A guerra não tem rosto de mulher

A guerra não tem rosto de mulher Svetlana Aleksiévitch




Resenhas - A Guerra Não Tem Rosto De Mulher


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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 14/08/2018

Já Li
Svetlana Aleksiévitch é uma jornalista investigativa nascida na Bielorússia e é conhecida por suas obras de não-ficção. Em 2015, ela ganhou o Prêmio Nobel de Literatura com "A Guerra Não Tem Rosto de Mulher" e, desde então, tem figurado nas listas de bestseller do mundo todo. Ao longo de sua carreira como jornalista, Svetlana se especializou em recolher e consolidar depoimentos de testemunhas e ela os transforma em livros. Ela já reuniu testemunhos sobre a guerra do Afeganistão ("Zinky Boys: Vozes Soviéticas de uma Guerra Esquecida") e sobre o desastre de Chernobyl ("Vozes de Tchernóbil: A História oral do desastre nuclear").

"A Guerra Não Tem Rosto de Mulher" é um livro não-ficcional que reúne dezenas de depoimentos de mulheres soviéticas que participaram da Segunda Guerra Mundial, publicado em 2015. Muitas delas eram partisans, ou seja, eram membros de tropas irregulares que se formavam com o objetivo de resistir à invasão de um determinado país, atrapalhando a ocupação do território soviético pela Alemanha. O objetivo de Svetlana com esta obra é trazer uma "visão feminina" sobre a guerra que, via de regra, tornou-se um movimento visto predominantemente sob o ponto-de-vista masculino. Logo no início, Svetlana conta que nenhuma editora acreditava em seu projeto, pois, segundo elas (as editoras), o público queria saber apenas das batalhas e das vitórias. As editoras, claro, estavam erradas, como o sucesso da obra confirma.


O primeiro paradigma que a obra desconstrói é a noção de que toda mulher que vai para a guerra é enfermeira, e as batalhas são efetivamente travadas por homens entre homens. Svetlana se preocupou em dar maior destaque aos relatos de mulheres que fugissem do clichê de serem enfermeiras na guerra e, assim, conhecemos várias atiradoras de metralhadora, sargentos, motoristas de tanque, soldados, pilotos de artilharia antiaérea, dentre outros postos militares. Estas mulheres foram recusadas várias vezes nos alistamentos mas, depois de muita insistência, os batalhões começaram a aceitá-las. Logo no início dos treinamentos, elas já deixavam claro que estavam à altura do desempenho dos homens e que não fazia nenhuma diferença o fato delas serem mulheres.

O segundo paradigma quebrado neste livro é o de que as mulheres não são violentas e não são "feitas para matar como os soldados homens". Os depoimentos são pesadíssimos, cheios de violência, e carregados de angústia e arrependimento. Grande parte das mulheres, ao serem entrevistadas por Svetlana, já estavam na meia-idade e lembram-se de sua juventude marcada por morte e sangue. Várias delas relataram vontade de matar e ódio, ao se depararem com os inimigos. Outras tantas disseram que, na hora de assassinarem os alemães, elas nada sentiram e só depois que elas percebiam o que tinham feito.

Outro aspecto interessante que a obra traz é o pós-guerra. Para os homens, ter um histórico militar e ter combatido na Segunda Guerra Mundial é motivo de orgulho. Já para estas mulheres, o pós-guerra foi marcado por preconceito, pois as pessoas tinham medo delas: as famílias ficaram assustadas com o fato delas terem ido lutar nos campos de batalha, os homens não-militares não queriam se casar nem ter filhos com elas, os vizinhos as ignoravam e era difícil arrumar trabalho. Por isso, muitas das mulheres dos relatos acabaram constituindo família com ex-colegas de front, os únicos que pareciam compreender sua coragem e suas virtudes.

