Natália Tomazeli 01/05/2019Corte de falta de noção e muita raivaEsse livro foi uma experiência de leitura tão ruim, mas tão ruim que eu não sei nem por onde começar a explicar, na real. Não faz meu feitio "detonar livros" e procuro sempre ser o mais imparcial possível, mas dessa vez não vai ter como, na moral! E eu lembro de ter acabado a leitura com tanto ódio no coração que deixei a poeira baixar um pouco para poder escrever algo sobre sem dar spoiler (talvez tenha, esteja avisadx) e de uma maneira menos tendenciosa para o lado negativo. Mas não sei se adiantou muito, vamos ver...
Meu interesse nesse livro surgiu do enorme hype que ele possui entre vários fãs do gênero "fantasia". Eita livrinho superestimado, viu? Era um bando de gente lambendo bota dessa escritora e dessa série, e apesar de eu ter lido algumas resenhas negativas dele por aí, foi tudo muito superficial e eu não imaginava que seria "nossa, que maravilhoso" mas também não imaginaria nunca que seria esse desastre total que foi. Nunca mesmo!
Vou começar pelo único lado positivo que eu vi na história, porque como é só uma coisa, é mais fácil, que foi com certeza o mundo feérico que a autora criou para a história. A mitologia inserida no livro é muito interessante e isso dá muita raiva e vontade de chorar, por tudo o que vem a seguir e que destrói todo o potencial de desenvolvimento do livro:
Primeiro lugar é com certeza a escrita da autora. Brota gente até do bueiro para dizer que a escrita da Sarah J. Mass é perfeita e blá blá blá... Assim, não sei o que leva as pessoas a acharem isso, honestamente. A autora é cheia de vícios de linguagem (vide escrever a cada cinco páginas que fulano "riu de escárnio" ou "franziu o cenho") e cheia de descrições horrorosas totalmente montadas na pieguice. Ela não consegue descrever nada sem enfiar no meio alguma metáfora muito da brega. Metáforas são legais e eu amo, mas nessa história a autora pesa demais e exagera. A escrita dela pode ser até dinâmica e simples, fazendo a pessoa ler a história mais rápido, mas tá BEM longe de ser perfeita, BEM LONGE! Fora a escolha (péssima) da autora de narrar a história em primeira pessoa, do ponto de vista da protagonista. Tipo, a guria é uma tapada que não sabe raciocinar em nada e nunca viu o mundo feérico na vida. E é por ela que a gente vai enxergar a história toda. O resultado disso é uma coisa super confusa e eu particularmente fiquei sem entender nada por um bom tempo no livro. Não tem como ter uma imersão total no universo da história, apesar de ser um universo rico e criativo. Tem também a questão de que a autora não tá muito preocupada em desenvolver o universo feérico, ela quer mesmo é desenvolver """"romances""" abusivos, estúpidos e desnecessários que na minha opinião poderiam tranquilamente ficar em um plano bem secundário (ou até mesmo não existir, mas daí eu já acho que é pedir demais desse tipo de livro de fantasia), já que são tão problemáticos quanto todo o resto do livro (talvez seja até a parte mais problemática, mas vou falar disso mais para frente).
Quando eu saquei como é que funcionava tudo, foi um pulo para que eu desvendasse todo o final da história, até antes mesmo da própria Feyre (o que eu fiquei assim MUITO irritada), o que já vai para a segunda problemática, os personagens... Que são um horror, óbvio! A protagonista do livro, Feyre, além de tudo o que eu já citei, ainda por cima não condiz em nada com a personagem que a autora tenta construir/apresentar no início do livro com a que vai se desenvolver ao longo da trama. Porque a autora monta ela como uma mulher forte, independente, segura e destemida, só que depois que ela conhece o Tamlin meio que isso tudo some, só porque ela tá do lado do macho (que aliás aqui nesse livro, é um ser místico que não se diferencia em nada dos homens humanos) e porque ela quer porque quer ir pra cama com ele, tipo, que desespero é esse? Não faz sentido, gente! E ela irrita demais pela falta de tato para as situações e problemas. Não tem o mínimo de coerência e deixa o fogo no rabo pelo Tamlin definir as escolhas que ela vai tomar O TEMPO TODO. Gente, que raiva! E essa questão dela ser uma reles mortal humana perto dos deuses gregos feéricos se torna ainda mais cansativa porque ela não se interessa em "conhecer seu inimigo" (a não ser que seja por aquele outro lado, se você me entende). E aí todo problema que surgia eu ficava "ata, alguém vai vir resolver para ela, next". Isso deixa a história muito cansativa e desinteressante sabe. Porque você já sabe como que tudo se desenrola. Eu tava louca para saber das outras cortes, das histórias daquele mundo e tudo o mais, mas a autora não, e daí eu ficava mais e mais frustrada!
Tem a questão da família dela que é horrível e tal, porém não fez nenhuma diferença em nada mesmo, porque novamente a autora não se preocupa em desenvolver isso.
E temos também o tal do Tamlin, que é um bagulho que olha... O livro inteiro eu achei ele super pombo, e no final ele tem uma atitude que eu fiquei tipo "Que???". Tem uma noções de o que é o amor nesse livro que são totalmente problemáticas, e essa atitude que ele tem mostra bem essas noções distorcidas. Aliás quase todas as atitudes dele são assim, se for analisar agora.
