Resenhas - Uma Noite Escura

Michela Wakami 27/11/2023

Muito bom
Ellinor, Dixon e Monro, são personagens maravilhosos.
Como eu amei conhecê-los através dessa obra.
Amigos fiéis, com tanto amor um pelo outro e tão necessário nos dias de atribulações.
Uma leitura gostosa com acontecimentos surpreendentes.

Janaina Edwiges 19/07/2020

O peso de um segredo!
A progatonista Ellinor Wilkins, filha de um rico advogado do vilarejo de Hamley, está noiva de Ralph Corbert, um jovem de boa família, que almeja crescer na carreira jurídica. Entretanto, um acontecimento trágico, em uma noite escura, mudará sua vida para sempre.

Esta história traz uma reflexão importante sobre as consequências de se guardar um segredo, delineando os traumas, perturbações e efeitos nocivos que essa escolha pode provocar nas vidas das pessoas. Ocultar um segredo, especialmente um bastante obscuro, exige um esforço imenso e tem o poder de modificar toda uma trajetória.

Outro ponto bem interessante, explorado pela autora Elizabeth Gaskell, trata da relação entre classes. O pai de Ellinor, Edward, embora fosse bem-sucedido e possuidor de grande fortuna, era menosprezado e visto como inferior pela pequena nobreza, por não ter uma origem nobre. Esse fato terá um papel decisivo para as atitudes desse personagem, influenciando no rumo dos acontecimentos.

Uma noite escura é um livro excelente, escrito de maneira primorosa e que inspira muitos pensamentos sobre questões morais. Recomendo demais a leitura!

Simone de Cássia 26/04/2021

Não sei explicar o porque de eu gostar desses livros da Pedrazul e dessa autora. Eu que sou completamente arredia a romances , confessamente opositora de enredos do tipo fábrica de beijos ardentes que brotam feito "colonhão" , me rendo totalmente às graças desses livros. Talvez porque os romances aqui não sejam assim tãoooo românticos, talvez porque resvalem para o drama, não exagerem na dose... talvez porque retratem uma época que amo, talvez não sei... mas o fato é que adoro! Fico completamente envolvida na trama, nos personagens, e me pego torcendo pelo final feliz.... Lindo livro!

Tamires 07/04/2017

Uma Noite Escura, de Elizabeth Gaskell
Quando Charles Dickens colocou a alcunha de pequena Sherazade em Elizabeth Gaskell ele não estava sendo apenas elogioso com a autora de quem foi editor. Certamente, tinha a visão de que as histórias dela venceriam as barreiras do tempo e ganhariam leitores mundo afora. E foi bem isso que aconteceu! Desde que li Margareth Hale (Norte e Sul), O Chalé de Moorland, Lizzie Leigh e Esposas e Filhas tenho comprovado a qualidade de Gaskell em nos envolver em suas narrativas. E com Uma Noite Escura não foi diferente.

Publicado originalmente em 1863, Uma Noite Escura inicia-se com a história de Mr. Wilkins, advogado e membro de uma família abastada, mas que não pertencia a uma linhagem nobre, o que era muito importante em seu meio, especialmente tratando-se da Inglaterra Vitoriana. Era sempre depreciado, embora circulasse nas mais altas rodas. Casa-se então com Lettice, uma moça de linhagem nobre, mas isso pouco muda a forma como as pessoas o veem. A esposa é modesta e caseira, não era amante da vida em sociedade, mas Edward Wilkins era um homem soberbo, sempre gastando mais do que deveria em extravagâncias que em nada acrescentavam ao seu intelecto.

Alguns anos depois de casados, Lettice morre deixando o marido e duas filhas, uma bebê e uma criança de seis anos. Certo tempo depois, a mais nova falece, restando da família Wilkins apenas Ellinor e seu pai.

Os dois tornam-se muito apegados e extremamente profundo era o afeto entre eles. A vida era pacata em Hamley, e os Wilkins tinham poucos amigos. Dentre eles estava Mr. Corbet, o qual viria a ser noivo de Ellinor assim que ela começara a transparecer a beleza da mocidade. Ellinor apaixona-se por ele ainda bem jovem, já o rapaz percebe a beleza e as virtudes dela após passar uma temporada afastado de Hamley, em Londres.