A leitura do livro, em si, pode se tornar maçante. Svetlana optou por deixar os depoimentos crus e sem edição e, além disso, ela não romantiza nenhum relato. Entendo as escolhas que a autora fez para manter a integridade e a força das biografias destas mulheres mas, por outro lado, ler citação atrás de citação começou a se tornar cansativo para mim. Acredito que ela pudesse ter agrupado os depoimentos, fornecido algumas contextualizações histórias e, até mesmo, ter se aprofundado em cada uma das mulheres escolhidas. Como são muitas mulheres, depois de um certo tempo, elas pareciam sempre a mesma pessoa.

Contudo, a estrutura da obra não tira seu valor. O livro faz juz ao Desafio 12 Grandes Livros com Grandes Mulheres, pois traz uma visão nova, relevante e surpreendente sobre o papel das mulheres na guerra. Elas são exemplos de patriotismo, força e coragem, não só por terem combatido na Segunda Guerra Mundial, como por terem aguentado as consequências de suas escolhas por toda a vida. A leitura é pesada e angustiante, mas estas mulheres merecem ser ouvidas e, por isso, recomendo muitíssimo a leitura.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com/2018/08/12glcgm-guerra-nao-tem-rosto-de-mulher.html
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Alan R 20/08/2016

Perturbador
"Sabe o que pensávamos na guerra? Sonhávamos: ‘Bom, rapazes, se sairmos vivos… Como serão felizes as pessoas depois da guerra! Como será feliz, como será bonita a vida. Essas pessoas que tanto sofreram vão ter pena umas das outras. Vão amar. Serão outras pessoas’. Não tínhamos dúvida. Nem um tiquinho.
Meu bem… As pessoas se odeiam tanto quanto antes. Matam de novo. Isso para mim é o mais incompreensível… E quem são? Nós… Somos nós…"


O livro é basicamente um apanhado de relatos de mulheres soviéticas que combateram durante a Segunda Guerra Mundial. Praticamente não lemos as próprias palavras da autora, são várias transcrições de entrevistas que ela realizou nos anos 1980. É extremamente tocante, e oferece uma visão muito diferente daquele conflito: por todas as vozes serem do lado soviético, sendo que estamos acostumados a ouvir as vozes dos Aliados ocidentais; e por todas as entrevistadas serem mulheres, com diversos passados e diversas vivências.
A leitura é muito perturbadora, tocante e viciante, deixando um aperto amargo no peito.
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Carol 13/08/2018

Ótimo livro
É uma leitura pesada, que deve ser feita aos poucos para não ficar cansativa. Para aqueles que gostam do assunto, a leitura é indispensável.
Livro muito bom, recomendo!
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Letícia @sereia_literaria 23/08/2018

Um dos melhores livros que já li!
É difícil falar desse livro. Não sei vocês, mas sempre li livros, vi filmes, documentários e artigos sobre a segunda guerra mundial, e em todas as vezes que pensei sobre guerra, vi ela como algo muito masculino, onde os homens lutavam no front e que todas as mulheres ficavam em suas casas, almejando a volta dos seus maridos. Neste livro, conheci a história real por trás dessa imagem que as ficções construíram sobre a mulher na guerra.
"Não estou escrevendo sobre a guerra, mas sobre o ser humano na guerra. Não estou escrevendo a história de uma guerra, mas a história dos sentimentos. Sou uma historiadora da alma."


Através de relatos narrados por mulheres soviéticas que lutaram na guerra, algumas como enfermeiras, francoatiradoras, comandantes e fuzileiras, fui surpreendida pela dor e beleza que o livro transmite.


"A guerra não tem rosto de mulher" não é um livro sobre relatos cujo já estamos acostumados a ver sobre a guerra, esses relatos são sobre a luta das mulheres que, tão pouco lembradas, fazem parte de uma grande história. Diferente de tudo que li, aqui eu conheci a história da guerra, e não a história da vitória. Uma guerra composta não por datas, nomes difíceis e locais, mas sim por memórias de terror e lembranças dolorosas que um dia foram realidade e que ainda corroem quem as carrega.Um dos mais emocionantes livros que já li.


