CristinAgata 10/07/2023
Vale a releitura
Li sem pretensão alguma. Li porque queria entender, afinal de contas, o que era a história do Fantasma da Ópera que tanto se comenta por aí. Terminei a leitura sentindo que, depois de ler apenas por diversão, vale uma releitura, vale reler e prestar atenção nos símbolos que o autor utilizou, tão ricos e que não pude perceber na minha ignorância.
O começo da história foi uma confusão. Apesar de, logo no prólogo, descobrir que o fantasma era de carne e osso, passei a primeira parte do livro quebrando a cabeça para entender como tantos eventos inexplicável poderiam ocorrer em outro mundo que não na dos espíritos. Além disso, haviam os diálogos entre Christine e Raoul extremamente cafonas que me faziam duvidar das faculdades mentais dos protagonistas, especialmente da bipolaridade de seus comportamentos. Cafonice à parte, confesso que perceber quão fluída era a construção da história e o quão belamente Gaston Leroux descreveu cenários sem ser enfadonho, foi aceito de muito bom grado. A segunda parte foi minha favorita, claro, já que é a parte que os mistérios começam a ser revelados e o fantasma vira mais "de carne e osso". Percebo que senti muitas coisas ao ler o livro que só pude explicar com palavras quando achei vídeos de análises, por sinal muito bem feitas, sobre o mesmo. O Fantasma da Ópera vai muito além de um relacionamento entre uma cantora de ópera, um moço "bonzinho" e o vilão, onde pergunta-se qual a relação mais tóxica. É uma obra cheia de símbolos, que pode ser comparada até mesmo ao mito da caverna de Platão, ou trabalhada sob o olhar da psicanálise, onde os personagens são meramente figuras da persona de Christine. De cabo a rabo, é pura arte, e é justamente por saber que não pude perceber tantas coisas nessa leitura que a vontade de reler é certamente o que mais senti quando acabei.