Paula 03/10/2024
Os Miseráveis
Foram cinco meses para terminar o livro. Com certeza o maior livro que eu já li. Que isso não diz nada sobre o livro ser bom ou ruim, ou se eu posso pegar uma carteirinha de leitora assídua, disso eu não tenho dúvidas. Um livro grande não diz nada sobre a qualidade do livro ou do leitor. Mas foi a primeira vez que pensei na leitura como uma forma de resiliência. Ter paciência, não abandonar o livro pela sensação de não caminhar nas páginas, ter o seu tempo, descansar do livro quando precisar (!!) e ler sem pressa para acabar. Tudo isso veio na bagagem do livro, para além da história.
E, de fato, eu achei uma história muito boa. Ler Os miseráveis logo depois de ler Grandes Esperanças é como dar um pulo longo no século XIX e conversar com pessoas que estavam olhando para onde, ou para quem, não costumava ser olhado. De novo, um livro que fala sobre classe, privação de direitos e distribuição de privilégios para poucos. Além disso, um livro que fala de redenção. Fala de uma cultura que impõe estereótipos degradantes a pessoas de classes oprimidas e que naturalizam a marginalização dessas pessoas sem uma crítica social mais complexa. Victor Hugo tenta fazer em 1511 páginas essa crítica social. Ele, no meu ponto de vista, tenta falar que, talvez, a melhor maneira de se julgar o indivíduo não seja olhando para ele, para a sua roupa, o seu nome ou os seus crimes. Ele pede para olharmos para as leis, para as instituições, para os títulos e se pergunta, enfim, quem realmente pode ter um nome na sociedade, para, de fato, circular nela. E faz tudo isso falando sobre amor. Para terminar, só dizendo que chorei horrores no final e que recomendo bastante o livro.