spoiler visualizarCau 03/07/2013
O livro começa fazendo uma apologia ao romance de Machado de Assis, Dom Casmurro, quando Dimas - protagonista e narrador personagem - cita, logo na primeira frase, o mistério de Capitu.
- Vale ressaltar que "O bom ladrão" é na verdade uma revisitação ao romance de Machado de Assis, ou seja, vamos encontrar muitas semelhanças entre o casal Dimas e Isabel e o casal Bentinho e Capitu, sendo que Fernando Sabino fez questão de exaltar essa semelhança logo no principio do seu livro, começando pelo fato de ambos serem narradores personagens. -
Enfim ...
Dimas nunca pensou em trabalhar num jornal ou morar no Rio de Janeiro, mas foi exatamente isso que lhe aconteceu, e foi justamente no jornal que ele conheceu a mulher responsável por esse drama, Isabel, mulher muito bonita, loira e logo chamou sua atenção, queria fazer um anúncio, sobre um quarto que queria alugar em sua casa. Anotou os detalhes numa folha de papel, mas saiu de lá sem pagar pelo anuncio e levando a caneta que pegara emprestado, uma ótima caneta por sinal. Então, como pretexto para revê-la, Dimas foi ao seu encontro - no endereço do anúncio - para cobrar o valor não pago e quem sabe pegar sua caneta de volta [ era realmente uma caneta muito boa ] mas chegando lá, a moça não o reconheceu, pensou que estivesse lá por causa do anúncio do jornal - ele seria a segunda pessoa que a visitava - então ela o levou para ver o quarto e o que ele temia aconteceu, gostou muito do que viu, era melhor do que a pensão em que vivia, então resolveu ficar e alugar o quarto por uns tempos.
Na casa, morava também a mãe de Isabel - o quarto que Dimas alugou era na verdade o antigo quarto da mãe dela, que infelizmente, já não aguentava subir as escadas, esse foi o motivo de estarem alugando o quarto [só a titulo de curiosidade] - Com o tempo, o romance floresceu entre o casal, e Dimas e Isabel começaram a namorar. Isabel , por respeito a sua mãe, não foi pra cama com o seu namorado enquanto não se casaram. Dimas, por sua vez, varava noites, observando a porta do quarto dela, ardendo em desejo pela sua amada, mas a respeitou.
Certo dia, chegou em casa e percebeu que haviam desaparecido um par de abotoaduras suas, que por sinal ele não usava, havia ganhado de seu pai, como herança, eram de ouro. Pensou que a empregada as tivesse roubado, mas essa provou sua inocência e caráter quando devolveu o dinheiro que foi propositalmente posto no bolso do paletó.
Os dois de casaram, quando isso aconteceu a mãe de Isabel já havia falecido. Quando completaram um ano de casados, foram comemorar num restaurante fino, a pedido de Isabel, claro. Quando de repente, Dimas percebeu que Isabel disfarçadamente furtava uma colherinha do restaurante, vendo isso, ele a repreendeu e pediu ao garçom para que pudessem levar a tal colher, ele logo concedeu ao seu pedido. Isso foi motivo para destruir a noite dos dois, Isabel não o olhava e jogou a colher pela janela do táxi enquanto voltavam pra casa. - Um episódio parecido já havia acontecido antes, quando eles ainda namoravam,Isabel, sem querer, pôs uma caixa de sabonetes da bolsa e ia saindo sem pagar quando uma vendedora a apontou como ladra, ela agiu normalmente alegando que achava terem sido pagos os sabonetes, saiu de lá como se nada tivesse acontecido -
Um dia, chegou na casa do casal, um primo da mãe de Isabel, o Garcia, os dois se entendiam perfeitamente, riam o dia inteiro enquanto Garcia contava seus causos, Dimas é que não gostava nem um pouco dessa relação entre os dois. O primo ficou hospedado lá, e Dimas aturou muitas coisas, até que um dia sua carteira desapareceu e ele exigiu que o Garcia fosse embora. Desse dia em diante, Isabel começou a sair, Dimas a entendia afinal, coitada, ficava só o dia inteiro e já não tinha mais a companhia do seu primo Garcia enquanto ele estava no jornal. Mas certo dia, ele saiu mais cedo de casa, e a viu numa livraria - logo ela, que não gostava de ler - furtando um livro, O primo Basílio.
