Dani Ferraz 02/06/2021
"Um investigador precisa de fatos, não de lendas e rumores..."
Lendas, rumores, suspeitos e até um toque de sobrenatural podem ser encontrados em "O cão dos Baskerville", mais uma obra-prima de Doyle. Um romance policial ambientado em Dartmoor na Inglaterra, local imerso em muitas lendas, pesadelos e maldições, como a maldição dos Baskerville que perpetuava algumas gerações e tem sua história voltada à tona com a morte de Sir Charles o membro da família que residia na mansão.
O mais interessante é que a história é quase toda narrada por Watson que possui uma importância vital para a trama. Sherlock Holmes é chamado por Dr. Mortimer – médico e amigo de Sir Charles - para desvendar mais este mistério. Ele articula as ações iniciais junto com seu amigo e é claro elucida com toda esperteza que lhe é peculiar o seu desfecho, embora ele próprio julgue ser um dos casos mais difíceis de ser desvendado, seja pela questão do sobrenatural, com o cão aparentemente demoníaco que assombra o solar ou pela ampla gama de suspeitos que rodeiam o futuro herdeiro da família Baskerville que é chamado às pressas após a morte de seu tio para habitar o local. Dr. Watson se mostra mais ativo nesta história, e inclusive somos levado a pensar que o perigo que o assola é iminente quando Holmes solicita que ele acompanhe Sir Henry até a sua nova morada, porém é a onipresença de Holmes que nos deixa seguros sobre as ações dos perseguidos e dos perseguidores.
Mais uma história de tirar o fôlego tanto com a descrição do ambiente fúnebre no qual a mansão está inserida quanto na lenda do cão possuído que aparece após um dos ancestrais dos Baskerville raptar uma moça e lhe atribuir um trágico final. Ficamos a espreita página a página do ataque, o mal nos amedronta sem que possamos vê-lo, é uma história que precisa de um detetive ou de está mais propensa à bruxaria? O que nos assusta é o emaranhado sinistro e os ruídos na charneca a noite onde nenhum homem ousaria atravessar, local onde Sir Charles e o homem com as vestes do herdeiro foram encontrados mortos. Sir Henry estaria muito mais seguro em Londres... "o que é claramente conhecido aterroriza menos que o apenas insinuado e imaginado".