gabriel 02/03/2023
Não é para todo mundo
E que bom! Eu mesmo não era fã inicialmente do mestre norte-americano, li na adolescência (numa época em que a modinha dele tava pegando muito) e não exatamente detestei, mas não entendi o apelo, as histórias me pareciam vazias e sem nada de mais. Adolescente quer muita coisa acontecendo, quer que o autor "fale muito", e ainda não temos a bagagem para entender que, muitas vezes, pode-se dizer muito sem falar nada (e vice-versa)...
Seguindo a norma, pretendo ser curto, e apenas dizer que aqui é o estilo consagrado do autor, direto, econômico, sem lições de moral, sem grandes verdades, apenas retratos cruéis de uma realidade não menos. Os três contos, que você realmente lê numa sentada (de verdade, não aquela sentada de três horas, de um livro "de uma sentada" de 300 páginas), tem a vantagem de marcar bem os contos. O que é bom, porque neste gênero de livro, você já lê o último conto e esqueceu do primeiro.
Aqui isso não acontece, fica uma sensação de inacabamento no entanto, e aqui poderia haver uma introdução, uma explicação do contexto dos escritos, e não tem nada, só os contos na sua cara mesmo. O que é não é ruim, mas é um material incompleto.
Robert Crumb é um lendário ilustrador norte-americano, pertence à contracultura daquele país, já fez capa de disco pra Janis, o cara é uma lenda. E aqui, ele ilustra brilhantemente os contos. Só me incomodou os personagens com a cara do Bukowski. Gosto de imaginá-los mais "abstratos". Não é uma crítica, só um incômodo.
Vale passar a mão se tiver sobrando por aí, é bem rapidinho e introduz bem a prosa dele, sendo que é um autor também famoso por seu trabalho poético, vale checar seu estilo único e que não apara arestas, deixando o leitor desconfortável do início ao fim.