Camila1856 03/04/2022
Supreendente e radiante.
Radiante: queria dizer 'sorridente e cintilante', que foi como me senti durante a leitura.
Como o autor mesmo disse, precisava existir um livro sobre crianças transgênero! George tem apenas 10 anos e para ela é muito mais difícil fingir ser um garoto, quando consegue interpretar a aranha Charlotte na peça de sua escola, finalmente se sente viva. Como é possível alguém dirigir olhares de nojo a uma criança se expressando? Bom, sabemos que é uma realidade, mas embora o mundo não seja sempre bom com pessoas que são diferentes, vemos como pessoas gentis podem transformar toda uma experiência.
A leveza com a qual o tema é abordado é cativante, de fácil entendimento, e também por ser um livro curtinho creio que seria ideal para discutir com crianças dessa faixa etária, para ensinar respeito às diferenças,, compreensão e acolhimento. Kelly é uma criança adorável, e inclusive me fez pensar sobre como as crianças são capazes de simplificar temas que nos parecem tão complexos.
“Quer saber? Se você acha que é menina… Então eu também acho que você é menina!”
Fiquei apreensiva em diversos momentos, é uma discussão tão necessária, dá pra refletir sobre como especialmente na educação infantil os rótulos de gênero são tão fortes, as brincadeiras são divididas, filas divididas, cores exclusivas, espaços onde deveria haver convívio mútuo separados entre meninos/meninas. Se senti falta de algo foi aprofundamento nos tais “valentões” da turma, crianças também podem ser cruéis, claro.
Os capítulos finais permitiram um suspiro de esperança, li sorrindo, é lindo de presenciar a alegria de duas amigas, duas crianças, se divertindo, e Melissa podendo por alguns instantes ser ela mesma, com a ingenuidade presente nas crianças, embora elas já saibam como o mundo pode ser, vale a pena ler.