Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 05/09/2016
JÁ LI
É impossível falar de ficção-científica sem mencionar H. G. Wells e sua obra. Autor de livros geniais como "O Homem Invisível" e "Guerra dos Mundos", mostra como ele foi visionário e idealista em sua época, lá no fim do distante século XIX.
"A Máquina do Tempo", escrito em 1895, me chamou a atenção por falar sobre viagem no tempo. É um assunto que me fascina desde criança e ,depois de Doctor Who, fiquei ainda mais intrigada. Por isso, queria saber o que Wells tinha imaginado para este tema tão legal. Diz-se que este é o primeiro livro da história da literatura a propor uma máquina que permita uma viagem no tempo controlada e consciente, como se esta máquina fosse a ancestral da T.A.R.D.I.S.
O livro todo abarca uma reunião entre intelectuais na casa do Viajante do Tempo, que é o anfitrião deste encontro. As personagens deste livro não possuem nomes próprios, e são nomeados como Psicólogo, o Prefeito Provincial, o Médico e assim por diante. O intuito da reunião é o Viajante do Tempo provar para sua platéia descrente de que ele conseguiu, sim, viajar no tempo.
A reunião começa com o Viajante do Tempo chegando atrasado, esfomeado, sujo e rasgado, misteriosamente silencioso sobre as experiências que o deixaram naquele estado. Pouco depois, ele leva seus convidados à uma sala e resolve contar, em detalhes, o que aconteceu enquanto viajava pelo distantíssimo ano de 802.701. O livro é curto e bastante sucinto, portanto, tentarei não dar grandes spoilers sobre a estória.
Quando chega neste futuro, ele se depara com um mundo completamente diferente do que ele imaginou. O Viajante esperava encontrar uma sociedade altamente tecnológica e desenvolvida, super avançada em todos os setores, mas, na realidade, encontra uma raça humana amorfa e sem inteligência que me lembrou os TeleTubbies. Wells descreve a raça humana do futuro como pessoas pequenas e sem sexo definido, sem uma comunicação verbal relevante, fracas e desprotegidas e completamente alienadas. A explicação que o Viajante encontra é que, com o tempo, o ser humano eliminou todas as ameaças de sua vida - fome, doença, guerras, temperaturas excessivas - tornando a raça humana preguiçosa e burra. Além disso, a paisagem do lugar não muda: é um jardim lindo, com flores e frutas exóticas. Não teve como não pensar nos TeleTubbies!
Depois de muitas tentativas frustrantes de comunicação, ele descobre que esta raça chama-se Eloi. Porém, o Viajante logo se vê diante de um problema muito maior: alguém roubou sua Máquina do Tempo e ele não consegue voltar para sua própria época. Como o leitor, de antemão, já sabe que ele conseguiu reaver a Máquina (por causa do início do livro), fica a curiosidade de como ele conseguiu fazer isso e quem a roubou. Aliás, a tal Máquina é aquela ali da foto da capa do post, que apareceu em um episódio de The Big Bang Theory.
Para mim, o que mais vincula o leitor à estória é nos vermos e nos sentirmos na pele do Viajante do Tempo. Wells não fornece um detalhamento profundo sobre o futuro porque ele descreve as cenas do ponto-de-vista do Viajante, e este também não sabe e tampouco entende o que está acontecendo ali. Com isso, o leitor compartilha de todas as suas dúvidas, medos, anseios e indecisões, e descobre o mundo junto com o protagonista. Como leitores, só nos resta pensar e ponderar junto com o Viajante, na tentativa de encontrar respostas. Achei isso bastante interessante.
H. G. Wells já foi descrito como um "Júlio Verne científico" e acho que faz sentido. Ele mistura aventura, ação e ciência de um jeito bastante intrigante, principalmente se lembrarmos a época em que ele vivia - tão distante das nossas descobertas tecnológicas e científicas. Sem dúvidas, é um autor que merece a atenção.
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