Fer - Mato Por Livros 05/03/2016Inesquecível. Ahhh definitivamente Jorgeana sabe como enlouquecer e emocionar um leitor.
Sabe aquela montanha russa de emoções despertada sempre pelos personagens que são tão reais que poderiam ser você?
É, pois é. Eu mal tinha começado o livro e já estava apavorada, com muita raiva, sentindo um desprezo tão grande, sem saber se queria sentir esperanças...
Ok eu sei, sentimentos muito ruins esses. Mas poxa sou humana também sabiam?
E é impossível não ficar revoltada pelos caminhos que a história desses personagens seguiu.
Eu só me perguntava: - Como ele pode?
Ok, deixando a revolta de lado, afinal isso passou.
E sim, demorei dias para escrever essa resenha, tamanha era a confusão de sentimentos e sensações causadas por essa obra.
Desafiados a amar é a continuação de À Espera de um Adeus. Obra em que somos apresentados a Samantha e Douglas, um casal que está passando por sérios problemas em seu casamento, levando assim sua família para um caminho de destruição.
Continuando de onde parou o primeiro livro (E, diga-se de passagem, onde a autora quase nos fez sofrer de vários surtos), vamos infelizmente (ou felizmente para quem conseguiu aprender com toda a lição que recebemos aqui) acompanhar os erros desse casal que infelizmente perdeu pelo caminho o amor que um dia sentiram e todo o respeito e afeto que fez parte de suas vidas um dia.
Douglas já no começo me deixou indignada. Eu não conseguia acreditar em suas atitudes. Aquele não era o Douglas que eu conhecia. Não era mesmo. Eu não podia aceitar que ele realmente fosse capaz daquelas atitudes. Se no primeiro livro pude compreender também o seu lado, nesse eu só queria nunca mais ter que olhar para ele. Acho que eu fiquei mais revoltada que a própria Samantha.
Samantha. Céus, como eu gostaria de ser metade do que ela foi. Espero que se um dia eu passar por algo próximo do que ela passou, eu possa lembrar-me dela com todo o carinho e me recordar de tudo o que ela nos ensinou.
Ela foi humana em todos os sentidos. Ela errou, ela julgou, ela foi fraca e permitiu que suas falhas quase a fizessem perder tudo o que mais amava. Mas além de todos seus “defeitos”, ela foi além. Ela foi uma guerreira, uma mulher que soube reconhecer seus erros, reconhecer que precisava mudar, lutar por sua família e por sua felicidade.
Apesar de tudo pelo que passou, de todas as humilhações e apesar de se abalar por tudo isso e da queda para o fundo do poço ser grande, ela aceitou o desafio.
O desafio de lutar para tirar do fundo do poço o que já consideramos afogado é muito difícil. Medo de não conseguir, medo de ser rejeitada, medo de ser tarde de mais, de não valer mais a pena, medo de gastar uma força em algo que possivelmente não tem mais recuperação, não tem mais volta.
Medo
Medo
Medo
Mas apesar de todos esses medos, de toda a insegurança e de tudo o que a fazia querer voltar atrás e desistir. Ela seguiu em frente. Ela venceu todos os obstáculos, buscou sua força em Deus, aquele que nunca a abandonou e continuou o caminho para ter sua vida de volta.
Nossa! Realmente é um livro que mexe demais com nosso emocional. Eu sofri do começo ao fim, chorei, perdi as esperanças e as encontrei de novo, mas acima de tudo tive fé juntamente com Samantha de que Deus iria fazer o melhor por ela e por todos.
Como eu disse um dos sentimentos que infelizmente (ou não, afinal aprendemos com nossos erros) que mais me fizeram companhia foi a raiva. Eu tive muita raiva de Douglas, achei todas as suas atitudes imperdoáveis. Achei tão injusto ele dizer que Samantha só se preocupava com ela.
Porque será que é difícil se colocar no lugar do outro? Imaginar o que ele sente? As dúvidas, os receios, as preocupações, tribulações. Por que é tão difícil dar o primeiro passo?