As páginas vão passando e, confesso, fui achando a história meio morna. Ellinor mostrava ter um caráter parecido ao de sua mãe, uma mulher simples e sensata. Já Mr. Corbet até parecia nutrir sentimentos verdadeiros pela moça, mas sua real paixão era a advocacia e o desejo de tornar-se juiz. Sendo o filho mais novo de sua família, ele reflete e chega à conclusão de que Ellinor não seria tão ruim assim para esposa, tendo em vista que era a única filha de um rico advogado. A família Corbet era de linhagem nobre e tinha em seu círculo pessoas que conheciam e ridicularizavam Mr. Wilkins. O homem era tido como vulgar em toda a parte, mas sua filha poderia vir a se tornar uma boa Mrs. Corbet. Pelo menos assim pensava o rapaz e, portanto, planejava conseguir a benção de sua família.

“As pessoas da vila neste condado imbecil caçoam de mim porque meu pai vai até os Plantagenetas em busca de sua árvore genealógica, e negligenciam Ellinor. Só aturam o pai porque o velho Wilkins era filho de sei lá quem. Muito pior para eles, mas melhor para mim neste caso. Estou acima desses preconceitos bobos e antiquados e ficarei feliz quando o momento apropriado chegar de fazer Ellinor minha mulher. Afinal, a filha de um advogado próspero não deve ser considerada um par inadequado para mim, filho caçula que sou. Ellinor será uma mulher estonteante dentro de três ou quatro anos, exatamente o tipo que meu pai admira. Que corpo, que braços torneados. Serei paciente, darei tempo ao tempo, e atentarei para as oportunidades e tudo vai dar certo.” (p. 39 e 40)

Em meio aos planos do matrimônio algo acontece. Sim, o tal acontecimento que remete ao título (principalmente ao original, A Dark Night’s Work, “o trabalho de uma noite escura”, em tradução literal para o português). Fique tranquilo, pois o acontecimento não será revelado nesta resenha! Apenas digo que foi uma grande surpresa, pois eu imaginei que seria algo diferente. Felizmente não procurei nem tropecei em spoilers sobre o livro, garantindo o meu susto com o acontecimento nesta primeira leitura.

Nem todos percebem ou sabem a verdadeira razão, mas a vida da família Wilkins e de um de seus empregados mais próximos, Dixon, muda completamente. Existe algo importante e sério pairando no ar e isso acaba despertando a atenção de Ralph Corbet. Ellinor se divide entre guardar um segredo ou revelá-lo àquele que será seu esposo a ponto de estremecer sua vitalidade. Com medo de que possa haver algo na família de sua noiva que prejudique seu futuro profissional, Mr. Corbet começa a dar sinais de que não está mais tão interessado em manter seu compromisso com Ellinor.

“Em resumo, o contraste com a outra arrumação perfeita e com um frescor admirável abateu impetuosamente sobre as percepções de Ralph, que eram mais críticas que compreensivas. E como seu amor sempre foi submetido ao intelecto, o rosto admirável de Ellinor e sua figura graciosa correndo ao seu encontro não recebeu sua aprovação, porque seu cabelo estava com um penteado cafona, seu corpete estava muito longo ou muito curto, as mangas largas ou apertadas demais para o padrão de moda ao qual seus olhos tinham sido acostumados ao esquadrinhar as damas de honra e as várias mulheres de alta estirpe no castelo de Stokely.” (p. 110)

“Ellinor, com o fino tato propiciado pelo amor, tinha descoberto a irritação do seu amado nas várias e pequenas impropriedades com a família à época de sua segunda visita no outono anterior, e se empenhou em tornar tudo tão perfeito quanto possível antes que retornasse. Mas ela passava por maus bocados. Pela primeira vez na vida havia uma escassez de dinheiro.” (p. 111)

