spoiler visualizarRobin Pecci 08/03/2024
O Amor Move o Sol e as Estrelas
Uma leitura que foi reflexiva e demorada. É uma versão mais simples da Divina Comédia e perfeita para aqueles que não são maduros o suficiente para a leitura do original. Não se perde muito dos sentidos e reflexões do livro original, mas perde muito da glória poética que a escrita de Dante carrega. Acredito que essa falta de poesia foi o que mais me incomodou, não existe muito da métrica usada por Dante em sua obra, e isso me gerou um incomodo, principalmente no Paraíso é possível perceber partes em que a adaptação é porca e mal feita, onde existe uma grande repetição de palavras e uma perca total do ritmo, é algo que se você ler com um pouco de atenção já identifica.
O INFERNO
É a apresentação de tudo, existem muito elementos interessantes e instigantes, acredito que quando comecei a ler estava muito alheia desse mundo e ao longo dos livros fui amadurecendo, por isso, não tive tantas reflexões nesse começo, talvez seja por causa do livro ou por causa de minha mentalidade.
Acredito que a coisa mais interessante desse livro é identificar os castigos e o porque de serem como são. Em meio a obra, existiu a menção a uma lenda comentando sobre a lenda de Ugolino e a Torre da Fome, foi a parte que mais me chamou atenção no livro inteiro.
O PURGATÓRIO
Pelo menos para mim, houve uma grande evolução do Inferno para o Purgatório. É uma leitura mais dinâmica e rápida, parece funcionar de uma melhor forma. Em meio aos três livros, esse foi o que me trouxe mais reflexões, especialmente no fim, onde a questão de o que é o amor começou a surgir.
O PARAÍSO
Não irei mentir, foi o que teve mais capítulos chatos, talvez pela alta quantidade de referências históricas feitas, mas também porque se baseava sempre no livre arbítrio, mas o mesmo livro dita várias coisas que refutam a idéia do maior presente de Deus para a humanidade foi o ato de ser livre, pois ao longo dos contos, várias vezes o mesmo Deus retira esse presente de diversas formas, chegando até o momento de se você ser você, é um pecado, e é necessário se arrepender. Mais ao final do livro, começa a se falar muito sobre o Amor Primordial de Cristo, sendo um assunto muito interessante algumas vezes, mas em outras se torna algo já tão comentado que cansa.
COMPREENSÃO
Muito do que eu retiro da leitura vem a partir de alguns conceitos:
O Amor Primordial - O Homem nasce bom, destinado a só se aproximar cada vez mais de Deus, mas o amor pelo material sempre toma conta.
Além disso, muito se diz do julgamento divino ser incorruptível, mas em muitos momentos é extremamente questionável, deixando bons serem punidos somente por não ter fé ou semelhanças.
"No passado, a guerra se fazia com espadas;
Mas agora, se faz negando aqui e ali,
O pão, que o pai compassivo não nega a ninguém."
É algo direcionado aos tempos de Dante, mas mesmo assim, se encaixa em nossa sociedade atual, é algo que somente me marcou e queria compartilhar por ainda sim, ser uma forma de matar as pessoas, de uma forma ainda mais cruel que com espadas.
"Outros, enquanto ainda falam como bebês,
Amam e respeitam sua mãe; e quando a fala é perfeita,
Logo desejam vê-la em seu túmulo."
Novamente é a violência de nossa sociedade transcrita em versos, o ódio dos seres se transmitindo até sua própria família, atingido até os de seu próprio sangue. É o ódio contra sua própria criadora que muitas pessoas pecadoras se encontram. É um verso marcante e doloroso.