"Eu mesma não me reconhecia no espelho, estava havia quatro anos usando calças. Para quem eu ia dizer que estava ferida, lesionada? Você experimenta dizer, depois quem vai lhe dar um emprego, quem vai casar com você? Ficávamos caladas feito peixes. Não confessávamos para ninguém que tínhamos lutado no front.
Depois de trinta anos começaram a nos homenagear... Convidavam para encontros... Os homens eram vencedores, heróis, noivos, a guerra era deles; já para nós, olhavam com outros olhos. Era completamente diferente. Tomaram a vitória de nós. Na surdina, trocaram pela felicidade feminina comum. Não dividiram a vitória, nem mesmo a história conosco. Isso era ofensivo... Incompreensível..."
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Bookster Pedro Pacifico 08/10/2018

A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch - Nota 9/10
Vencedora do Prêmio Nobel de literatura de 2015, Svetlana expõe nesta obra uma visão completamente esquecida da guerra: o sofrimento vivido pelas milhares de mulheres que já lutaram pelo seu país. É inegável que os livros e filmes retratam a guerra como um evento masculino, deixando para a mulher um papel secundário, de quem fica em casa aguardando o retorno - ou não! - dos homens da família. Mas Svetlana quebra esse silêncio e, por meio de diversas entrevistas com mulheres soviéticas que lutaram na 2 Guerra Mundial, traz para o público essa tão necessária versão da guerra.

São, em sua maioria, histórias de jovens que tinham vontade de defender e ser útil ao seu país. Entraram com uma imagem idealizada da guerra, mas saíram - se saíam - com marcas profundas e eternas, não só no corpo, mas nas memórias que não podem ser apagadas. Os relatos mostram as mais diversas dificuldades enfrentadas por essas mulheres que, independente do papel que desempenharam na guerra, deixaram suas famílias e cidades e foram para o campo de batalha. E o chocante é que os problemas não foram vivenciados apenas no período da guerra, como o machismo no ambiente do exército, a ausência de estrutura e equipamentos próprios para uma soldada mulher, a intensa presença da morte e a perda da própria feminilidade. Na verdade, o sofrimento foi agravado quando, apesar de vitoriosas ao final da guerra, encontraram uma sociedade repleta de preconceitos. "Quem iria se casar com uma dessas mulheres? O que elas faziam no meio de tantos homens no campo de batalhas?” Essa mentalidade passou a ser o novo inimigo dessas corajosas mulheres.
Ou seja, a obra de Svetlana é uma leitura essencial e perturbadora, com a inegável capacidade de mudar a visão do leitor sobre a guerra. Não há como terminar a leitura sem se solidarizar por esses relatos que por tanto tempo foram reprimidos.

Uma dica: recomendo que essa leitura seja feita aos poucos e em paralelo com algum romance mais linear. Isso porque o livro traz um grande número de relatos, todos com uma mesma temática e que, ao final, podem cansar o leitor.

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Yana Pina 17/07/2018

A guerra não tem rosto de mulher
Não consegui ler todo. Não tenho tanto estômago pra ler tudo isso de uma vez. Talvez um dia eu termine...
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juliagrilo 06/07/2018

acho que nada que eu disser contemplará a magnitude do livro. sei lá. não me sinto capaz.
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Andressa C. 03/07/2018

Brutal.
Ao longo da história, esta era majoritariamente narrada por homens. Era uma história mais factual, que priorizava os grandes e os grandes nomes. Com isso, o discurso das pessoas comuns e, principalmente, das minorias eram marginalizados. Ou seja, a mulher não tinha voz na história, pois era considerada, por muito tempo, - e ainda o é em alguns países -, inferior ao homem.

Hoje muito se discute sobre a necessidade de se conhecer e ouvir os testemunhos das mulheres, pois estas são seres ativos da história, e não meras coadjuvantes, como a muito tentou se afirmar.

