Letícia 15/02/2023
Melhor livro do ano (até agora)
Esse livro é o primeiro de cinco sobre a vida de Tomas Ripley. Nascido em uma família desfuncional, ele articula, manipula, mente e dá golpes para conseguir dinheiro e se tornar alguém importante. Numa dessas oportunidades, ele é enviado à Itália para convencer Dickie Greenleaf, o filho de um ricaço, a abandonar a vida boêmia e assumir os negócios da família. Enquanto constrói uma amizade com o playboy, Ripley desenvolve uma obsessão doentia por seu estilo de vida.
O que precisa ser dito é que esse personagem é icônico. Considerado um dos primeiros sociopatas protagonistas da literatura, a frieza e a complexidade de Ripley encontram no leitor um misto de sentimentos. Devemos torcer por ele? Odiá-lo? Sentir pena? Se é ele quem está contando a história, não resta dúvidas que sua narrativa é enviesada.
O mais interessante foi ver a própria confusão do personagem ao lidar com seu sentimentos. Em determinado momento, enquanto planeja um ato altamente reprovável, o que passa pela cabeça dele é "(...) Mas Tom poderia golpeá-lo, saltar sobre ele, ou beijá-lo, ou atirá-lo na água (...)". Há muito mais do que frieza presente em suas ações; aliás, ele se mostra um homem com emoções voláteis e intensas, e seu maior medo parece ser de que alguém o veja por trás de qualquer máscara que ele esteja usando no momento.
O desfecho da história é maravilhoso e agridoce. Destaco aqui que o personagem sente culpa, medo, e será perseguido por seus próprios atos durante muito tempo. Eu me pergunto até quando ele vai se importar com esses sentimentos, que, por incrível que pareça, refrearam muitas das suas vontandes até então. Considerando que existem mais quatro livros sobre o personagem, acredito que ele ficará cada vez mais desalmado, até se transformar de fato em um psicopata.