“Que proveito teria em manter o noivado com Ellinor? Teria uma esposa frágil para cuidar, além das despesas comuns da vida matrimonial. Um sogro, cujo caráter, na melhor das hipóteses, era respeitado apenas localmente e até isso estava se perdendo dia após dia em razão de hábitos sensuais e vulgares; um homem também, que transitava de forma esquisita da viva jovialidade ao enfado mal-humorado. Ademais, duvidava se, no caso de evidente variação na prosperidade da família, a fortuna a ser paga na ocasião do casamento com Ellinor seria acessível. Sobretudo, e ao redor de tudo, pairava a sombra de uma desgraça não revelada, que poderia vir à tona a qualquer momento e emaranhá-lo.” (p. 114)

A partir daí, a história que eu achava ser morna toma contornos muito interessantes. Todo o suspense em torno do acontecimento torna a leitura rápida e a ansiedade por saber como tudo vai acabar fez com que eu terminasse o livro rapidinho! Uma Noite Escura é mais uma grande história de Elizabeth Gaskell que nós, leitores brasileiros, agora temos o prazer e a oportunidade de ler em nossa língua.

Tenho na fila de leitura Cranford e todo e qualquer outro título de Gaskell a ser publicado em português, certamente pela Pedrazul Editora, que tem se colocado como a casa dos clássicos ingleses no Brasil.

site: http://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-uma-noite-escura-de-elizabeth-gaskell/

Rafaelle 20/04/2020

Uma noite escura
Este livro mais uma vez prova que não é a toa que considero Elizabeth Gaskell minha autora clássica favorita. Essa mulher conseguia fazer enredos sem grandes complexidades ou reviravoltas mirabolantes se tornarem histórias incríveis e deliciosas de ler. Este é mais um livro dela impossível de largar.

Miss Ellinor Wilkins é filha de um advogado rico. Sua mãe e irmã mais nova faleceram quando ela ainda possuía 6 anos, o que intensificou o relacionamento dela com o pai. Mr. Wilkins era filho de um advogado bem sucedido e seguiu a carreira do pai. Porém ter crescido em um meio social onde sempre fora aceito devido à boa fama do pai o tornou alguém de gostos aristocráticos que muitas vezes estavam além de suas condições. Após a morte da esposa esse defeito se acentua um pouco ano após ano.

Anos depois Miss Ellinor conhece Mr. Ralph Corbet, filho de família aristocrática e pupilo de Mr. Ness. A convivência entre os dois com o passar dos anos se torna paixão e apesar da família dele ser contra, ambos se tornam noivos. É em meio à felicidade de estar noiva de seu grande amor que Ellinor vive a noite mais tenebrosa de sua vida, com acontecimentos que mudarão o curso de vida de todos os personagens e a marcará para sempre.

Não quero dar spoilers então digo que esse acontecimento é o que move a história. Somos levados a ver várias facetas dos humanos. Vemos amor, fidelidade, covardia, egoísmo entre tantos outros sentimentos. Todos os personagens envolvidos direta ou indiretamente com o acontecimento tem seu caráter exposto e pra mim é aí que está a genialidade do livro. É um livro que mostra que nem tudo é o que parece e que o caráter daqueles ao nosso redor nem sempre são aquilo que mostram.

Lilia128 29/12/2022

Uma noite escura
Uma noite escura de Elizabeth Gaskell publicado pela primeira vez em 1863, relata a história de Ellinor Wilkins e seu pai, até que numa noite trágica um acontecimento muda o percurso de suas vidas e consequentemente o futuro dos envolvidos.
Esse é o primeiro livro da Gaskell que leio então não sou capaz de comparar com outros de mesma autoria porém posso dizer que desse em particular eu curtir o estilo de escrita. Não achei que flui tão bem (principalmente no início que é um pouco arrastado) mas te prende na história, você ler e quer saber o que vai acontecer no próximo capítulo. Gostei também da construção dos personagens e da forma como são complexos e cheios de particularidades.
Uma história que traz reflexões sobre ações e suas consequências, delineando o caos emocional e físico que essa escolha pode trazer para a vida.
Eu recomendo a leitura, da qual o único defeito, na minha opinião, é ter sido arrastado no início e muito breve em sua conclusão.

Dri 31/08/2024

Maravilhoso. Elizabeth Gaskell sendo Elizabeth Gaskell. A protagonista passa por uma jornada de sofrimento e amadurecimento, em uma época em que as mulheres não tinham independência financeira. Esse, aliás, foi um dos piores obstáculos na vida de Ellinor. Além disso, ela assumiu responsabilidades que não eram suas desde criança, outro fator que dificultou, e muito, sua jornada. Extremamente bem escrito, coerente, realista e com personagens e fatos entrelaçados habilmente. Viva a literatura Vitoriana!