Nesse livro, Svetlana Aleksiévitch traz narrativas reais de mulheres que vivenciaram a guerra em seus mais distintos aspectos, sendo estas enfermeiras, francoatiradoras, pilotos etc; mostrando toda a brutalidade e desumanização que uma guerra pode causar. As mulheres, ao relatar sobre a guerra, não tentam torná-la mais palpável ou heroica, pois, para elas, o mais importante são as pequenezas e até mesmo os momentos em que encontram uma faísca de humanidade em meio ao caos.
No entanto, não deixam de apontar o quão destrutiva a guerra foi, não só por ter matado milhares de pessoas, mas pelo fato de deixar cicatrizes incuráveis na alma dos que ainda permanecem vivos.
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Gabrielle831 17/11/2024

Leitura necessária
Eu estava namorando esse livro há tempos. Li algumas resenhas e comentários sobre ele, me preparei para lê-lo.
O livro é triste, não vou mentir, mas é necessário.
Eu não tinha noção da força de tantas mulheres que lutaram na segunda guerra. Eu, ignorante, não imagina que mulheres lutaram na guerra, seja no front, nas enfermarias improvisadas, na cozinha, na lavanderia.
Sempre admirei o povo russo, estou, aos poucos, conhecendo mais sobre esse país tão rico através da sua literatura. Depois desse livro, minha admiração é imensa.
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Tamara 19/02/2017

Obs: os trechos entre aspas são quots (trechos, sem spoilers), do livro.

"O ser humano é maior do que a guerra...
A memória guarda justamente os momentos em que ele foi maior. Ali, ele é guiado por algo mais forte do que a história. Preciso pegar o que é mais amplo — escrever a verdade sobre a vida e a morte em geral, e não só a verdade sobre a guerra. Fazer a pergunta de Dostoiévski: o quanto há de humano no ser humano, e como proteger esse humano em si? Sem dúvida, o mal é tentador. Ele é mais hábil do que o bem. Mais atraente. Mergulho cada vez mais fundo no infinito mundo da guerra, todo o resto perde um pouco das cores, torna-se mais comum do que o comum. Um mundo grandioso e feroz. Entendo agora a solidão da pessoa que volta de lá. É como se viesse de outro planeta ou do além. Ela tem o conhecimento de algo que os outros não têm, e só é possível conquistá-lo ali, perto da morte. Quando tenta transformar isso em palavras, tem a sensação de uma catástrofe. A pessoa se cala. Ela quer contar, o resto queria entender, mas estão todos impotentes."

Quando pensamos em guerra, principalmente na segunda guerra mundial, pensamos em homens corajosos, que deram seu sangue e sua vida por seus países. Homens que saíram de suas casas, deixaram suas mães, esposas, filhas e irmãs em casa, chorando e lamentando suas partidas, e imersas em uma longa espera. Porém, não foi bem assim. Na Rússia, no exército vermelho, muitas mulheres, querendo lutar de forma igual com seus homens, foram para a linha de frente, e tiveram papel fundamental e decisivo em cada uma das batalhas. Muitas eram apenas meninas, que deveriam estar na escola, outras, eram mães que tiveram de deixar seus bebês para trás, mas ali, lutando por seu país, eram uma só, com um só desejo, o de ajudar naquilo que fosse possível. Elas trabalharam como padeiras, enfermeiras, comunicadoras, mas também foram soldados, tanquistas e sargentos.

"... Em junho de 1943, na batalha de Kursk, confiaram a nós o estandarte do regimento, e o nosso, o 129º Regimento Especial de Comunicações do 65º Exército, era composto em 80% por mulheres. E é isso o que eu quero falar, para que você imagine... Para que entenda... O que se criou em nossa alma, o tipo de pessoa que éramos na época, nunca mais vai existir. Nunca! Tão inocentes de tão sinceras. Com tamanha fé! Quando nosso comandante recebeu o estandarte e deu a ordem: ‘Regimento, sob o estandarte! De joelhos!’, todos nos sentimos felizes. Pareceu-nos uma prova de confiança, agora éramos um regimento como todos os outros: de tanques, de artilharia. Ficamos ali chorando, todos tínhamos lágrimas nos olhos. Você não vai acreditar agora, mas todo meu organismo fica tenso de emoção; minha doença — eu estava com cegueira noturna por subnutrição, por esgotamento nervoso —, pois então, minha cegueira noturna desapareceu. Entende? No dia seguinte eu estava curada, eu me curei, tanta foi a comoção da minha alma...”