Então alguns dias depois desse episódio, numa tentativa, frustrada de sentir o que Isabel sentia ao furtar, adrenalina quem sabe, tentou furtar uma edição de luxo de Dom Casmurro, colocando-a entre os jornais, mas foi pego quando um vendedor perguntou-o se queria que embrulhasse o livro,ele, que não havia percebido que o jornal não escondia por completo o livro, disse que não e pagou por ele.
O relacionamento dos dois já não era o mesmo, passavam por uma crise, - já nem dormiam no mesmo quarto - certo dia, chegou e não a encontrou em casa, já passavam de meia noite, passou pela sua cabeça que ela o havia abandonado, mas não, ela voltou, havia ido a um concerto. Segundo ela, eles tinham marcado de ir, mas ele esqueceu [ ele realmente não lembrava de muitas coisas que ela dizia]. No dia seguinte, ele chegou mais cedo em casa, imaginou que ela não estaria em casa novamente, mas ela estava. Ele estava tentando resgatar seu casamento, inclusive saíram, como a tempos não faziam, foram num barzinho e lá encontraram um casal de amigos. Foram até a casa do referido casal, para conhecer o filho deles. Lá, ele reconheceu o olhar de Isabel ao observar um objeto desejado na hora do furto, ela já estava quase pegando o objeto - um cachorro de cerâmica - quando o dono da casa, apontou o objeto, perguntou se ela o queria, mas ela recusou. Foram embora e no caminho pra casa Dimas mostrou o objeto que havia furtado, era o tal cachorro, ela ficou muito brava com ele pelo que fez e jogou o objeto no meio da rua.
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Dimas já não aguentava o clima no jornal, os colegas estavam acusando-o de pequenos furtos, ficava acordado durante a noite,irritando com o que estava acontecendo,revirando as coisas, fazendo barulho o que fez Isabel descer, ir ver o que estava acontecendo, os dois ficaram juntos naquela noite e nas outras que se seguiram, ele passou a sair mais cedo do jornal para ficar com ela.
Um outro dia, quando chegava do trabalho avisaram que a polícia teria ido atrás dele. Ele foi saber o porque de tal incomodo, foi até a delegacia com um colega de trabalho, ficou um tempo esperando do lado de fora, até que o receberam, perguntaram sobre a data 20 de março, onde ele estava às vinte e três horas daquele dia. Levou uma pancada no pescoço por não saber responder. Foi liberado logo em seguida quando uma testemunha não o reconheceu. Em casa, tentou alertar Isabel sobre o ocorrido, avisando-a que eles haviam descoberto, ela não deu importância e percebeu que ele estava ardendo em febre, começou a cuidar dele.
Saiu de casa sem que Isabel visse, ela ainda achava que ele estava doente e que deveria ficar em repouso. Nesse dia ele deixou o emprego no jornal, estava impossível conviver com aquelas pessoas o apontando o tempo todo. Dois dias após, Garcia - o primo que não era bem vindo - reapareceu, queria se despedir, estava de viagem marcada para a Europa. Estavam todos juntos, jantando quando a polícia chegou. Uma bolsa tinha sido roubada, Isabel mandou que Dimas fosse buscar, ele não tinha noção alguma do que estava acontecendo, mas encontrou a bolsa e foi preso.
Dimas, que não queria ver Isabel sozinha, esperando por ele, sugeriu que ela fosse para a Europa com o primo da sua mãe, ela acabou topando, mas nenhum dos dois embarcaram. Garcia acabou indo para os Estados Unidos e sempre mandava um cartão postal para Dimas - que quando saiu da prisão voltou para Minas - Isabel desapareceu, alguns anos depois, Dimas a encontrou em frente a uma joalheria, o que o fez lembrar tudo o que vivera com ela.
Termina o livro mais uma vez questionando o mistério de Capitu, comparando-o com o seu casamento e suas dúvidas sobre ele.
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