Lu Oliveira 22/10/2016Minhas divagações que mais parecem o livro todo :DNão sei muito bem por onde devo começar. Provavelmente terá chuvas de spoilers, então se ainda não leu, por favor, evite meu review.
Nós temos duas narrativas neste livro; no presente, e flashbacks do passado através dos diários de Lilly.
Tudo começa no alto de um edifício em Boston, onde Lilly foi para pensar um pouco sobre sua vida, e sobre o funeral de seu pai em que ela não foi capaz de dizer uma única palavra boa sobre ele. Lilly não esperava que fosse ter companhia ali em cima, muito menos que seria um belo cara irritado. Depois de descontar sua fúria numa pobre cadeira, ele finalmente percebe que tem companhia. Eles se apresentam, conversas sinceras acontecem e temos aí nosso ponto de partida.
Ryle Kincaid é um médico neurocirurgião lindo, e tudo que ele mais deseja é terminar sua residência e se tornar o melhor de sua categoria. Sucesso profissional é tudo que ele deseja e não tem espaço para relacionamentos sérios em sua vida. Quando conhece Lilly, tudo que ele mais deseja é uma noite com ela, mas não é bem isso que ela quer.
Vou fazer uma pequena comparação, então espero que não me matem. Sabe quando você está montando um quebra-cabeças gigante e acaba colocando uma peça no lugar errado? Ela não se encaixa exatamente ali, mas mesmo assim, somos teimosos e deixamos ela naquele lugar. Ela não vai se encaixar perfeitamente, vai ficar uma pontinha arrebitada ali, mas numa primeira olhada parece que vai ficar tudo bem. Só que quando você der uma segunda olhada, não estará perfeito, e você verá que aquele não é seu lugar. Foi meio assim que vi Lilly e Ryle. Sinceramente, eu não sei o que ela viu nele, já que eles queriam coisas diferentes. Mas como a peça do quebra-cabeças, aquele romance entre eles na primeira olhada parecia certo.
Em alguns momentos ao longo do livro, nós vamos conhecer o passado de Lilly. Ela viveu num lar abusivo até que foi para a faculdade. Vemos toda sua angústia e ódio por tudo que acontece atrás das paredes de sua casa. Seu pai bate em sua mãe com tanta frequência, e ela se pergunta porque sua mãe nunca o denuncia, porque continua nesse relacionamento. Ela descarrega todos seus sentimentos em diários, e escreve como se fosse para Ellen Degeneres. Atrás de sua casa há uma casa abandonada, pelo menos é o que ela acha até que vê alguém se esgueirando pra lá todos os dias. Ela vai descobrir que o garoto que usa a casa é Atlas, um jovem de 18 anos que estuda em sua mesma escola, e que foi chutado para fora de casa pelos pais. Atlas não tem para onde ir e não tem absolutamente nada. Lilly o ajuda diversas vezes, e eles acabam se aproximando e consequentemente se apaixonando. Tudo foi mantido escondido até que o pai de Lilly os pegou e espancou Atlas quase até a morte, depois disso ela nunca mais o viu, até recentemente.
Lilly e Ryle decidiram fazer um test drive para relacionamentos sérios, eles quase não se veem devido aos plantões de Ryle, mas estão tentando. Num jantar com sua mãe e Ryle, tudo que ela menos esperava era dar de cara com Atlas como garçom.
Estou me esquecendo de falar sobre o sonho de Lilly de abrir uma loja de flores. É através da loja que ela conhece Allyssa, a irmã de Ryle. As duas instantaneamente se tornam amigas.
Bem, tudo que eu menos esperava era que Lilly fosse entrar num relacionamento abusivo também. Não vou ser hipócrita de dizer que não a julguei ou até mesmo a mãe dela. Eu julguei as duas como muitas vezes a sociedade faz com as vítimas de agressões, estupros...e me arrependo. A 1º vez que aconteceu eu tive que reler duas vezes pra acreditar que tinha realmente acontecido. Ver a Lilly inventando mil desculpas pra justificar a patifaria do Ryle me deixou com raiva inicialmente, ver ele mentir sobre o machucado dela me deu nojo. Se eu já não gostava do personagem, então passei a odiá-lo. Quando aconteceu a segunda vez, eu simplesmente cogitei abandonar o livro. Ver a Lilly mais uma vez pensando em jeitos de justificar as ações de Ryle me fez mal. Eu parei para pensar em quantas mulheres lá fora estão passando pelo mesmo. Sofrendo com uma guerra sendo travada entre seu coração e mente, tentando justificar o injustificável. Não pense que eu não julguei o Ryle, ah se fiz. Colleen Hoover tentou inserir um trauma no passado dele, talvez para que tivéssemos algum tipo de pena dele. Sendo sincera, é uma história triste, mas não diminuiu meu ódio por ele. O pior nesse meio tempo entre as agressões foi ela ter se casado com ele. Depois da 3ª vez, sim tem uma terceira, ela finalmente abre os olhos para o que está acontecendo em sua vida. Agora com um filho a caminho, ela não sabe o que fazer com seu casamento. Fiquei feliz dela se afastar dele, mas permitir a ele ser pai.
As notas da autora contribuem ainda mais para se entender tudo que Lilly e sua mãe passaram.
Foi uma leitura engrandecedora pra mim, me fez pensar sobre o que essas mulheres por todo o mundo passam nas mãos de seus maridos. Nenhuma de nós está isenta disso, e acho que o pior é o julgamento, a culpabilização da vítima, quando na verdade, a culpa é sempre do agressor. Achei o final muito corrido, pois queria saber mais sobre o Atlas, ou sobre tudo que aconteceu depois. Me pergunto o que aconteceu com esses personagens.
Não vou me prolongar mais :D Recomendo muito!