Porém, assim que voltaram, feridas física e emocionalmente, essas mulheres foram obrigadas a esquecer, como se aquilo já não mais fizesse parte delas. Tiveram de voltar a ser mulheres, como se exigia na época, tiveram de ser donas de casa, mães, esposas, e tiveram de abafar essa parte tão importante de seu passado, e ainda, muito tempo depois, enquanto davam suas entrevistas para o livro, muitas delas não se sentiam a vontade em falar daquilo, ou seus maridos não lhes permitiam. Foram mulheres que viram o inimaginável, conviveram com a dor e a perda de perto e merecem, tanto quanto os homens, mérito, por terem feito parte dessa luta e por terem vencido e voltado vivas para casa para darem continuidade às suas vidas, mesmo que uma parte de si tenha ficado para trás no processo.

“Se havia amor na guerra? Havia! E as mulheres que encontramos lá são esposas maravilhosas. Amigas fiéis. As pessoas que se casaram na guerra são as mais felizes, os casais mais felizes. Nós também nos apaixonamos no front. Em meio a fogo e morte. É um vínculo sólido. Não vou negar que também teve outras coisas, porque foi uma guerra longa, muitos de nós estivemos na guerra. Mas me lembro mais do que é luminoso. Nobre.
Me tornei alguém melhor na guerra... Sem dúvida! Me tornei uma pessoa melhor lá porque havia muito sofrimento. Vi muito sofrimento, e eu mesmo sofri muito. Lá, logo se descarta o que é secundário na vida, o que é supérfluo. Você entende isso..."

nessa reportagem tocante e sensível, Svetlana Aleksievitch conseguiu capitar a essência de cada mulher, abordar seus maiores medos, suas fraquezas e também suas boas lembranças, e as reuniu, em um livro que mais parece um álbum de recortes, onde podemos compreender e entender um pouquinho de cada uma daquelas mulheres e podemos de certa maneira homenageá-las ao conhecermos suas histórias.

"O gravador registra as palavras, conserva a entonação... As pausas. O choro e o embaraço. Entendo que quando uma pessoa está falando acontece algo maior do que o que fica no papel depois. Lamento o tempo todo por não poder “gravar” os olhos, as mãos. A vida delas na época da conversa, a vida pessoal. Separada. Seus “textos”."





Assim que foram lançados os livros de Svetlana Aleksievitch aqui no Brasil, imediatamente fiquei com vontade de lê-los, pois percebi que a autora traz reportagens sobre acontecimentos intensos e tocantes que aconteceram no passado e dá voz para as pessoas que estiveram neles, além de ter uma curiosidade forte em como seria a sua escrita, uma vez que ela foi a ganhadora do prêmio Nobel de literatura de 2015. Porém, adiei a leitura por algum tempo, por ter certo receio da complexidade que poderia encontrar ali, mas dia desses, com vontade de ler sobre a segunda guerra, seu livro foi minha primeira opção de leitura, e então o comecei. Assim que iniciei a leitura, encontrei alguns relatos bastante fragmentados, que a princípio me pareceram estranhos, mas imaginei que aquilo era apenas uma introdução, uma amostra pequena do que encontraríamos a seguir na leitura, e que ela passaria a adotar uma escrita mais continuada. Porém, a medida que fui evoluindo no livro, fui ficando fascinada e tocada por cada um dos relatos, mas também percebi, com espanto, que aquele seria o modo de narração de todo o livro, sendo que ela trazia o fragmento do relato de uma mulher, logo em seguida trazia o de outra e assim por diante e isso fez com que a leitura, apesar de positiva, tivesse um certo gosto de decepção para mim, pois acabei vendo o livro como um enorme quebra cabeças, sendo cada relato ali uma pecinha diferente e única, que se encaixam para formar um panorama geral. Mas por esses relatos serem muitos, acabei não fixando nenhum na mente, e ao final do livro, tinha poucas lembranças muito específicas do que havia lido, e tinha apenas um vislumbre geral de todo o ocorrido.

