Leandro Vasconcelos 30/07/2024AtemporalUma obra absolutamente atemporal e que trata do que é mais caro ao ser humano: a sua relação com Deus. Não quero ser presunçoso a ponto de tecer comentários e formular análises sobre este grande marco da literatura, pois isso já foi feito por grandes mestres no decorrer dos séculos. Quero apenas destacar algumas impressões pessoais que ressoaram no fundo da alma:
• O itinerário para Deus é universal. Esta talvez seja a mensagem mais cativante da obra e que tanto inspirou leitores na história. Como diz o próprio Santo Agostinho: “Estavas comigo, mas eu não estava contigo”. Deus é de onde provém todas as coisas e está sempre conosco, embora conceda e respeite o livre-arbítrio aos homens. Estes é que se dirigem para longe Dele. Mas, mesmo nesta situação, está os chamando e, em certo momento, ilumina a sua inteligência.
• Os vícios da humanidade são perenes ao longo da história. A obra foi escrita há mais de mil e seiscentos anos. Mesmo assim, descreve disposições do ser humano que são as mesmas até hoje, logo constantes na história. É o pecado introduzido no mundo que corrompe os corações do homem, desde o princípio dos tempos. As situações vividas por Santo Agostinho, em sua mocidade, ilustram isso com perfeição. Poderiam muito bem ter sido escritas na atualidade.
• A natureza do mal. Não é uma substância, uma forma ou uma criatura, mas tão somente a perversão ou deturpação da vontade. A criação é boa, pois provém de Deus. Mas a vontade deturpada das criaturas é que a corrompeu. Mesmo daí, contudo, nasce o bem. Afinal, o Senhor é bom e só permite isso para gerar mais frutos da graça.
• Esperança. Por mais que estiveres em uma situação de pecado, se buscas a Deus, então já o encontrou. Tudo é graça. O ser humano só age impelido pelo Espírito, que o precede. Logo, tenha fé.
Enfim, estes foram os pontos que mais me tocaram. Deixo como nota a densa experiência literária, que não é linear, mas muito enriquecedora, mesmo para pessoas que não são muito afeitas às coisas de Deus. A combinação de narrativa pessoal, filosofia e teologia cria uma leitura rica e multifacetada, desafiando os leitores a refletirem sobre suas próprias vidas e crenças, sejam elas quais forem. Portanto, "toma e lê!".