Foi triste demais ver o quanto Douglas se perdeu, o quão longe ele foi e imaginar em quantas casas nesse exato momento famílias inteiras estão se desestruturando dessa mesma forma.
Mesmo ainda com muito rancor de Douglas, foi especial ver a sua busca pela redenção, pelo perdão e principalmente por perdoar a si mesmo.
Douglas realmente mexeu com algo bem fundo de nós, nos fazendo entender melhor que temos nossas fraquezas, mas que temos que estar dispostos a sofrer as consequências de nossas escolhas e de nossos atos.
Sam sofreu tanto. Eu me perguntava em muitos momentos se ela conseguiria mesmo se reerguer? Se ela encontraria novamente toda a sua fé. O quanto de mágoa, podemos lidar? Quanta humilhação podemos engolir e mesmo assim dar a volta por cima? Mesmo assim lutar pelo nosso amor?
Eu me sentia como ela, desiludida, com nojo, revolta e com uma dor capaz de estraçalhar meu coração.
A cada página eu tinha mais raiva, mais rancor, um ódio tomava conta de mim.
Eu não sei se conseguiria, se eu teria forças para perdoar.
Foram tantas quedas, tantas decepções pela qual ela passou, mas cada queda, cada vez que ela levantava era uma força que ela ganhava e nós juntamente com ela.
Olha, eu sinceramente acho que nunca seria capaz de chegar perto do que Sam é. Mesmo com tudo o que ele fez ela foi capaz de abrir seu coração para a generosidade, mesmo ele ainda conseguindo a machucar.
Samanta encontrou uma força que poucos encontrariam. Ela precisou ser o alicerce daquela família, o exemplo e o instrumento. Era através dela que sua família encontraria de novo a fé, a esperança e o amor em Deus, e se não fosse por ela, cada dia mais eles se afundariam no poço de mágoas, rancor e raiva em que estavam se afundando.
Outro presente da autora foi a narrativa pela perspectiva de outra personagem. Uma personagem que eu não gostava desde o primeiro livro. Mas mais uma vez Jorgeana nos levou pelo caminho do ser humano e conhecer o outro, não fazer julgamentos precipitados e acreditar sempre que o outro pode sim mudar.
Nós não sabemos o que vai no coração do outro, não sabemos por que as criaturas fazem o que fazem, e por certo não nos cabe julgar, mesmo que as vezes seja difícil entender.
Até onde o vazio dentro de uma pessoa pode controlar tudo o que ela faz?
Uma história que nos ensina a amar e principalmente a valorizar pequenos detalhes que em momentos de desatenção podemos desprezar.
Um pai brincando com o filho rolando pelo quintal.
Um café da manhã com uma bagunça generalizada.
Um pequeno toque.
Um convite para jantar.
Um gesto simples.
Tantos são os momentos que teriam tudo para serem especiais e muitas vezes deixamos passar.
Lágrimas tomaram meus olhos nas cenas finais. Não vou contar se de felicidade ou de alegria. Já falei demais sobre a beleza dessa história e sobre tudo o que aprendi com ela. Sofri tanto, senti tantos rancores dentro de mim, mas ao final, sinto que mais um passo foi dado em tudo o que ainda preciso aprender como ser humano.
Quando você termina uma história assim, tudo o que deseja é que guarde para sempre na mente e no coração todas as lições maravilhosas, especiais e verdadeiras que aprendeu.
Receber esse tipo de amor, deixar esse amor entrar de verdade em nossa vida, não deveria ser difícil, mas por muitas vezes é. Para isso que existem verdadeiros instrumentos perfeitos para nos fazer recordar sempre qual o verdadeiro amor e o quão importante ele é em nossa vida.
Jorgeana Jorge mais uma vez só posso dizer que você com certeza é um instrumento de amor maior e cheios de graça somos nós por poder estar em seu caminho e receber essa luz que emana direto do seu coração ao nosso.
Obrigada, você com certeza é alguém tocado por Deus para mostrar o quando ele realmente nos ama.
Eu aceito o desafio. E vocês?
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