Matteus5 08/03/2024
Um passado de um futuro caído
Este livro me pegou mais do que eu esperava. Ele retrata coisas complicadas para os dias atuais, visto as crescentes mudanças que nos afligem e que podem acarretar num momento aterrador
Em "a máquina do tempo", H. G. Wells retrata um cientista inovador, que, com sua descoberta mirabolante, experimenta viajar para um futuro distante no ano de 802701. Lá ele se depara com um mundo completamente diferente do esperado: uma terra com uma natureza vasta e criaturas ? que circundam na linha da ignorância ? infantis e diferentes. A razão humana foi destruída, tudo que sobrou foram dois possíveis descendentes da espécie: Os Eloi, seres rosados, pequenos e rechonchudos; e os Morlocks, seres do subsolo, carnívoros e, aparentemente, predadores do Elois.
Ao meu ver, o livro, nesse espaço narrativo, faz uma crítica ao modo de vida capitalista, visto que faz a separação entre os Morlocks e os Elois de maneira a separar Burgueses e Proletários. Mas, a corrente é mais profunda e mais complexa; os Morlocks aparentam ter uma espécie de consciência daquilo que fazem e, em contrapartida do Eloi, possuem uma racionalidade mais difundida. Há alguns mistérios que o livro deixa em aberto, como exemplo das máquinas as quais os Morlocks coordenam, a esfinge branca, como aqueles seres se formaram, o que realmente aconteceu com a humanidade e com os demais animais, em virtude de existirem apenas aquelas duas espécies no mundo.
No entanto, aquilo que mais expressa um sentido forte de angústia na obra é o final. O viajante do tempo vai a uma era além da concepção humana, o fim do sistema solar. Aquele sentimento de fragilidade e de efemeridade permeia esse final e, atrelado à fala do narrador, isso colapsa: "[...] O futuro é escuro e vazio, é uma ignorância vasta [...]". Assim, o livro difunde aquele sentimento maldito de inconstância e dor, atenuadas pelo medo do futuro e pela falta de consciência no presente.
Em síntese: Uma obra espetacular, porém, que deixa muito a pensar.