Luciana Klanovicz 03/01/2022

Uma aula de História sobre a condição feminina no século XIX
Escrever literatura é contar histórias. Elizabeth Gaskell é uma das minhas autoras inglesas favoritas exatamente por fazer seu ofício com maestria.
Do olhar de uma leitora que também é escritora, ainda se apresenta como um deleite maior: desvendar através da literatura os vestígios do tempo, as fissuras das mágoas e sentimentos que atravessaram os destinos daquelas personagens para assim tentar imaginar historicamente o passado. Assim, a leitura nem sempre fácil para leitoras e leitores do presente, deve ser mantida para que se possa vislumbrar os vestígios da condição feminina inglesa em meados de século XIX.
As questões de classe - olhar astuto da autora - são apresentadas de maneira diferenciada de outras obras, mas que não perdem em intensidade descritiva a autora ao minuciar os dilemas morais tão marcantes em Uma noite Escura.
Literatura de alta grandeza. Mais um ponto para a escritora Elizabeth Gaskell que conquista a cada livro minha melhor porção de leitora/escritora.

Tuca 29/04/2020

Em uma noite escura, a vida de Ellinor Wilkins vira de cabeça para baixo. Portadora de um grande segredo que coloca em risco a reputação de sua família, seu noivado e sua saúde, seus sonhos de juventude vão se dissipando em uma realidade dura e translúcida. Translúcida também é como ela enxergava sua vida , antes e depois daquela noite escura, nem sempre Ellinor via a veracidade das pessoas e de sua natureza. Nessa noite escura, Ellinor passa a viver uma mentira, que mesmo compartilhada, lhe corrói por dentro e fica enrolada em uma sucessão de tragédias e desilusões.

Essa é uma história que evolui muito bem. Começa vagarosa, mostra seu mistério ja em seu primeiro terço e empurra suas consequências até o final de forma crescente. Difícil de classificar, para mim o mistério do que ocorreu na noite escura e seus desdobramentos são o mote principal. Existe um romance, porém ele é acessório e escasso, não embarque nesse livro em busca disso.

O preconceito da época chama muita atenção na trama. O pai de Ellinor era um advogado cuja família havia enriquecido por meio desse ofício. Para os aristocratas isso era um grande defeito. Enquanto ele fazia de tudo para se encaixar, mesmo tendo mais dinheiro que alguns deles, era constantemente o alvo de zombarias e humilhações, que por vezes alcançavam Ellinor. E esse é um tópico muito comum dos clássicos do século XIX, quando vemos personagens novos ricos- burgueses- casando-se com nobres sem dinheiro apenas para ganhar o título e poderem se inserir nesse grupinho de privilegiados. O engraçado é que duzentos anos depois, há uma inversão desses valores, quando a aristocracia é algo que permanece vivo em poucos países, e mesmo neles, a impressão dos que trabalham para crescer financeiramente é bem melhor do que daqueles que são meramente herdeiros.

Não é um livro de grandes reviravoltas, mas é um livro de surpresas, que migra pra um lugar inesperado, bastante acolhedor e esperançoso, onde “tudo dá certo quando chega ao fim”.

site: IG: https://www.instagram.com/tracinhadelivros/

taynee.mendes 16/07/2017

Elizabeth Gaskell: a Scheherazade britânica
A escritora inglesa Elizabeth Gaskell ainda é pouco conhecida em terras tupiniquins. Injustificadamente, é claro: seu nome é tão importante na literatura clássica inglesa que figura no Poet’s Corner, em Westminister Abbey, em Londres, ao lado de nomes mais conhecidos como a grande Jane Austen e o genial Charles Dickens. Aliás, foi dele que recebeu a carinhosa alcunha de “querida Scheherazade”, devido a sua habilidade em contar histórias.