O ponto mais positivo da obra para mim, foi o fato de a autora capitar a essência de cada uma daquelas mulheres, enquanto ela se sentava em suas salas e cozinhas, e conversava com elas sem amarras, sem receios, e lhes perguntava as coisas mais difíceis de elas lembrarem, mas coisas que fizeram parte de suas vidas, e ela mesma, sendo uma mulher, levou cada uma daquelas mulheres a se abrirem com sinceridade. Também, falando-se de sinceridade, achei bacana a preocupação da autora, que ela nos menciona no livro, de selecionar relatos que lhe parecessem muito fieis, sem qualquer um que parecesse fantasioso ou não verídico.

Porém, como já mencionei, as narrações curtas de cada mulher, trazendo então muitas para comporem o livro, me pareceram um álbum de recortes, ou um quebra-cabeças, e isso me prejudicou na fixação do conteúdo, pois, por exemplo, quando estamos em um lugar, e vemos muitos rostos, não gravamos todos, apenas alguns nos marcam e ficam, os outros, apesar de importantes, acabam sendo perdidos no turbilhão de nossas mentes, e é exatamente o que aconteceu nesse livro, embora cada relato seja tão emocionante que eu gostaria de guardá-los, um por um na minha memória. Também, o fato de os nomes russos serem bastante diferentes, acaba não contribuindo para que nos lembremos deles com tanta facilidade.

O livro traz uma grande diversidade de "personagens da vida real", desde aquelas que queriam ir para a guerra, até aquelas que não queriam ir e foram obrigadas pelas circunstâncias e nos mostra aquelas que encontraram, durante a guerra, tempo para o amor, para a amizade, e principalmente para a solidariedade humana, que não tem limites e em tempos de maior necessidade fica ainda mais perceptível.

A narração da obra é em primeira pessoa, onde podemos acompanhar os relatos de cada mulher. O livro é dividido em capítulos, com diversos temas, e dentro desses capítulos existem diversos relatos. Além disso minha leitura foi realizada em ebook e não encontrei erros.
Recomendo o livro para aqueles que gostam de livros com um tom de reportagem, e também para quem gosta de acompanhar relatos sobre o tema segunda guerra e sobre heroínas e humanidade.

site: Resenha postada originalmente em: http://rillismo.blogspot.com.br/2017/02/resenha-guerra-nao-tem-rosto-de-mulher.html
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Luanna @pausaparalivros 24/05/2017

Magnífico
Que livro, que mulheres, que história!!!!
Não consigo descrever o quão maravilhoso esse livro é. Leiam! Apenas leiam!
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Prof. Angélica Zanin 24/05/2017

Mulheres no Front
A escritora ucraniana ganhadora do Nobel de literatura Svetlana Aleksiévitch entrevista mulheres russas que defenderam seu país na 2a guerra mundial. São relatos de mulheres que participaram do confronto mais sangrento da história atirando, matando, salvando, odiando, amando, mas não se trata de histórias da guerra, essas mulheres falam de seus sentimentos de perda, de força e de sobrevivência ao caos. "A Guerra Não Tem Rosto de Mulher", nem de homens, muito menos de crianças, todos perdem, e a vitória é uma ilusão. São experiências que nos enriquecem enquanto leitores, enquanto mulheres, mas, principalmente, enquanto seres humanos. Relatos diversos desde a jovem que se casou com um vestido branco feito de ataduras, até o translado quase impossível do corpo de um capitão muito amado cuja companheira queria vê-lo sepultado em sua terra natal. Exemplos de força que reiteram que não podemos jamais nos acovardar diante do rótulo de sexo frágil. Narrativa triste, forte e intensa. Uma delas deixou pichado nos muros do Reichstag - parlamento alemão em Berlim "Uma garota russa de Sarátov venceu vocês".
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Tiago 22/06/2017

CAMINHOS DE FERRO
A guerra floreia o horizonte das possibilidades, pois vive-se o presente com tamanha intensidade que pensar no futuro se torna um alivio. A historia da “grande guerra patriótica” não é a historia do comunismo, do socialismo ou do stalinismo, pois a realidade da guerra anulou o elemento critico do povo soviético frente a seus valores ideológicos.

