Brubs² 27/09/2024
"Compaixão era algo reservado a climas mais amenos"
Esse livro é, ao mesmo tempo, fundamental e desconfortável. Sob o ponto de vista de um animal que enfrenta tanta crueldade, você consegue, desde a primeira página, saber que não será uma leitura leve.
Todo capítulo tinha uma mescla incomparável de expectativas com angústia, raiva, tristeza e frustração. É injusto, revoltante, mas crescemos junto com Buck em sua narrativa cada vez mais árdua.
Como o livro é narrado por um cachorro, temos muito mais de sua perspectiva literal sobre as situações, dores e sentimentos. Com poucos diálogos (os que importavam para Buck), a narrativa segue bem descritiva e imersiva, o que pode ser um problema para pessoas com sensibilidade à violência animal, já que o autor não economiza palavras para detalhar cada golpe sofrido.
Descobri que "The Call of The Wild" foi publicado pela primeira vez em 1903 e me surpreendi por ter realmente me envolvido tanto numa narrativa com escrita tão antiga - mas, infelizmente, com um conteúdo ainda muito atual.
É desconfortável, difícil, forte e doloroso. Mas também é reflexivo, transformador e com um final que faz juz à constante transformação e amadurecimento (mesmo que forçado e extremamente cruel) do Buck - o lobo fantasma.