Nascida em Londres, Elizabeth Cleghorn Stevenson Gaskell (1810-1865) foi autora de seis romances, vários contos e uma biografia de Charlotte Brontë, com quem se encontrou apenas duas vezes, mas manteve uma intensa amizade por cartas. Em seus livros, examina questões sociais de sua época, principalmente as consequências da Revolução Industrial no século XIX, a ascensão da classe média em uma arraigada aristocracia e a posição da mulher na sociedade. Sua obra mais representativa é, sem dúvida, Norte e Sul (1855), em que contrasta a vida industrial e “moderna” do Norte da Inglaterra com a vida do Sul, pacata e mais tradicional. O romance ganhou adaptação para TV pela rede britânica BBC em 2004.
A novela Uma Noite Escura foi publicada em 1863 – dois anos antes de sua morte – no formato de folhetim na revista All Year Round, de Charles Dickens, com o título A Dark Night’s Work. A trama conta a vida de Edward, filho de um advogado bem-sucedido; note: “apenas” um advogado e, por isso, era menosprezado pela pequena nobreza da região. Na Inglaterra vitoriana, ter dinheiro não significava muito se não fosse acompanhada de uma boa posição ou um título de nobreza. Naquele tempo, o dinheiro não comprava status. Mas Edward bem que tentou: tinha cavalos invejáveis, uma biblioteca enorme e quadros valiosos. Não era o suficiente para conquistar o respeito e admiração que tanto desejava. Casou-se com Lettice, de uma linhagem nobre e teve Ellinor como filha. Com a morte de Lettice, a menina se apegou cada vez mais ao pai, que mal sabia o que o destino reservava para os dois. Crescida, Ellinor se apaixona por Ralph, filho caçula da família Corbet. Ralph também a amava, porém seu amor acompanhava a ambição de se tornar juiz em Londres. E é sua ambição que pode colocar tudo a perder para os dois, principalmente após um grave acontecimento em uma noite escura que mudará para sempre a vida da família Wilkins.

Em Uma Noite Escura, Gaskell contrapõe duas concepções de modernidade. A primeira é vista de forma positiva na medida em que critica a espantosa discriminação de classes na Inglaterra, com seus motivos fúteis e valores questionáveis, evidente nas tentativas inúteis de Edward em pertencer à nobreza. A segunda é personificada na ambição de Ralph, um jovem que enxerga além de todos os preconceitos de classe e que enfrenta a sua família por causa do seu amor. Se Gaskell não vê com bons olhos o passado, tampouco vê um futuro industrial brilhante. No desenrolar do romance, a construção de uma ferrovia – com todo o seu simbolismo moderno – terá consequências drásticas na vida dos personagens.

Como em toda literatura inglesa clássica, é nos pequenos gestos que se revelam grandes personalidades. A maneira sutil de contar cada detalhe dos personagens faz com que o leitor mergulhe na história de cada um, desvendando motivações e temores profundos. Um estilo delicado, sim, mas não menos impactante. As cenas mais dramáticas que se seguem em Uma Noite Escura são contadas de forma serena e fria; uma frieza necessária para transmitir todo o horror ali presente.

Pelo tom obscuro, há quem diga se tratar de uma novela gótica, mas é possível ver traços realistas que ultrapassam a barreira do tempo e da história: pessoas materialistas com grandes ambições, capazes de tudo para atingir seus objetivos. Não muito diferente dos dias atuais. A mensagem do livro, tipicamente vitoriana, é clara: toda ação tem consequências, porém, alguns, como a doce e inocente Ellinor, costumam pagar um preço mais alto que outros.

site: https://blog.pedrazuleditora.com.br/2017/01/20/elizabeth-gaskell-a-scheherazade-britanica/

