naniedias 07/03/2011A Máquina do Tempo, de H.G. WellsO Viajante no Tempo é uma figura cuja credibilidade não é lá grandes coisas... Ainda assim, seus amigos ficam impressionados quando ele começa a falar sobre a Quarta Dimensão - o Tempo - que assim como as outras três seriam de aspecto geométrico. E pelas características por ele descrita, seria fácil e possível passear pelo tempo como passeamos por outras dimensões. Assim, naquele primeiro encontro ele apresenta aos amigos um pequeno protótipo de sua máquina, que já encontra-se quase pronta em seu laboratório.
"Parece-me claro - disse o Viajante no Tempo - que qualquer objeto real deve se estender em quatro direções: ele deve ter Altura, Largura, Espessura e... Duração. [...] Não existe diferença entre o Tempo e qualquer das outras três dimensões do Espaço."
Na semana seguinte, alguns convidados comparece a um jantar em sua casa e ficam surpresos pelo atraso do próprio anfitrião. Mas não mais intrigados do que ao vê-lo - chegando mancando, com roupas rasgadas, enfim, uma aparência de mendigo.
E aí que o Viajante no Tempo começa a contar o relato de sua fantástica viagem no tempo, quando ele pôde conhecer o ano de 802.701 - um futuro muito diferente do que ele poderia esperar.
"[...] Toda a temeridade da minha viagem se fez presente no meu espírito. O que poderia aparecer ali quando aquela cortina de névoa desaparecesse? O que teria acontecido aos homens daquele tempo? E se a crueldade tivesse se transformado num culto entre eles? E se naquele intervalo de tempo a nossa raça tivesse perdido sua aparência humana e se transformado em algo inumano, hostil e esmagadoramente poderoso? Talvez eu parecesse a eles um animal selvagem de um mundo remoto [...]"
Nesse futuro ele vê que a humanidade está em um patamar de evolução inesperado...
O que eu achei do livro:
Eu gostei bastante do livro, embora tenha que admitir que não deveria ter lido o que Verne achava de Wells. Devo ressaltar que sou grande fã de Julio Verne e, portanto, sua afirmação de que Wells não era um grande escritor e que sua história era apenas invencionice sem fundamentos mexeu um pouco comigo. Mas, afinal de contas, o que não é uma história de ficção científica do que invencionice... É fato que Verne - assim como tantos outros - baseavam suas invencionices em fatos e tornavam suas histórias não apenas críveis como, muitas vezes, uma profecia do que estava por vir. Mas, ainda que a Máquina do Tempo seja pura invencionice, é um livro divertido.
Wells não se dá ao trabalho de descrever quanto tempo o Viajante no Tempo levou para criar a sua máquina, nem o princípio da máquina. Em momento algum diz como a invenção funciona, que tipo de energia utiliza e nem ao menos dá uma descrição de sua aparência. O foco da narrativa é completamente a história da humanidade que o viajante encontra no futuro.
Eu posso estar muito errado, vendo pelo em ovo, mas vejo que Wells, de forma velada, critica a sociedade da época (e de nossos tempos, pois o que mudou, nesse sentido, não foi para melhor) e sua hierarquia: ricos X pobres.
A sociedade do futuro não é bem descrita, tampouco, principalmente porque o viajante tem dificuldades de comunicação e passa a maior parte do tempo preocupado. Achei esse fato muito realista, já que os seres do futuro, conforme descritos por Wells, não dariam explicações decentes à ninguém.
Não posso negar que senti falta de algumas explicações e que, em alguns momentos, achei o texto um pouco enfadonho. Entretanto, também não posso deixar de falar que achei bastante intrigante a história tal como foi contada e que fiquei maravilhada pelas descrições do futuro imaginado pelo autor. Vale ressaltar também que o protagonista viajou muito anos no futuro - mais de oitocentos mil - e, portanto, o livro mostra uma realidade completamente diferente do que vemos aqui hoje.
A escrita de Wells é muito simples o que, de fato, me surpreendeu bastante. Confesso que esperava algo um pouco mais elaborado, tal Verne ou Doyle. Todavia, a leitura foi agradável!
Enfim, termino essa resenha deixando-os tão confusos quanto eu fiquei. Ao mesmo tempo que tive uma leitura muito deleitável, também não foi tão boa quanto eu gostaria que tivesse sido. Mas, vale ressaltar, valeu muito a pena! Sinto-me uma nerd mais realizada agora que conheço, pessoalmente, a história da famigerada Máquina do Tempo.
Nota: 7
Dificuldade de Leitura: 7
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