Gabriele Sachinski 11/10/2016
Resenha do Blog Entre páginas e Sonhos
Atenção! Esta resenha contém spoilers de “Jogando xadrez com os anjos”!
Em Jogando xadrez com os anjos, Anny descobre que não está mais sozinha no mundo e que tem uma irmã mais nova que mora com seus avós paternos aqui no Brasil e vai embora da Inglaterra, buscando reencontrá-los. Em Dançando com as Borboletas, Anny, agora com 80 anos, nos conta como foi esse reencontro e como ela conheceu novos anjos em seu novo lar.
Quando Anny chegou ao Brasil em busca de sua família, mais precisamente na cidade litorânea de Santos, deparou-se com mais uma perda: seu avô Breno havia falecido. Sobrara, então, sua avó Dayse e sua irmã, Mariza, que a receberam de braços abertos e com muitas saudades.
A chegada de Anny foi uma espécie de tábua de salvação para Mariza, que parecia não saber lidar bem com as perdas, velhas companheiras de Anny. Aos poucos, uma linda amizade vai crescendo entre as irmãs e Anny vai se familiarizando com o novo cenário e com o novo idioma.
No volume anterior, ficamos sabendo do desejo que Anny tinha de ser dançarina. Ao contar desse seu sonho para sua avó, Anny é encorajada a correr atrás do que quer. Sem saber como começar, mas sabendo que não desistirá da dança, Anny arruma um emprego como professora de inglês e começa a estudar aqui no Brasil. Depois de terminar seus estudos, Anny dedica-se a perseguir seu sonho.
Em um teste para o Balé de Santos, Anny encantou a todos com sua leveza e graciosidade e foi aceita na companhia, na qual, por décadas, fez grande sucesso. Foi em uma de suas apresentações que ela conheceu Túlio, que viria a ser seu grande amor e também um dos anjos que cruzaria seu caminho.
Anny e Túlio vivem seu amor e, por milagre – já que os médicos diziam ser impossível ela ser mãe –, têm uma filha, Brenda. Pouco sabemos dela na história, visto que ela foi embora sem explicações, partindo o coraçãozinho puro e delicado de sua mãe.
Antes ou depois de perder a filha (o livro não deixa claro), Anny perdeu sua avó Dayse e, por consequência, sua irmã que se afastou de vez, preferindo isolar-se a lidar com seu luto. Mais tarde, Túlio também partiu para a eternidade. Nossa dançarina sofreu com essas perdas, mas continuou em pé, com um sorriso no rosto e no coração, ciente da efemeridade da vida aqui na Terra e acreditando que um dia reencontraria seus anjos, aonde quer que fosse.
Mais uma vez sozinha, Anny tenta lidar com a solidão. É nesse momento que mais um anjo, Miguel, aparece em sua vida.
“Ela sempre pensara que, após uma vida repleta de aprendizados, e também de muitas alegrias, seu coração já havia encontrado todos os motivos pelos quais sorrir. Estava enganada. Sempre é possível sorrir de uma forma nova. E foi exatamente o que aconteceu naquele instante.” (pág. 284)
Anny continua sonhando com o Reino Xadrez, mas os sonhos não são tão bons. Neles, o rei Jeferson grita incessantemente e nossa pequena rainha sai em busca de seu rei, para protegê-lo do que quer que o esteja assustando. Nessa busca, ela aprenderá ainda mais sobre si mesma e sobre sua força interior.
A narrativa mescla presente e passado, alternando entre primeira e terceira pessoas, já que ficamos conhecendo grande parte dos acontecimentos por meio das cartas que a solitária Anny escreve ao seu fiel cavalheiro, Pepeu. A capa está uma graça, com a pequena Anny ainda criança, nos cativando antes mesmo de começarmos a ler sua história. As páginas são brancas e a diagramação está primorosa, seguindo o padrão do volume anterior.
Essa é uma história emocionante de perdas, superações, anjos, bondade e humildade, que me prendeu do começo ao fim, fez meu coração se apertar e se alegrar com essa linda protagonista e, algumas vezes, me levou lágrimas aos olhos. Além de tudo isso, me mostrou que mesmo que o céu esteja sombrio, sempre haverá uma borboleta azul dançando ao vento para nos lembrar do maravilhoso milagre da vida.
Recomendo!
site: http://www.entrepaginasesonhos.com.br/2016/09/resenha-do-livro-dancando-com-as.html