Sparr 19/09/2022
Não pode existir um coração para amar e outro para odiar...
Um relato de força, coragem, sangue, suor e lágrimas. Como as mulheres bem dizem, a guerra cheira a homem, mas remove qualquer identificação entre um e outro. A guerra revela o pior e o melhor, traz à tona as intensidades e esvazia...
Não é possível que alguém leia tamanhos depoimentos e ainda saia insensível ao relato.
Duas coisas me marcaram nesta leitura, tanto ou mais do que a obscuridade do apagamento das mulheres durante tal período tenebroso. Mas foi pensar em como essas mulheres, em maioria, eram apaixonadas pela pátria, pelo simbolismo do pertencimento de um lugar, e sobre como esse lugar as recebeu como se nada valessem. Medalhas não cobrem amor, medalhas não cobrem destrato, medalhas não cobrem apagamento... E elas suportaram quarenta anos ou mais, em um silêncio obediente e temeroso.
Esse livro é de uma força imensa mas não pela escrita focada, ou não somente por isso, é potente porque essas soviéticas eram força, são força, talvez todas nós sejamos assim
Esse livro é sobre a dor, em suas muitas versões, sobre a ause via de muito e mais. Um livro intenso e histórico, um ponto no mar imenso que foi a Segunda Guerra, uma parte de um massacre que, ainda hoje, têm vítimas e vítimas.
Não é possível sair de uma leitura assim, como você era antes. Não é possível virar-se e simplesmente esquecer. É me dói saber que essas mulheres ainda enfrentam situações instáveis e ruidosas, mesmo agora, depois de tanto sofrimento.