Sil 06/12/2016
Treta, treta, treta!!!
Olá lindíssimos,
recentemente terminei o livro Dália Negra, e ainda não estava preparada para escrever sobre ele. Mas percebi que se não começasse logo, não iria escrever nunca, tamanho meu espanto.
O autor James Ellroy tem um passado um pouco obscuro: na adolescência, sua mãe foi misteriosamente assassinada (o caso permanece em aberto até hoje) e devido á isso, ele fez muita coisa errada na vida: roubo, virou um bêbado sem teto e acabou preso. Quando saiu da prisão, ele mudou de vida e resolveu trabalhar. Lá por 1948, houve um violento e estrondoso assassinato de uma moça que ficou conhecida como a Dália Negra. Ellroy ficou obcecado pelo caso da moça, tamanha a brutalidade, e recortou dos jornais todas as informações que foi possível reunir. Baseado nesses fatos, ele decidiu escrever um livro de ficção com realidade. O caso da Dália Negra também permanece em aberto até os dias de hoje.
O livro é narrado por Bucky Bleichert, um policial, ex-boxeador. Ele conhece Lee Blanchard, também policial e ex-boxeador. Nessa "relação" existe uma rivalidade de mentirinha, pois ambos eram muito bons no ringue, se respeitam e são policiais com uma ficha limpa (até certo ponto. A sujeira grossa sempre é varrida pra debaixo do tapete), e cada qual teve seus motivos para largar o boxe e entrar na polícia. Por vários acasos, Bucky e Lee viram parceiros e começam á resolver vários casos juntos, os dois são bons! Dois policiais com todos os indícios de uma carreira brilhante, até aparecer Elizabeth Short - a Dália Negra - e ferrar com tudo!
Certa manhã, ao revistar o esconderijo de um perigoso assassino, os dois são surpreendidos por uma grande muvuca, próximo ao local. Ao verificarem, percebem que uma moça foi assassinada, a área está isolada e vários policiais já estão cuidando do caso. Mas ao olharem mais de perto, percebem que a moça foi totalmente estripada e cortada ao meio (se vocês querem ter uma ideia, dêem um google sobre Dália Negra, mas já vou avisando: Não é nada bonito!!), fica nítido que ela não foi simplesmente morta: ela foi torturada de várias formas e depois assassinada. Imediatamente 100 policiais são realocados para ajudarem nas investigações sobre o caso, incluindo Bucky e Lee.
Álibis são checados, pistas são verificadas, pessoas são entrevistadas (de várias formas possíveis) e nada do assassino. Ao reconstruírem a vida da nossa querida Elizabeth, descobrimos que a moça tem um passado feio: louca por aviadores, marinheiros e heróis de guerra, ela vai pra cama com qualquer um, não trabalha e quer muito ser atriz (chega á fazer um pornô). E pra variar, ela guarda o contato de todos os seus "namoradinhos" em um livro, que misteriosamente é enviado para a polícia em um envelope.
Temos também Kay Lake, a namorada de Lee. Mas eu não vou dar detalhes sobre ela, pois isso aborda a parte da "ficha limpa" do policial.
Conhecemos Madeleine Sprague, a "garota da alta", namoradinha de Bucky. Os Sprague praticamente construíram toda Hollywood (de formas não muito lícitas) e são uma das famílias mais abastadas da cidade. Bucky a conheceu durante as investigações. Mas eu também não vou falar mais, porque aqui a coisa também fede.
Temos vários sargentos, tenentes e policiais que tem participações decisivas na história, mas sério, falar sobre todos eles, vai alongar essa resenha muito mais. Basta você saber: existem os policiais bonzinhos e os malvados, todos importante para o enredo, e que todos os personagens mentem sem grande peso na consciência.
Lá pela página 250 os acontecimentos dão uma parada brusca. A narrativa até então eletrizante, fica estagnada. Pensei que a coisa ia ficar por isso mesmo e quis largar o livro, mas eu não largo livros, então perseverei, e ainda bem, pois lá pela 350 as coisas voltam á acontecer e se desenrolam de maneira magistral.
A vida do autor está presente no livro: Está retratada em Lee. No livro, Lee fica obcecado pelo caso Dália Negra e comete algumas loucuras, se enfiando em grandes encrencas, sujando seu nome, para descobrir o nome do monstruoso assassino. O caso virou pessoal, pois no passado, a irmã de Lee foi misteriosamente sequestrada, e o corpo dela jamais foi encontrado.
A escrita do autor é crua, preconceituosa e com bastante termos baixos (mas não podemos culpá-lo, pois as pessoas falavam assim naquela década, muitos tabus ainda estavam para ser quebrados). Já assisti o filme, mas sinceramente não lembro de nada, vou rever assim que possível.
No livro, ao contrário da vida real, o autor nos aponta o assassino. Eu sinceramente teria mudado um pouco o final, mas gostei demais da obra como um todo! Só dei quatro estrelas por causa daquelas 100 páginas de nada acontecendo. Recomendo para quem gosta de um romance policial onde o autor vai nos deixando pistas falsas, fazendo nos chegar á conclusões erradas.
Abraços