Ângelo Von Clemente 20/04/2014Palavras não tenho que descreva tamanha infâmia.Obra condiz inteiramente com a fama de seu referido autor, sendo ela considerada por muitos como uma de suas mais ''leves'' no que diz respeito a depravação. Pessoalmente eu NÃO ACONSELHO tal leitura a absolutamente ninguém, salvo estudantes de psicologia e semelhantes áreas, pois a referida obra apresenta um conteúdo verdadeiramente bárbaro, mesmo se analisada sobre um ponto de vista critico e dentro de seu respectivo contexto histórico. Rogo aos leitores que pretendem ler tal obra somente por curiosidade que se desfaçam imediatamente de tal desejo, pois que o conteúdo aqui apresentado é inapropriado desde a primeira página. Não sou defensor do puritanismo, tampouco sou provido de preconceitos religiosos como muitos poderão supor pela resenha que aqui apresento, isto é algo que quero esclarecer antes de tudo. Para os leitores curiosos tentarei resumir os temas abordados nesta obra, arriscando-me assim a faze-lo de forma artificial... O autor nos faz querer crer a todo o custo que a perversão e a imoralidade são características inatas a todo o ser humano e respectivamente a natureza, ao decorrer de sua narrativa ele faz aberta e feroz apologia ao crime em todas as suas formas imagináveis, podendo citar dentre elas: O estupro, o assassinato, o infanticídio o parricídio, a sodomia, o roubo, a pedofilia e dentre outras variadas formas de depravação humana.
Analisando bem a vida do autor não resta dúvidas acerca do motivo de seus incontáveis anos de carcere e em instituições psiquiátricas (Perdoem-me a forma de me expressar, mas és um verdadeiro asno imbecil aquele que vier defender-lhe a moral, cousa que ele desdenhosamente se orgulha de nunca ter tido ao decorrer de toda a sua vida)De minha parte somente tenho a dizer: Acho realmente uma pena que tal individuo não tenha desfalecido na prisão da Bastilha.
De fato o Marquês de Sade era um homem cuja mentalidade se encontrava muito a frente de seu tempo, e que em suas obras geralmente são abordadas questões ideológicas e criticas demasiadamente relevantes até certo grau, tendo também em uma possível tentativa de defesa sua a questão do contexto histórico. Apesar das questões morais e filosóficas levantadas em suas obras, não pude eu compreender a que se atribui a suposta genialidade do ''diviníssimo marquês''
Ignorância em demasia de minha parte, dirão os árduos defensores desse ''filosofo brilhante e incompreendido''
Não querendo desmerecer a estes últimos, muito pelo contrário, visto que a opinião de cada um deve ser devidamente respeitada.
O que pretendo ao realizar esta resenha é justamente expor aqui os meus pensamentos, e espero não ter problemas ao faze-lo.
Gostaria enfim de concluir o meu raciocínio com uma pequena advertência, e com alguns poucos trechos da obra para que os leitores possam melhor apreciar em que me baseio para dar tal opinião.
Primeiro a advertência:
Aos seres sensíveis, verdadeiramente humanos e dotados de um sentimento raro denominado empatia: Rogo-lhes de toda a alma que jamais tenham a curiosidade de folhear algo que seja da autoria deste autor, visto que o conteúdo abordado em suas obras é extremamente pernicioso e pode chocar espíritos puros e desavisados.
Aos estudantes do ramo da psicologia e leitores interessados em se aperfeiçoar no estudo do comportamento humano em geral: Desejo-lhes prudencia e acima de tudo estomago para desbravar as obras deste individuo tão contraditório. Garanto-lhes que aqui terão um vasto conteúdo para ser analisado acerca do funcionamento da mente de um maniaco depravado e extremamente perturbado que se utiliza avidamente do sarcasmo e da ironia no intuito de realizar criticas sociais que imediatamente perdem o valor (dentro da minha concepção, que os senhores podem interpretar como bem entenderem) graças a demência de quem as tenta solidificar.
Poderia eu prolongar muito mais a discussão acerca da presente obra e de respectivo seu autor, entretanto acredito que tal coisa não seja necessária, visto que eu me tornaria por demasiado repetitivo em minha analise. Aceito de bom grado o esteriótipo de ''você não compreendeu o sentido da obra ou não soube interpretar o autor'' Em minha defesa digo unicamente que me prestei a algo que muitos não tem a coragem de fazer; A de expor minhas opiniões sem medo da critica.
