Às vésperas da abolição da escravatura, O Mulato (1881) é considerado o percursor brasileiro do movimento Naturalista. Nesse movimento as características da sociedade são descritas de forma analítica, quase científica. No Brasil a tese naturalista se foca nas mazelas socais sob o olhar do determinismo. Em O Mulato, o determinismo racial é a grande tese a ser provada.
O livro também expõe, entre outras análises, o descompromisso do clérigo e a sátira à antiga sociedade maranhense. Um cidadão do século XXI pode analisar com frieza os “romances teses” propostos pelos naturalistas e avaliar sua validade. Porém, o brasileiro contemporâneo que (re)visitar O Mulato entrará descrições de uma sociedade repugnantemente atual. A corrupção clerical abafada e as mortes mal investigadas nos remetem a temas atuais como: o “Inquérito papal contra os diversos casos de pedofilia” por fim sendo investigados graças ao esforço do Papa Francisco e o questionamento de “Quem matou Marielle?”. Definitivamente, O Mulato é um clássico brasileiro.
Por fim, Aluísio Azevedo nos brinda com um final que só os autores naturalistas podem nos dar: um final natural. Um final que nos choca por ser real, que acontece mais frequentemente na realidade que na literatura. Um final com a capa do padecimento, mascarado de dor. Um traje completo para o dissabor que, às vezes, a vida nos proporciona.