Marcone 17/07/2016Filosofia do cotidianoLuiz Felipe Pondé é um filósofo que assume com todas as letras: “De fato, existe um componente niilista no meu pensamento”. Em seu novo livro, ele oferece uma “espécie de história da filosofia”, onde toca em temas como metafísica, moral, ética, hedonismo etc. A ideia é oferecer um repertório básico de filosofia, para que o leitor possa, a partir daí, “pensar com sua própria cabeça”, como diz o subtítulo do livro.
Para explicar os temas, o autor percorre a história da filosofia, de Platão a Nietzsche. “Uma das coisas importantes em filosofia, é a gratidão para com todos os que pensaram antes de você, ainda que você discorde deles. O mundo seria um tédio pior ainda se não existissem aqueles com os quais discordo”.
Longe de ser apenas um “dicionário de filosofia”, seu novo livro oferece mais uma agenda para o contemporâneo, com a habitual prática do autor em levar a filosofia ao grande público, num texto direto e simples, lapidado semanalmente por sua atividade como colunista da Folha de S.P.
“A vida é bela, violenta e imunda”. Para encarar todo o ceticismo presente no livro, o leitor vai precisar de uma boa dose de coragem, que como diz Pondé, não salvará a sua vida, mas o fará se sentir mais vivo! “Construímos um mundo muito complexo em sua organização, mas continuamos a ser o animal acuado da pré-história”.
Na parte final do livro, uma crítica feroz ao mundo atual e “seus ridículos fantasmas de sucesso”. Em meio a uma brutal desconstrução das utopias, uma frase dispara: “o mundo é uma merda e sempre foi”. Uma agenda para o contemporâneo é um ato de coragem - daí uma “filosofia para corajosos”.
E por quê? Porque “alguns de nós, que não desistimos do fardo animal de nossa consciência, apontaremos o dedo indicador em direção ao horizonte, acreditando que pensar, trabalhar, falar e escrever ainda são as melhores formas de resistir ao nosso abandono na Terra”.