Kath 19/10/2018
Engenhoso e enigmático
O cão dos Baskerville conta a história de uma estranha maldição que assola essa família por causa da inescrupulosidade de Hugo Baskerville. A culminância veio com a misteriosa morte de Charles Baskerville — provavelmente de terror — e Sherlock Holmes se vê com um dos casos mais difíceis de sua carreira até então. Watson é encarregado de acompanhar Henry Baskerville, herdeiro da fortuna, até o solar onde o tio morreu e onde ele residirá.
Enquanto Holmes permanece em Londres, as peças de um confuso e misterioso quebra-cabeças é montada por sua mente brilhante. Um assassino astuto, um cão infernal, a lógica no meio de uma trama com ares sobrenaturais. Henry Baskerville se vê diante de um grande perigo com um assassinato meticulosamente armado envolvendo um herdeiro desconhecido, uma senhorita com identidade falsa e outra senhora com um passado complicado.
Confesso que esse livro me prendeu bem mais que Um Estudo em Vermelho, não apenas pela complexidade do caso envolvido, mas pela forma como os acontecimentos se deram, mesmo sabendo que Holmes encontraria uma lógica científica para tudo que acontecera, o fato de existir mesmo um cão, além de toda a engenhosidade com que o enredo foi programado, me deram um delicioso deleite e belos momentos de pura tensão. Ao contrário dos livros de Agatha, Doyle não nos dá muito espaço para “investigar” uma vez que Watson é um narrador observador e nunca está totalmente inteirado dos planos do amigo, ao passo que Hastings sempre está por dentro da engenhosidade de Poirot e, boa parte das vezes, os narradores dos livros de Christie nos tornam parte da investigação oferecendo pistas de todos os possíveis caminhos para o desfecho mesmo quando o narrador é o próprio plot twist. Ainda assim, o método utilizado por Holmes, a engenhosidade das tramas formadas por Doyle e a narrativa sólida de Watson nos envolve de uma forma que apenas os clássicos são capazes. Recomendo!