spoiler visualizarRafe_Adler 11/08/2024
2024/08/11 - 1º
Talvez, se me é permitido ter essa arrogância, acredito entender um pouco da frustração de Sócrates. Tantas coisas me ocorreram na leitura de sua Defesa, mas o que mais se destacou para mim, talvez aquilo que, pela força de sua conexão para comigo, ressoou dentro de mim foi a percepção do abandono da virtude, o fazer o certo e ser punido mesmo assim pelos seus.
Sócrates não era estranho ao conceito da injustiça, destacando ainda a sua breve passagem pela vida política (o qual ele relata ter deixado de desempenhar atos que sua posição exigiria dele por entender não ser bom aquilo, correndo risco de vida), o qual jurou não se repetir, pela sua própria moral, ou pela sua percepção dáemon, a voz que o aconselhava, mas pressinto que Sócrates genuinamente não entendia a razão pela qual a injustiça sequer seria praticada.
E, como exaustivamente trabalhado em sua Defesa, não por medo da morte, que por si só é incompreensível para Sócrates, já que não possui o necessário para julgar se morrer é bom ou mau, mas porque, se a virtude existe e ela não se acanha a quem a busca, porque haveria o sentir de fazer o que é mau? O bem existe, e a virtude deveria estar ainda mais presente entre os homens atenienses, mas não estava, como devotado em seus acusadores diretos e os indiretos dentre o Júri.
A maior frustração para Sócrates, se me é permitido ser arrogante a fim de defini-la como sendo uma só, é ver homens se preocuparem com riquezas, poder e honra e abandonar a virtude; Frente a morte, o seu pensamento é dirigido aos seus.
Fazer o bem porque é bem, e o exercício da virtude a fim de enxergar o verdadeiro, aquilo que não possui contrarrazão.
Um bom livro.