Mari Doroteu 22/07/2022
Já tinha assistido o musical de 2012, mas sempre tive vontade de ler o livro, então aproveitei que estava tendo leitura coletiva dele. :)
Fiquei 5 meses lendo ele e, realmente, não tem como não favoritar.
Mesmo já tendo assistido ao musical, eu não me recordava de muitas coisas, e claro que o livro é muito mais aprofundado e detalhado.
Cada capítulo é um banho de cultura praticamente. Victor Hugo, como já diz o título do livro, dá o protagonismo às partes mais vulneráveis da sociedade: pobres, mulheres, crianças, prostitutas e velhos.
O livro se passa justamente em uma época de muita instabilidade social e política, momento que a população exigia igualdade, liberdade e fraternidade, como podemos ver no trecho: ?O sentimento da Revolução é moral. O sentimento do direito, desenvolvido, desenvolve o sentimento do dever. A lei de todos é a liberdade, que acaba onde começa a liberdade do outro, segundo a admirável definição de Robespierre.?
E também: ?Queriam o fim das opressões, o fim das tiranias, o fim da espada; queriam trabalho para o homem, instrução para a criança, tranquilidade social para a mulher, liberdade, igualdade, fraternidade, pão para todos, ideias para todos, a edenização do mundo, o Progresso; e essa coisa santa, boa e agradável, o Progresso, eles a reclamavam impacientes, fora de si mesmos; reclamavam-na, terríveis, seminus, de maça em punho e rugidos nos lábios. Sim, eram selvagens; mas selvagens da civilização.?
Há um teor muito filosófico, religioso e moral no livro, em que vários personagens encontram-se confusos, perdidos, questionando seus próprios valores e se eles estão corretos ou não.
Não vou descrever a sinopse porque esse livro é tão icônico e lendário que dispensa apresentações.
Foi tanto tempo com esses personagens, acompanhando a vida, os pensamentos, as angústias, medos, sonhos e atitudes deles que agora vou sentir saudades.
As digressões do Victor Hugo são sim cansativas em algumas partes, mas pra mim não teve esse sacrifício todo, não achei as cenas da batalha de Waterloo, do convento e do esgoto tão chatas ou maçantes, como muitos dizem. Acho que é uma questão de ir lendo aos poucos e com calma, no seu tempo, sem querer correr ou terminar logo.
Acho que todos deveriam ler esse livro pelo menos uma vez na vida, é realmente uma experiência engrandecedora.
?Nunca devemos ter medo de ladrões ou assassinos. São perigos externos e os menores que existem. Temamos a nós mesmos. Os preconceitos é que são os ladrões; os vícios é que são os assassinos. Os grandes perigos estão dentro de nós. Que importância tem aquele que ameaça a nossa vida ou a nossa fortuna? Preocupemo-nos com o que põe em perigo a nossa alma.?