Mariana Sousa 30/04/2020

O preço de um segredo
Uma noite escura é um livro de enredo curto, porém surpreendente. A história narra a vida da família Wilkins e como em uma determinada noite fatos marcantes acontecem e acabam trazendo consequências para todos os envolvidos em um terrível segredo.
Como personagens principais temos pai e filha; Ellinor e Mr. Wilkins são muito apegados um ao outro e são os únicos sobreviventes da família que sofreu algumas perdas, em seu entorno temos também os empregados Dixon e Miss Monro, ambos possuem uma relação estreita com a família e são unidos a eles por afeição e lealdade.
E se eu puder resumir o livro a uma única palavra diria que é justamente lealdade, lealdade a quem você ama e respeita acima da verdade e até mesmo de sua própria felicidade.
Em determinado momento da história vemos que os personagens se submetem ao sofrimento e a culpa em razão da lealdade e da necessidade de proteger alguém. E apesar de fazerem isso de bom grado não deixam de serem atormentados pela sombra do segredo que escondem.
Sem revelar detalhes cruciais do enredo eu compartilho que a história é bastante fluída e seu desenrolar é bastante curioso, a narrativa trabalha questões como vício, luto, orgulho, superficialidade, tolice, ambição, amizade e amor.
É uma história que vale a pena ser apreciada e conhecida, cujo único defeito é ter sido muito breve, principalmente em sua conclusão. Terminamos a leitura querendo mais, mais detalhes, mais descrições, mais diálogos e momentos que permitam nos despedir adequadamente dos personagens. Contudo, apesar dessa sensação de falta o enredo é fechado e os fatos são esclarecidos e o leitor é presenteado com uma última cena de perfeita harmonia.

sentilivros 21/04/2020

Gostei do livro. Bem escrito. A história não guarda muito suspense, mas eu gostei. Os personagens não me foram cativos, mas vc vê veracidade em suas personalidades. Eu sou suspeita para falar pq geralmente gosto demais de livros onde a drama ou romance intensos, ou onde a personalidades fortes. Aqui não temos nada disso, mas para quem gosta de uma boa história, ou ainda quer conhecer algo da autora antes de cair de cabeça em Margaret Hale, eu acredito que valha a pena.

Kaka 14/01/2021

Sou fã da autora! O livro traz algumas reflexões da sociedade da época e mostra como um segredo pode influenciar a vida das pessoas envolvidas. Leitura fácil e envolvente.

Vanderni 22/01/2022

Excelente.
Uma das características da escrita da Gaskell que me agrada muito é o fato dela não apresentar o amor de forma idealizada, de tal forma que a heroína só pode ter um único amor na vida. Ellinor ama o pai, apesar de seus defeitos, ama Mr. Corbet, ama Dixon e, apesar das decepções, consegue continuar. Gaskell constrói os personagens de forma que eles não caem em um simplismo maniqueísta. Antes, seus personagens são complexos. Mesmo Ellinor que é uma mulher muito idealizada, colabora em uma situação dúbia, pra dizer o mínimo. São personagens cheios de nuances. Pra mim, não é perfeito como Norte e Sul, mas agrada muito. Não entendo como Gaskell é pouco publicada no Brasil.

Janise Martins 30/11/2019

Uma Noite Escura
Para quem está acostumado a ler romance contemporâneo estranha um pouco esse tipo de leitura, isso porque Uma Noite Escura foi escrita em 1863. E a forma da escrita da autora é bem interessante. Não acho que flui bem, mas prende a atenção. Não há muitos diálogos e nada é revelado diretamente, tem sempre uma “explicação”. É quase uma encheção de linguiça, mas não é. Hehehehe… não consigo explicar. Acho que o mais perto é: é diferente, mas é bom.
Não tem um romance de feliz para sempre. Se é isso que você procura, desista. No entanto, a história vale a pena. Com esse livro eu passei raiva, mas raiva dos acontecimentos, não dos personagens. Até mesmo as decisões que me fizeram sentir raiva, no fundo eu dei razão.
A autora desfia uma história para chegar em Ellinor, uma mocinha bonita, inteligente, amada por seu pai e apaixonada por Ralph. E, diga-se de passagem, Ralph também era apaixonado por ela. Inclusive ficaram noivos.
Tudo estava indo bem, até não estar mais. A reviravolta deu-se em “Uma Noite Escura”, de fato. E o que ocorreu nesta noite foi forte demais para Ellinor e seu pai, e teve consequências gravíssimas, inclusive, mais tarde, o rompimento de seu noivado. Verdade seja dita, depois dessa noite tudo foi por água abaixo, em um efeito dominó.
Não sei como contar mais sem dar spoiler, mas recomendo esse romance, não tão romântico assim, mas que prende a atenção.
E foi isso.
Bjoo.


site: https://janiselendo.blogspot.com/2019/11/uma-noite-escura.html