Carla.Parreira 01/04/2024
Os 13 Porquês (Jay Asher). Ao retornar da escola, Clay recebeu em sua casa um pacote, cujo conteúdo era constituído por sete fitas cassetes. Estas tinham sido gravadas e enviadas por Hannah, com quem ele era apaixonado, antes do desgosto de seu suicídio. Em cada lado destas fitas, a jovem contava suas próprias histórias, direcionando-se especificamente a uma pessoa, com o objetivo de esclarecer o que a levou à sua decisão final e atribuindo a cada um de seus interlocutores a responsabilidade de terem contribuído para essa história.
No total, ela referenciou 13 pessoas - os seus 13 motivos - e cada um iria receber o pacote em ordem de menção nas fitas, sendo necessário ouvir todas as fitas para compreender o papel de cada um das pessoas na decisão de Hannah.
A narrativa é feita tanto a partir da perspectiva de Clay, enquanto ele escuta as fitas, quanto a partir de Hannah, por meio das fitas. No entanto, ao contrário das histórias que trazem tais narrativas alternadas em diferentes capítulos, neste caso, as duas perspectivas se cruzam simultaneamente, permitindo que se possa ver as reações de Clay imediatamente após a exposição de Hannah nas fitas.
Melhores trechos: "...Ah, já que você perguntou, recebi um pacote de fitas cassete pelo correio hoje, de uma garota que se matou. Parece que eu tive alguma coisa a ver com isso. Não tenho certeza que coisa é essa, por isso fiquei imaginando se poderia pegar seu walkman emprestado para descobrir... PERGUNTAS PARA JAY ASHER - 1. De onde veio a ideia que deu origem a este livro? Aconteceu meio que de trás para a frente, com a ideia do formato inusitado aparecendo antes do tema. Por isso, vou contar como ambas ideias surgiram e, então, como elas se juntaram. Em relação ao formato: anos antes de eu começar a trabalhar neste livro, fiz um tour guiado por uma gravação em um museu: cada visitante recebia um walkman com uma fita cassete dentro. Parado diante de cada objeto em exibição, você apertava o play e o narrador descrevia aquilo que você estava olhando. Aí, apertava o stop e seguia para o próximo objeto, tudo no seu próprio ritmo. Sempre me senti atraído por livros com formatos originais e fiquei com essa ideia, do tour gravado em áudio, no fundo da minha mente. Mas durante um tempão eu estava interessado apenas em escrever livros de humor, e não conseguia encontrar uma história engraçada que pudesse ser narrada nesse formato. Em relação ao tema: uma parente próxima tentou se suicidar quando tinha a mesma idade que Hannah. Felizmente (e afortunadamente), ela sobreviveu. Ao longo dos anos, nós discutimos os acontecimentos e as emoções que a levaram a tomar essa decisão. Ela nunca conseguia conversar sobre uma circunstância especifica sem contar o que precedera ou o que se seguira à sua decisão. Essa percepção de que tudo afeta tudo, como Hannah diz no livro, me deixou intrigado. As duas ideias se chocaram num momento em que eu não estava procurando nenhum tema para um novo livro. Algumas semanas depois de me casar, minha mulher e eu nos mudamos do ensolarado litoral da Califórnia para Sheridan, no estado do Wyoming, por seis meses. Eu nunca havia guiado na neve antes, e havia neve no chão o tempo todo que passamos por lá, o que me deixava tenso quando estava dirigindo. Certa vez, enquanto eu guiava por uma estrada extremamente escura, coberta de gelo — as condições perfeitas para inspirar um romance de suspense— , toda a premissa do livro veio a mim: Hannah, Clay, o suicídio, a caixa de sapatos cheia de fitas, a narrativa que avança e recua no tempo. Parei no posto de gasolina mais próximo e fiquei sentado ali (com o aquecedor do carro na temperatura máxima!), rabiscando ideias num caderno espiral. Quando fui para cama, naquela noite, eu já tinha escrito a introdução e uma parte do capítulo..."