Aurélio 09/10/2024
Esse foi meu primeiro Platão, mas não foi minha porta de entrada para o universo grego, porque antes deste eu já tinha me aventurado com algumas obras de teatro gregas. Para ser honesto, eu estava com aquele medo de Platão, por se tratar de um escritor denso e rebuscado, devo dizer, no entanto, que tive uma surpresa agradabilíssima com apologia de Sócrates, os diálogos são fáceis de entender e para mim parece ser a obra ideal para começar Platão. O livro trata do julgamento de Sócrates, que o levou à morte por ingestão de Cicuta, julgamento este extremamente político, que ultrajou o ideal de justiça e manchou do sangue o traje de Têmis. No entanto, o filósofo encarou essa injustiça de frente, recusando-se a fugir e estoicamente aceitando seu julgamento. A história é formada por mártires cujas ações falaram mais alto que as iniquidades de seus algozes, e eis aqui um dos exemplos mais perfeitos desses homem, ficando, na minha opinião, atrás somente do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Sócrates usa de sua dialética neste diálogo não para tentar se justificar ou ter o julgamento a seu favor, mas simplesmente para expor a verdade, até porque, como ele mesmo diz, ele nem é tão bom de retórica para convencer ninguém. Tudo que sabemos de Sócrates vem de outros escritores, então ler Platão é dar vida a um homem que deixou uma pegada indelével no tempo despretensiosamente, alguém pouco preocupado com direitos autorias ou benefício próprio. Eis aí um homem à frente de seu tempo