Mas com certeza absoluta, o personagem que me fez fechar o ódio pelo livro com chave de ouro, foi o tal do Rhysand. Se eu achava que o Tamlin era ruim, é porque eu não tinha ainda chegado na parte que o Rhys aparecia. Ele é a personificação perfeita daqueles machos terríveis de escroto que a gente luta a vida inteira para desviar deles e para que eles evaporem da face da terra, só que aqui nesse livro (e pelos fãs da série) ele é enaltecido como a melhor pessoa do mundo e todas as atitudes asquerosas dele são romantizadas e glorificadas. De novo, eu amaria entender qual a droga pesada que essas minas tão usando para pagar tanto pau pra esse boy lixo abusador. Assim, é coisa de MILHARES de resenhas positivas para esse livro (pode olhar a quantidade de gente dando 5 estrelas e enaltecendo a história aqui no Skoob, dizendo que é maravilhosa heuhuehue só rindo mesmo), até de mulheres que tem uma noção de """mundo"""" (pra não dizer feminismo, porque não dá pra dizer mesmo, claramente elas não entenderam nada), sabe?
Porque a Feyre até dá para entender, afinal, no momento em que o Rhys aparece de fato na história, ela tá em uma posição de vulnerabilidade total e é a típica protagonista zero amor próprio e com auto estima no pé de tão baixa, sem contar que ela é muito desesperada/afobada (em todos os sentidos) e sem noção de que é tudo muito errado o que ela tá sofrendo. Fora que principalmente ela sim tá BEM drogada quase que o tempo todo na parte final do livro, então não dá para dizer que ela consente NADA do que é submetida. Tanto que ela precisa perguntar pro Lucien o que acontecia com ela nas noites que o desgraçado do Rhys mandava pelar e pintar o corpo dela com uma tinta mágica que só ele podia tocar (afinal ele considera o corpo dela um objeto público, que nem a Feyre diz "um brinquedinho"), para logo depois drogar/dopar ela, pra ela ser humilhada e abusada de todos os jeitos e por todos do castelo. Ela tá esgotada e Rhys se aproveita disso para fazer todos os tipos de horrores com ela, como abuso sexual (que ninguém de fora sabe até que ponto chega, afinal ela tava drogada, né?), psicológico e físicos. Mas na visão dele, tá tudo lindíssimo e ele não tá fazendo nada de errado! Olha essa fala dele, por exemplo, digna de vômito:
"Acredite em mim, eu não gostaria de nada mais que desfrutar de você, mas há coisas maiores em risco que levar uma fêmea humana para a cama."
""""Lindo"""" ouvir esse tipo de coisa de um cara, claro (ainda mais quase logo após ele ter agarrado ela a força no livro e forçado um beijo). Olha essa outra:
"- O vestido não borrará a tinta, assim como seus movimentos - disse ele, com o rosto próximo do meu. Os dentes de Rhysand estavam perto demais de meu pescoço. - E lembrarei exatamente de onde minhas mãos estiveram. Mas, se outra pessoa a tocar, digamos um certo Grão-senhor que gosta de primavera, eu saberei. - Ele tocou meu nariz. - E Feyre - Acrescentou Rhysand, a voz um murmuro carinhoso -, não gosto que meus pertences sejam corrompidos."
Vocês gostariam sinceramente de ouvir essas coisas da boca de algum cara na vida real? Eu NUNCA! Eu teria, medo, nojo, ódio, ânsia de vômito, nervoso, já tive só lendo isso, então imagina se fosse real! Não é sexy nem romântico! Porque então que no livro "pode"?
Me preocupa muito as meninas acharem ele no mínimo legal, cara! Fico indignada! Esse tipo de homem deve ser abominado SEMPRE, não ficar passando pano para essas coisas. Não importa se ele é, como a Feyre dizia "o homem mais lindo que ela já tinha visto" nem se ele é poderoso pacas, ele é um nojento SIM e imperdoável qualquer uma dessas atitudes/falas que ele tem, seja qual motivo você tenha aí, NÃO QUERO SABER! A Feyre pode até ser a mais tapada do rolê, mas eu não!
E não tem função nenhuma a autora sequer inserir isso aqui na história, o que dirá romantizar um troço desses! Pra mim não dá pra relevar mesmo! Ainda se isso fosse um crítica ou se fosse problematizado, mas é justamente o contrário!
Enfim, um dos piores livros que eu já li e com certeza o pior do ano. E não me venham com "aaah mas lê tal livro da autora" ou "aaah mas os outros livros da série melhoram horrores" porque além de eu querer distância das coisas que essa autora escreve, eu já sei muito bem o shipp que vai acontecer nos próximos livros (não é spoiler, eu é que tô adivinhando mesmo e se eu tiver errada pode me corrigir, mas sei que não tô) e depois de tudo o que ela passa na mão do cara, ainda ficar com ele? Ah, por favor, isso para mim é o suficiente para não ler mais nada dessa série!! Sem tempo, irmão, SEM TEMPO!
P.S.: Desculpa ser rude assim, mas eu não vou deixar de expor isso só porque ninguém (ou pouquíssimas pessoas) estão fazendo, grata. Querem normalizar essas bizarrices, ok, normalizem aí na vida de vocês, perdoem aí na vida de vocês, mas não espere isso de mim não...