Para finalizar tenho aqui alguns trechos que mais chamaram minha atenção e mais me indignaram na presente obra aqui discutida, muitos dos quais eu uso como fundamentação para as minhas criticas:
-
''Em uma palavra, ouso sustentar que o incesto deveria ser a lei em todo o governo cuja base fosse a fraternidade
''É, entretanto, absolutamente certo que o estupro, ação tão rara e tão difícil de provar, prejudica menos ao próximo que o roubo. Esta
invade a propriedade, aquele limita-se a deteriorá-la. Que podereis responder ao autor do estupro quando ele lhe provar que o mal que praticou é, de fato, bem medíocre, pois ele não fez nada mais que colocar o objeto de que abusou no estado em que logo seria colocado pelo casamento ou pelo amor?''
'' A sodomia é um vício de organização e em nada contribuímos para semelhante organização. Desde a mais tenra data, há meninos que sentem essa inclinação e que nunca se corrigirão. As vezes é fruto da sociedade, mas mesmo nesse caso pertence à natureza; sob todos
os aspectos, é obra da natureza e em qualquer caso o que ela inspira deve ser respeitado pelos homens
''É, pois, superior às forças humanas poder provar que existe crime na pretensa destruição de uma criatura de qualquer idade, sexo ou espécie''
''Quem, senão a natureza, nos aconselha os ódios pessoais, as vinganças, as guerras, enfim, todas as causas de perpétuo assassínio? Ora, se ela nos aconselha é porque disso necessita. Como podemos, em conseqüência, nos supor culpados para com ela, se não fazemos mais do que segui-la? Já dissemos mais do que o necessário, para convencer qualquer leitor esclarecido, de que é impossível ultrajar a natureza com o assassínio.''
''A bondade não passa de uma fraqueza que a ingratidão e a impertinência dos fracos forçam sempre os que a praticam a se arrepender''
''Todos os homens têm, pois, um direito de gozo idêntico sobre
todas as mulheres. Não há, pois, um único homem que, em face das leis da natureza, possa ter sobre uma mulher um direito único e pessoal. A lei que as obrigará a se prostituir quando quisermos, nas casas de deboche de que falamos, e que as obrigará a frequentá-las caso a isso se recusem, que as punirá se faltarem um só dia, será, pois, uma lei das mais equitativas e contra a
qual não se poderá invocar nenhum motivo legítimo ou justo
(2) Não venham dizer que me contradigo, aqui; é que, depois de afirmar que não fartas o
direito de ligar a nós uma mulher, eu destruo esses princípios dizendo que temos o direito de constrangê-la; repito que tratamos do prazer e não da propriedade; não tenho direito de propriedade sobre uma carta forte que encontro em meu caminho mas tenho direito de
nela saciar minha sede aproveitando da água límpida que se oferece a meu destrate; assim também não tenho direito de propriedade sobre as mulheres mas, em função de meu prazer, posso constrangê-las a me satisfazerem caso queiram se recusar.''
''Um homem que desejar possuir uma mulher ou donzela poderá, pois, se estas justas leis vigorarem, intimá-la a comparecer a uma destas casas e lá, sob as visitas das matronas que regerão este templo de Vênus, ela lhe será entregue e terá que satisfazer, com humildade e submissão, todos seus caprichos, por mais estranhos e irregulares que possam ser; pois não há nenhum que não esteja no sistema da natureza, que ela não aceite. Teríamos que pensar na fixação das idades, é verdade. Sou de opinião que não se deve estabelecer nenhum limite; seria restringir a liberdade daquele que desejasse gozar uma menina, por exemplo. Quem tem o direito de comer o fruto de uma árvore pode, sem duvida, colhê-lo verde ou maduro, segundo as inspirações de seu gosto. Mas, objetar-nos-ão, há uma idade em que a saúde da jovem pode ser prejudicada pelas ações do homem. Esta consideração não tem nenhum valor: desde que me dais o direito de propriedade do gozo, este direito é independente dos efeitos que sua prática produz; é absolutamente indiferente que seu uso seja vantajoso ou prejudicial para o objeto que a ela deve se submeter. já não provei que é legal obrigar uma mulher a esse respeito e que, assim que ela desperte o desejo de ser possuída, deve submeter-se a ele, pondo de parte todo sentimento egoísta? O mesmo acontece com sua saúde. Desde que as considerações que se tenham a esse respeito possam destruir ou enfraquecer o prazer daquele que a deseje, e que tem o direito de dela se apropriar, este cuidado com a idade se torna inútil, porque não se trata aqui, absolutamente, de saber o que sente o objeto condenado pela natureza e pela lei à satisfação momentânea dos desejos alheios. Não se trata neste exame senão daquilo que convém a quem deseja. Mas nós restabeleceremos a balança''
P.S: Os trechos escolhidos são consideravelmente amenos se comparados com o restante do livro, e foram escolhidos quase aleatoriamente ao longo da leitura para dar uma noção geral da mentalidade do autor.