oráculo de Delfos ("Sócrates é o mais sábio dos homens"), o tão conhecido método socrático do exame e da pergunta.
Recomendo euforicamente esta obra, não só para amantes e interessados na filosofia, mas também para humildes leitores, pois esta Apologia ainda permanece atual em toda a sua genialidade.