Flávia Menezes 08/07/2021
É indescritível o momento em que você percebe que a leitura de um livro aconteceu no instante exato em que você precisava ler algo assim. Sinto-me inteiramente transformada.
“?Big Magic – Creative Living Beyond Fear?” (em português: ?Grande Magia - Vida Criativa Sem Medo?), de Elizabeth Gilbert, a autora de “?Comer, Rezar e Amar?”, é um livro que eu fico feliz de não ter lido antes.
Às vezes, abandonamos algumas leituras porque não é o momento certo. Não estamos prontos. Mas de repente, chega o dia em que estamos abertos, preparados, e totalmente entregues para receber tamanha sabedoria. E esse foi o meu momento com essa leitura.
Se você está procurando um livro sobre como Liz Gilbert dirá todas as receitinhas mágicas para se tornar um autor best-seller, eu temo que esse não será o seu livro. De fato, o que Liz Gilbert quer dividir comigo e com todos os que se darão a oportunidade de apreciar esse livro, é que cada um de nós possui em nosso DNA a capacidade de sermos criativos, e que nossa vida se enriquece ainda mais quando nos permitirmos viver essa habilidade sem medos, ou pretensões.
E quer saber? Isso não é mesmo um ensinamento incrível? Eu sou apaixonada por livros sobre Escrita Criativa, sobre Análises Literárias e Close Reading, e já li livros incríveis sobre o assunto, que me ensinaram muito. Sou grata a cada um desses autores por ter me ensinado tanto, assim como todos os meus favoritos autores de histórias de ficção, ou aqueles que corajosamente se propuseram a escrever suas biografias. É como a Liz diz: tudo isso é aprendizado. São todos nossos professores. Assim como ela.
E o que ela me ensinou? Nossa! Algo incrível: a não ter medo de deixar que a minha força criativa apareça, e se derrame na arte (escrita, no meu caso) que eu quiser, e do jeito que eu quiser. Não há como prever se estamos escrevendo o próximo best-seller, ou se será mais uma daquelas histórias que todos vão ridicularizar e odiar. Ela tem razão quando nos questiona: mas o que isso importa?
A verdade é que a alma criativa só quer ser, só quer transbordar o que tem. Talvez alguns apreciem, e outros odeiem. Mas se apesar de todos os medos das críticas (e todos nós seremos imensamente criticados, e disso não há como fugir), ainda assim nos permitirmos só colocar para fora nossa arte, seja ela qual for, nós teremos feito um bem a nós mesmos. Porque uma coisa que ela diz em seu livro e foi grandiosamente revelador para mim, é que ninguém tem que escrever algo que mude a vida de ninguém. Nossa arte não vai salvar o mundo. Não vai ser a cura para o câncer, e nem vai acabar com a covid-19. Mas, quer saber o que ela é capaz de fazer? Ela vai deixar a nossa alma mais leve, e talvez, alguém se sinta tocada por ela. Ou não. Mas isso não importa, porque uma alma criativa não nasceu para isso, embora muitas vezes isso aconteça. Como aconteceu comigo agora, lendo o livro da Liz.
Talvez você esteja agora se perguntando: mas e o lado financeiro? Vai fazer arte e viver de que? Ah! Não fique preocupado. Ela instrui bem direitinho sobre esse tópico no livro dela. Mas eu não vou revelar essa parte aqui, porque talvez você, que também seja criativo(a) e sempre sonhou em viver da sua arte, mas vive abdicando dela porque precisa encontrar um jeito ganhar a vida (financeiramente falando), precisa ler urgentemente esse livro e descobrir como ela vai aconselhá-lo a viver daquilo que te move mais profundamente. Eu deixo essa parte para a Liz. Ela é a expert aqui, não eu.
O que eu mais gosto na Elizabeth Gilbert é que ela tem sempre algo lindo a me ensinar. Seja com “?Comer, Rezar e Amar?”, ou com “?Big Magic?”. Ela é uma professora incrível, porque ela olha além da técnica, além do racional, do que se pode explicar. Nem tudo é 8 ou 80 nessa vida. Mas tudo é um processo, e a jornada pode ser bem mais interessante se nos permitirmos vivê-la sem pensar ou questionar demais.
Por isso, obrigada Elizabeth Gilbert por esse presente. Você é incrível! Gratidão.