“A guerra não tem rosto de mulher”, obra da bielorrussa Svetlana Aleksievitch, chegou ao Brasil com uma forte publicidade que vendia a imagem de uma obra predominantemente trágica. De fato o texto possui um tom dramático bem pronunciado, no entanto, existe uma alternância entre momentos mais densos e outros mais palatáveis ao leitor menos familiarizado como a crueza tradicional de narrativas do gênero. Existem sim momentos de alivio cômico, mas esses momentos não são tão evidentes. É um humor mais contido. O leitor deve saber onde buscar esse humor. É aquela velha história: “seria cômico se não fosse trágico.”

O grande mérito de Svetlana foi conseguir organizar uma obra com ritmo narrativo lento sem que isso sacrifica-se a intensidade do texto. É uma obra que possui um vigor absurdo e natural.
Quem já se habituou a escrita de Svetlana sabe que em suas obras o elemento humano predomina. É por meio da intercalação de dramas particulares que ela constrói um quadro mais amplo de determinado evento. O que ela trás de inovador é a ausência do olhar patriótico e glamoroso com o qual tradicionalmente têm se tratado o tema da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sobretudo por Hollywood.

Esse típico olhar, eu diria romantizado da guerra, não existe aqui. A abordagem de Svetlana é muito mais brutal muito mais realista. Ela opta por um estilo narrativo que explora a forma como os eventos foram assimilados pelos sobreviventes sem se importar muito com o rigor da narrativa histórica. Como ela mesma escreveu logo em seu primeiro capitulo “o ser humano é maior do que a guerra.”

O conflito adquire uma dimensão própria por meio da ótica feminina. Tudo fica muito mais subjetivo e, por conseguinte, muito mais intenso. É uma nova imagem do conflito ainda mais brutal do que aquela destilada pela ótica masculina insensível aos dramas pessoais e escrava do sensacionalismo patriótico. A adaptação das mulheres a um ambiente naturalmente hostil ao seu sexo foi descrita pela autora de forma genérica, mas ainda assim cativante.

“A guerra não tem rosto de mulher” é uma obra impressionante do inicio ao fim e que nos mostra que em uma guerra cada um busca meios próprios de justificar sua brutalidade. É um texto duro, intenso e em muitos momentos difícil de ler. Em determinados momentos me peguei refletindo sobre como retratar um povo que sobreviveu a tamanha brutalidade. Antigas imagens do período soviético me vieram à mente é subitamente compreendi que o melhor símbolo para aquele povo é a locomotiva: pois tanto um quanto o outro percorreram caminhos de ferro.

AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO


site: http://cafe-musain.blogspot.com.br/2017/06/caminhos-de-ferro.html
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Fellipe 12/07/2017

Excelente leitura!
Ao contrátio dos diversos livros publicados sobre a segunda guerra, sob o ponto de vista masculino, nesta obra a escritora traz relatos femininos sobre a guerra. Os relatos trazem o ponto de vista de mães, esposas, amantes e filhas sobre a guerra. A guerra aqui é vista do ponto de vista feminino e expressa as dores daquelas que estiveram no front e de outras tantas que direta ou indiretamente participaram dessa fase da história. Uma leitura pesada, que toca a alma do leitor. Mas super recomendada!
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Rafael 16/07/2017

Um livro sobre a Guerra de verdade
Uma obra maravilhosa que se divide em partes para contar as diversas histórias verídicas sobre mulheres que participaram da guerra. Do antes até o pós. Extremamente rico. Eu chorei. Um dos poucos livros que mostra a guerra crua. O único defeito é que como os relatos são fatiados muitas vezes para falar em etapas sobre cada assunto, a história fica um pouco cansativa e você se perde entre os nomes dos personagens.
Mas é uma obra maravilhosa! LEIA! É O TIPO DE LIVRO QUE NOS MUDA
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